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Estela Ataíde
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4 de jul. de 2018
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Alta Costura: as visões contrastantes de Iris van Herpen e Romance Was Born

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
4 de jul. de 2018

Na segunda-feira, 2 de julho, a temporada de alta costura parisiense testemunhou dois momentos de moda radicalmente diferentes: a visão orgânica e high-tech da holandesa Iris van Herpen e o maximalismo desfasado da marca australiana Romance Was Born. Ponto em comum: a determinação inflexível em dar vida às suas visões altamente contrastantes e mostrá-las em Paris, diante do público de moda mais exigente do mundo.


Iris van Herpen - outono-inverno 2018 - Alta Costura - Paris - © PixelFormula


 Iris van Herpen foi a primeira a apresentar-se, com as suas aves do paraíso high-tech, sedutoras formas de insetos e sublimes vestidos de folhos transparentes, que pareciam tecidos pela deusa grega Penélope e não simplesmente costurados à mão. Maravilhosas misturas de plumagens técnicas e membranas, culminando num belo look de pavão orgulhoso que provocou uma enorme exclamação de surpresa por parte do público presente num antigo teatro em Clichy.

Van Herpen batizou a sua coleção de Syntopia, ou encontro entre biologia e tecnologia - uma ideia ilustrada pela maioria dos looks deste desfile verdadeiramente notável, encenado sob uma asa de vidro de 15 metros que voou acima do público.

A criadora holandesa associou-se aos artistas Lonneke Gordijn e Ralph Nauta, transformando as suas esculturas imersivas em moda usável e espetacular. Resultado: roupas high-tech em camadas, como as penas de um pássaro. Vestidos em camadas de organza transparente ou lãs pintadas, desenvolvendo todo um novo vocabulário de moda. Uma verdadeira lufada de ar fresco.

Quatro horas depois, a casa de moda australiana mais inventiva deste século, Romance Was Born, estreou-se em Paris no campo de basquetebol de um campus universitário. A coleção, intitulada Step Into Paradise (entre no paraíso), foi descrita como sendo “mais ou menos” alta costura pela marca com sede em Sydney. As roupas feitas à mão fazem referência à história australiana, aos seus clubes de praia, às suas dançarinas e à cultura aborígene, sem esquecer as imagens luxuriantes de fauna e flora.


Romance was born - outono-inverno 2018 - Alta Costura - Paris - © PixelFormula


Jenny Kee, artista e designer ítalo-chinesa nascida em Bondi Beach, uma maxi-maximalista, se os houver, influenciou muito a coleção, como comprovam os slogans gráficos, as referências a Bondi, as franjas com borlas, as cacatuas bordadas... Cada modelo trazia na cabeça uma plumagem multicolorida, como águias carregadas de joias que nunca regressam ao seu poleiro. “Uma parada fascinante de poderosas ninfas e duendes”, previa corretamente o programa distribuído aos convidados.

O emblema favorito do Feiticeiro de Oz, a telópea, apareceu em casacos deformados, sweaters de mohair gigantescas em tons de flores tropicais e capas dignas de uma imperatriz asteca - ou de uma princesa australiana.

Desde a sua fundação, a Romance Was Born tem vindo a desenvolver uma visão fantasiosa da Austrália, inventando um passado épico. Este desfile foi um exemplo perfeito do poder da mente humana para revelar toda uma iconografia mítica em torno do seu “jovem” país.

"Toda a gente nos disse que quando se vem a Paris não se deve tentar fazer tudo à maneira francesa, mas ser fiel a si mesmo”, disse Luke Sales, fundador e sócio, com Anna Plunkett, da marca australiana. E que bem sucedidos que foram. 

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