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4 de nov. de 2013
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Alex Vanneste: “Nossas marcas vão ter de seduzir os Chineses com o material”

Publicado em
4 de nov. de 2013

O amor dos Chineses pelas marcas ocidentais levou muitas empresas a adentrarem no Império do Meio. Não obstante, no momento em que uma nova geração de consumidores se distancia das grandes marcas, em nome da busca por estilo, essas mesmas etiquetas vão ter de mudar seu discurso, especialmente para destacar a qualidade de seu material.

É o que ressalta o Belga Alex Vanneste, presidente da empresa Secrets of linen Jos Vanneste, o qual percorre a Ásia há mais de 15 anos. Depois de ter assistido à mutação da China, de país produtor para mercado de consumo, é em outros países da região que ele percebe as premissas de uma transição semelhante.

FashionMag: Você começa a perceber a manifestação da maturidade dos consumidores chineses, já anunciada há um bom tempo?
Alex Vanneste: Hoje, com todas as informações que recebe, o consumidor chinês volta pouco a pouco às origens: encontrar materiais nobres e que lhe agradem. Por enquanto, os Chineses ainda estão a buscar as marcas ocidentais. E, por isso, essas marcas vêem logicamente a China como seu futuro. Mas, apesar disso, as direções dessas mesmas marcas sentem que, em breve, vão ter de desenvolver um discurso sobre este elemento de base que é a qualidade dos materiais. O que vai oferecer-lhes de passagem uma melhora em sua imagem. No final, a associação marca e material vai acabar ganhando o coração dos Chineses, como foi o caso com os Japoneses. As marcas ocidentais vão ter de seduzir com o material.

FM: A evolução vista na China nos últimos anos está a espalhar-se para outros países da Ásia?
AV: Quando se fala do mercado asiático, é preciso levar em conta a especificidade da Índia. Um indiano compra seu tecido e, em seguida, manda fazer sua camisa pelo preço que pagaria na Massimo Duti ou Zara. É um dos poucos países no mundo onde as coisas ainda acontecem assim. Por sua vez, a China já absorveu os códigos ocidentais. E parece-me que os consumidores chineses ainda precisarão ser “guiados” assim. Além do mais, os chineses começam a exceder algumas normas tradicionais, por exemplo, com o uso de casaco de lã ou de camisas de poliéster. Mas, se a China é bastante promissora, na verdade, o mesmo ocorre nos países vizinhos.

FM: É por isso que agora as marcas têm todo o interesse de investir nesses outros países?
AV: Hoje, estamos a explorar o Bangladesh, bem como o Laos e o Camboja, para a produção em massa. Mas tudo pode ocorrer muito rápido: para se convencer disso, basta observar a grande evolução pela qual passou a China em apenas quinze anos. Hoje, parece que os próximos países consumidores serão os “outros produtores”, como a Indonésia, na esteira da China, ou a Tailândia, que continua sendo influenciada pela Índia. Sem deixar de lado o Bangladesh, é claro, mesmo que, por enquanto, o país continue sofrendo uma desaceleração em relação à região.

FM: Você pensa que, com isso, toda a Ásia vai se voltar para sua própria demanda, criando novas zonas produtoras?
AV: Em longo prazo, fica claro que o mercado de nossos filhos será a África. Pois já há ali esta vontade de desenvolver uma indústria ligada ao nosso setor. Entretanto, não há governos, nem infraestruturas que permitiriam que o continente abraçasse seu futuro. E, ainda ali, depois de ter desenvolvido sua produção, o continente vai se tornar um mercado de consumo. Ou seja, é o último continente a ser explorado por meio da exploração comercial.

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