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Novello Dariella
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18 de set. de 2018
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Erdem: cross-dressing vitoriano para a época atual

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
18 de set. de 2018

A excentricidade britânica é admirável, bem como a determinação de algumas pessoas em serem diferentes. E foi isso que a Erdem quis mostrar no seu desfile, realizado na manhã de segunda-feira (18), na National Portrait Gallery de Londres. A apresentação lembrou a todos por que o Reino Unido será sempre uma grande fonte de moda criativa.



Nesta temporada, Erdem Moralioglu, estilista turco-canadiano, inspirou-se em dois dos mais célebres travestis vitorianos de Londres, Frederick Park e Ernest Boulton, que foram presos em 1870 por “conspirar e incitar as pessoas a cometerem um crime antinatural”, enquanto se vestiam como os seus alter egos femininos, Fanny e Stella.
 
Um lembrete oportuno para a geração dos millennials, que tem orgulho em quebrar as definições do masculino e feminino e em derrubar os códigos morais limitadores dos seus pais, de que a luta pela liberdade sexual tem vindo a acontecer há muito tempo.

O resultado foi um tremendo espetáculo, fundindo tecidos vitorianos e silhuetas em belas roupas novas: dos vestidos estampados marcantes com ombros largos aos casacos e fatos, estes com calças e blazers bem largos.
 
Muitos looks referenciaram mulheres que se vestem como homens; como um soberbo fato de lã de príncipe de Gales, onde o casaco era alongado com seis botões e as calças eram delicadamente flare. A maioria dos looks foi complementada com grandes chapéus de palha envoltos em chiffon preto e renda, tornando difícil descobrir o sexo exato do modelo.
 
“O meu parceiro e eu mudámo-nos para uma casa numa praça em Bloomsbury recentemente e do outro lado da rua havia a placa para Park e Boulton e tudo começou a partir disso. Os dois interessaram-se pelo teatro e pela vida noturna de Londres. E passei o verão a estudá-los em toda a sua glória e escuridão”, explicou Erdem.


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Ironicamente, apoiados por amigos poderosos, Park e Boulton foram rapidamente absolvidos dos seus “crimes”. E, subsequentemente, continuaram a viver as suas vidas atuando como imitadores femininos, parte de uma multidão diversificada de artistas, artistas e boémios que adoravam vestir-se para celebrar a sua auto-expressão.
 
“Eu estava obcecado por essa ideia de pessoas que se vestiam como queriam numa época muito conservadora. Fundamentalmente esse era o tema. Por isso é que tivemos uma grande dúvida moral, se pedíamos aos rapazes do desfile que depilassem as suas pernas”, brincou Erdem antes de ser elogiado por Amanda Harlech e Kristin Scott Thomas.

“Quando os descobri, fiquei fascinado por mulheres que se vestiam como homens. E eu questionava-me: caso estivessem vivos hoje, morariam em King's Cros? Usariam roupas neon e vivas? Teriam sido muuuito cool?", disse Erdem, diante de pinturas a óleo gigantes, de momentos-chave na democracia britânica, desde a primeira reunião do parlamento após a Grande Reforma de 1832 até à votação de Westminster para o fim da escravidão.
 
A moda como metáfora dos nossos tempos e da nossa história moral.

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