20 de set. de 2018
Diretor-executivo da ABVTEX fala sobre como a alta do dólar tem impactado o varejo
20 de set. de 2018
A alta do dólar, cotado a mais de R$ 4 desde o fim de agosto, atingiu em cheio o varejo de vestuário. Segundo Edmundo Lima, diretor-executivo da ABVTEX, que representa grandes redes como Renner, C&A, Riachuelo, Marisa e Zara, a desvalorização do real afeta duplamente o setor. Em entrevista ao Fashion Network, ele explica os motivos desse impacto e como os lojistas podem se proteger. Confira o bate-papo a seguir:
FASHION NETWORK: Como a alta do dólar tem impactado no mercado de vestuário brasileiro?
Edmundo Lima: A volatilidade cambial do dólar traz insegurança para o mercado varejista em termos de planejamento futuro em relação às coleções. Ela impacta diretamente nas mercadorias que estão sendo recebidas neste momento para a coleção primavera/verão e vendas de fim de ano. Neste sentido, tem um impacto que não foi planejado lá trás, quando essas coleções foram compradas, afetando diretamente as margens dos lojistas uma vez que o mercado não tem condições de absorver reajuste de preço. E ela afeta diretamente as compras futuras. Então o próprio desenvolvimento da próxima coleção primavera/verão fica impactada com esta volatilidade porque o varejista fica sem saber com que dólar trabalhar. Os efeitos são bastante maléficos tanto para o momento atual de recebimento das mercadorias e venda da primavera/verão quanto para o planejamento das coleções futuras.
O que o varejo pode ou tem feito para driblar essa desvalorização do real?
Edmundo Lima: A variação cambial não tem muito como driblar. Há alguns mecanismos de segurança como rever a participação do produto importado no seu mix como também estabelecer ferramentas de head cambial para proteção de contratos que você tenha firmado tendo como base a moeda dólar. Você pode também estabelecer cartas de crédito que prevejam algum impacto dessa natureza na relação comercial com o fornecedor.
O cenário da desvalorização do real tende a piorar, tendo em vista as eleições?
Edmundo Lima: A gente não tem expectativa de piora. Compreendemos a instabilidade cambial neste momento de indefinição política, de grande incerteza quanto a quem será eleito. Mas a gente espera que, com a definição, a gente volte a patamares de dólar que estavam sendo praticados antes da crise.
Apesar desse indicador, como a entidade prevê os resultados de 2018?
Edmundo Lima: Estamos tendo um ano bastante desafiador em termos de vendas. A gente não faz prognósticos em termos de resultado, mas a expectativa dos varejistas é que você tenha um 2018 pelo menos igual a 2017.
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