Emporio Armani: mais do que um mero desfile, um comício de apoio à moda

Por

Godfrey Deeny

Traduzido por
Estela Ataíde

Publicado em
21 de set. de 2018

Georgio Armani ocupou o aeroporto de Linate para o mais recente desfile Emporio, uma ode apaixonada a Milão, a sua cidade adotiva, num grande evento seguido de um concerto de Robbie Williams, na perfumada noite de quinta-feira.

"Boarding" (embarque) foi o título do desfile, anunciado em todo o aeroporto e também no centro de Milão. Armani já havia ocupado todas as janelas do grandes armazéns Rinascente, os principais da cidade, preenchendo cada janela com uma seleção de produtos Boarding, apresentados sob várias partes da fuselagem de um  avião.
 
O enorme logótipo branco em forma de águia da Emporio Armani, que pende sobre o hangar principal do aeroporto de Linate, é um verdadeiro marco da cidade há um quarto de século, símbolo emblemático do status de Milão como a verdadeira capital da moda italiana. Ainda que os seus 2.500 convidados entrassem no edifício provavelmente pela primeira vez.

No interior, uma passarela lacada de preto e quatro fossos encastrados, contendo as centenas de fãs que haviam conquistado o seu convite através de um concurso. Muitos deles usavam t-shirts da coleção cápsula Boarding, à venda desde 13 de setembro.
 
Numa elaborada encenação, os convidados tiveram que apresentar o seu bilhete nos balcões de embarque, onde 40 belos funcionários italianos validaram a sua partida.
 
Num desfile incoerente, Georgio Armani passou em revista as várias fases atravessadas pela Emporio, possivelmente a mais bem sucedida linha de difusão de qualquer grande designer na história da moda.

O criador dedicou bastante tempo às suas não-cores históricas: cimento, azul-marinho desbotado, líquen gasto e até massa pouco cozida. Armani continua a ser um mestre da alfaiataria, e os seus tailleurs com cortes lânguidos, as suas calças de linho herring bone e os seus mini-blazers eram fabulosos para os homens.
 
Mas, para a noite, Armani explorou em profundidade os tons pastéis fluorescentes característicos de muitas peças da Emporio Armani nos últimos tempos. Estas cores do arco-íris, tão bonitas no céu. Usando nylon, lantejoulas e plumas para criar uma gama sexy de vestidos de noite para mulher.

"Desde que coloquei o meu nome neste edifício pela primeira vez, eu tinha em mente a ideia de fazer um desfile. Os aeroportos são símbolos importantes, representam um mundo sem fronteiras, e é nisso que eu também acredito", explicou o designer bronzeado.
 
Tratou-se, acima de tudo, de uma declaração de amor de Georgio Armani por Milão, para onde foi pela primeira vez como estudante de medicina, em 1953. Um ecrã gigante mostrou um avião a descolar de Linate e a sobrevoar Milão, misturado com o logótipo da águia da Emporio. Belos italianos sorridentes e imagens soberbas da cidade à noite, especialmente o Duomo iluminado, em toda a sua glória. Como banda sonora, "What a wonderful world", de Louis Armstrong.
 
Quase parecia um comício político, com ecrãs luminosos, logótipos e enormes fossos enormes cheios de fãs a aplaudir. Mas, para o final, Armani fez uma saudação muito modesta, numa escuridão quase completa. O seu cabelo cinza e brilhante mal se distinguia. O aplauso, por outro lado, foi ensurdecedor.
 
Os milaneses adoram, sem dúvida, este criador. O que faz sentido. Ninguém trabalhou mais do que Georgio Armani para promover esta cidade como centro de excelência em matéria de moda e design.