Agência LUSA
15 de set. de 2017
Gaza exporta roupa para mercados israelitas pela primeira vez numa década
Agência LUSA
15 de set. de 2017
Empresas têxteis da Faixa de Gaza estão a exportar roupa para mercados israelitas pela primeira vez numa década, anunciaram os fabricantes que esperam agora reavivar as relações comerciais do setor.
Até 6.000 peças de vestuário foram enviadas na terça-feira pela empresa Unipal, da Faixa de Gaza, através da passagem fronteiriça de Kerem Shalom, utilizada apenas para tráfego de mercadorias, disse à agência noticiosa espanhola Efe o presidente, Bashir Al Bawab.
“É o segundo camião carregado de roupa que se exporta a partir da Faixa de Gaza para Israel em duas semanas. É a primeira vez que exportamos peças de vestuário fabricadas em Gaza desde 2007”, afirmou.
Al Bawab garantiu que foi acordada a exportação de um carregamento de roupa por semana, manifestando-se confiante de que “o processo continue e ajude a melhorar a deteriorada economia e a diminuir as elevadas taxas de desemprego no enclave”.
A primeira remessa seguiu em 29 de agosto e incluía 3.500 peças de vestuário, seguindo a decisão israelita, de há menos de dois anos, de permitir a comercialização dos produtos das fábricas de costura de Gaza no mercado da Cisjordânia.
No ano passado, alguns dos envios que chegaram até território palestiniano foram transferidos para mercados israelitas, pelo que esta mudança é “positiva”, avaliou o presidente da Federação da Indústria de Roupa e Têxteis de Gaza, Tayseer Al Oustaz.
“Desde 2007, nenhum envio de roupa foi transferido diretamente para o mercado israelita. Era enviado para o mercado da Cisjordânia e levado depois aos comerciantes israelitas, pelo que exigimos que se facilite a transferência destes produtos”, disse Al Oustaz à Efe.
Cerca de 25 fábricas começaram a trabalhar e estão prontas para vender os seus têxteis de modo a reativar o setor que antes de 2000 empregava 36 mil trabalhadores e movia 1.500 camiões por mês.
A Faixa de Gaza, governada pelo movimento de resistência islâmica Hamas, travou desde 2007 três guerras com Israel e, desde então, está sujeita a rigorosos bloqueios impostos por Israel e pelo Egito.
Mais de dois terços dos habitantes da Faixa de Gaza dependem de ajuda humanitária para sobreviver.
No final do mês passado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o levantamento do bloqueio israelita e egípcio à Faixa de Gaza, território que enfrenta “uma das crises humanitárias mais dramáticas” que afirmou ter visto.
“É importante abrir as fronteiras”, frisou Guterres, que realizou, em agosto, a primeira visita aos territórios palestinianos e a Israel desde que assumiu funções, em janeiro.
DM (MDR) // EJ
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