Exclusivo
30 de jan. de 2014
A nova revolução industrial: impressão 3D é sucesso na moda
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30 de jan. de 2014
A prioridade do consumidor no século XXI é a redefinição dos sistemas de consumo e das formas de trabalho. Cada vez mais, os clientes esperam conseguir o que querem, quando querem, com base em suas opiniões formadas a respeito das marcas e do setor retalhista. Os consumidores acompanham as empresas para se lhes conectarem em todas as suas manifestações, e a compreensão de que as realidades virtuais são tão reais quanto os tradicionais pontos de conctato talvez seja a questão fundamental a ser assimilada pelos fabricantes neste século.
A forma de adquirir produtos está a mudar e, cada vez mais, a aquisição desenvolve-se não a partir da compra. Ou seja, as indústrias deverão estar conscientes de que o seu papel na equação do consumo está em mutação.
Ao invés de usuários finais passivos, os consumidores tornam-se fabricantes e o “faça você mesmo” é uma linha em franco desenvolvimento que não tem mais volta. Além disso, os consumidores estão a desafiar as noções aceitas de obsolescência programada e a cadeia de produção tradicional.
Acessórios para cadarços são facilmente imprimíveis em 3D e podem tornar-se uma ferramenta eficiente numa campanha de difusão da marca, por estampar o logo. Além de o espaço virtual permitir que as pessoas compartilhem bens duráveis com seus amigos pelo nível de confiança, as empresas vão ter de encontrar o seu caminho para oferecer cada vez mais credibilidade ao consumidor e proporcionar-lhe meios de interagir com as marcas, participando do processo produtivo.
A nova estratégia de envolvimento do cliente deve ser menos como uma campanha de marketing e vendas e mais como uma amizade a ser desenvolvida com base nas necessidades interdependentes e respeito mútuo.
Para entender o comportamento dos consumidores em 2014 é preciso analisar a grande transformação em seus anseios, nas necessidades e estilos de vida, que vem ocorrendo velozmente nos últimos anos.
IMPRESSÕES EM 3D
Os investidores estão a apostar que as impressoras 3D domésticas vão tornar-se tão populares quanto as impressoras a jato de tinta ou laser de hoje, e a criação de uma cultura de fabricantes, ao invés de consumidores compradores, está a instalar-se a passos largos.
Segundo pesquisas, num primeiro momento, laboratórios serão criados para impressões, buscando diluir o custo dos equipamentos, o que ainda é um obstáculo para o público em geral, uma vez que hoje estes são acessíveis apenas para empresas ou entidades especializadas. Contudo, quando chegarem ao grande público, as impressoras 3D revolucionarão a nossa forma de consumo. Deixaremos de ser consumidores passivos para nos tornarmos produtores.
As impressoras 3D são máquinas compactas, que poderão criar versões tridimensionais, de plástico, de objetos como bolsas, calçados e acessórios, como bijuterias, capas de telemóvel etc.
A MakerBot é a empresa pioneira e líder no mercado da impressão 3D. Já vendeu mais de 25 mil destes equipamentos desde que foi fundada, em 2009, e o negócio está avaliado em US$ 403 milhões. O site thingiverse.com reúne pessoas interessadas em compartilhar os seus modelos 3D e permite fazer download e upload de modelos gratuitamente.
No Brasil, empresas como a Garagem FabLab, uma espécie de oficina com máquinas de corte a laser, fresadoras de madeira e impressoras 3D, foi aberta, recentemente, no Centro de São Paulo e, paralelamente a suas atividades comerciais, a empresa tem projetos para ensinar interessados a manipular o maquinário e os softwares de desenho 3D. A ideia já deu espaço para a formação dos “hackerspaces”, espaços comunitários gratuitos para interessados em tecnologia trocarem informações e realizarem projetos como o Garoa, também em São Paulo.
O conceito de FabLab (abreviação em inglês para laboratório de fabricação) nasceu no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e foi o responsável pela criação de cerca de 200 laboratórios deste tipo pelo mundo. O objetivo é massificar o uso da fabricação digital e estimular a inovação. O FabLab pioneiro no Brasil foi instalado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Sendo assim, um novo compasso econômico mundial está a ser criado com o uso de tecnologias livres e baratas: o surgimento de uma economia colaborativa, com consumidores emergindo como autossuficientes e com uma confiança cada vez maior em relação ao seu lugar no mundo. E uma nova mentalidade precisa desenvolver-se em um ritmo muito rápido nas empresas para poder acompanhar esta nova realidade. Uma nova revolução industrial precisa ser pensada com urgência.
Cristina Sant’Anna é consultora, palestrante e ministra cursos nas áreas de design, marketing de moda e estratégias de posicionamento e imagem das marcas. Conduz workshops sobre tendências de moda e comportamento de consumo nos segmentos têxtil e de acessórios. É docente nos cursos de graduação e pós-graduação do Istituto Europeu di Design. Realiza pesquisa de tendências em âmbito internacional há mais de duas décadas.
Fotos: Divulgação
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