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Agência LUSA
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6 de nov. de 2013
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Criadores de renome mundial desafiados a expor em Lisboa trabalhos em cortiça

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Agência LUSA
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6 de nov. de 2013

Lisboa – Dez arquitetos e designers de renome mundial, alguns dos quais nunca tinham visto cortiça, expõem a partir de quinta-feira as suas criações com suporte neste produto na "Metamorphosis", patente nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos.

Nessa lista de criadores incluem-se Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Alejandro Aravena, a dupla Herzog & de Meuron, Amanda Levete, João Luís Carrilho da Graça, Manuel Aires Mateus, James Irvine, Jasper Morrison e Naoto Fukasawa – que na criação desses novos produtos e peças utilitárias exploraram também o mote "No Borders / Sem Fronteiras" da Experimenta de 2013.


Guta Moura Guedes, diretora da bienal, explicou à Lusa que a aposta na cortiça resulta da sua "componente de grande sustentabilidade ambiental", dado que, sendo essa uma característica "decisiva no século XXI", se justifica "a exploração de novos limites na sua relação com outros materiais e estruturas".

Convidados a acompanhar o processo de recolha da casca de sobreiro e o seu tratamento industrial, os criadores envolvidos no projeto foram "seduzidos pelas características desse material e, durante três anos, entregaram-se com total liberdade à exploração das suas potencialidades".

Desse processo resultou o que Guta Moura Guedes descreve como "um conjunto de obras vanguardistas, inovadoras", que se apresentam ao público no "cenário único dos claustros dos Jerónimos", porque, depois de restaurados, esses passaram a exibir "uma tonalidade próxima da da cortiça, revelando-se perfeitos para a exposição". "Mas tudo foi concebido de forma a evitar que a mostra pudesse considerar-se intrusiva", garante a diretora da ExperimentaDesign. "A estrutura onde estão colocadas as peças é constituída por espelhos que vão refletir os próprios claustros, metamorfoseando o espaço em si mesmo".

Da exposição consta um kit de dois objetos multifunções concebidos pela britânica Amanda Levete, para quem uma das principais vantagens dessa matéria-prima é a de implicar "zero-desperdício, na medida em que a cortiça é totalmente reciclável, o que proporciona ao designer a liberdade de explorar diferentes geometrias". Foi essa autonomia, aliás, que lhe permitiu "explorar a leveza da cortiça e enfatizar o leque de tonalidades das suas variações cromáticas, sem adição de pigmentos naturais".


Já para o japonês Naoto Fukasawa, que nunca trabalhara com esse material antes, a participação na "Metamorphosis" expressa-se num banco que "leva as pessoas a quererem tocar-lhe e deitar-se nele". "A cortiça é um material muito tátil, que não é frio ao toque e tem uma suavidade moderada, amigável", afirma o designer de produto. "Por isso procurei uma forma que traduzisse essas sensações, combinando-as com a compreensão das características do material".

Carlos de Jesus, da Corticeira Amorim, recordou que a pesquisa nesse domínio já teve uma anterior materialização em 2011, com o lançamento da coleção "Materia", mas vem-se alargando também ao universo da arquitetura porque, em conjunto com o design, essas são "as áreas mais propícias à divulgação das potencialidades da cortiça de uma forma esteticamente mais apelativa".

Para o responsável da Amorim, é convidando profissionais e artistas a manusearem a casca de sobreiro em contexto criativo real que se muda a cultura produtiva das próximas décadas. "Alguns destes criadores conceberam duas peças para a exposição quando só pedimos uma e isso é sintomático de quanto a cortiça os surpreendeu com as suas qualidades intrínsecas", conclui.

Fotos: Divulgação

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