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Portugal Textil
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3 de out. de 2018
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Homens entre o básico e o luxo

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Portugal Textil
Publicado em
3 de out. de 2018

Redefinindo o intervalo entre os extremos, o menswear para a primavera-verão 2020 antevê o futuro com um olhar artístico onde o vestuário masculino se adapta ao homem moderno.


Em tempos difíceis, básicos perfeitos são vitais. De acordo com o WGSN, há uma oportunidade para que produtores e marcas se descolem da concorrência ao fazerem gamas de entrada de preço que se destaquem, elevando os básicos para conquistar os consumidores finais. Retalhistas como a Uniqlo, com as suas coleções cápsula com designers como Christophe Lemaire, Jonathan Anderson e Thomas Maier, estão a comprovar que há apetite por produtos básicos mas um nível acima – são exclusivos e originais. Nos EUA, as práticas de aprovisionamento e venda transparentes da Everlane não são o mais importante, já que a retalhista de básicos foi recentemente avaliada em 250 milhões de dólares e está a expandir-se com lojas físicas. Estas histórias mostram que os consumidores esperam mais dos básicos e que é fundamental que se destaquem.

Os consumidores mais jovens estão a redefinir o luxo, que se tornou mais streetwear, e ser capaz de os atrair significa garantir a longevidade e o sucesso da marca, mas mantendo a sua integridade. Para a nova geração de consumidores de luxo, uma camisola com capuz perfeita pode ser tão importante quanto um sobretudo bem feito. Contudo, a qualidade continua tão importante como sempre para assegurar um produto duradouro e cujo valor seja capaz de sobreviver à prova do tempo. A nomeação de Virgil Abloh para a direção criativa da linha de homem da Louis Vuitton mostra como a sensibilidade do streetwear está a infiltrar o mundo das megamarcas de luxo.

 
Embora a incerteza possa definir o presente, o futuro ainda se mostra fascinante. Novas soluções de lifestyle inteligentes e versáteis que pareçam futuristas vão sempre intrigar o consumidor masculino. As peças de vestuário terão de ser duráveis o suficiente para as viagens diárias, discretas o suficiente para o ambiente laboral mas com um look atrativo para uma saída depois do trabalho.

Segundo o WGSN, as marcas devem ter uma posição em que a arte assume um papel fulcral e impregnar uma abordagem artística não apenas no produto mas em todas as áreas em que isso funcione. T-shirts e camisas – as telas em branco da moda – são uma forma fácil das marcas e consumidores entrarem nesta tendência, em que as colaborações irão permitir ao utilizador comunicar o seu lado mais criativo e alinhar-se com a marca e um artista que admire.

Com as barreiras a esbaterem-se, os homens estão a transformar-se nos seus próprios stylists, combinando peças formais da alfaiataria com artigos mais ecléticos e as marcas têm de se alinhar por este novo espírito fashionista. A Supreme acrescentou recentemente à sua gama, composta essencialmente por streetwear, um fato.

Sobriedade nas cores

Embora a estação seja estival, as cores para o vestuário masculino pautam-se pela sobriedade e pela tendência para tons mais escuros.

O verde acinzentado faz parte da paleta, assim como o menta-espuma, que contrastam com os mais vibrantes rosa escuro e azul espirituoso, este último acentuando uma vertente mais desportiva, patente na tendência Code Create.

As tonalidades de cinzento e os lilases dominam as opções de cor na direção Designing Emotion, que, contudo, tem como tons em destaque o castanho chocolate, que traz sobriedade à estação, o azul militar – um tom eterno para o vestuário de homem –, o amarelo mais escuro, para uma sensação mais nostálgica e retro, e o cinza esverdeado, pensado para peças mais marcantes.

As cores mais vibrantes da estação estão concentradas na tendência Empower Up!, com tons primários claros e pastéis quentes que têm um efeito energizante. O verde-água é jovem mas acessível e permite tornar as coleções mais leves e modernas. O azul-tinta é um tom intemporal que equilibra a paleta de tons claros e é ideal para as peças mais clássicas, contrastando com a cor de vinho e o laranja esbatido, usados para surpreender em básicos ou peças mais formais que ganham, assim, uma nova vida.

Têxteis inspirados pela natureza

Fios biodegradáveis, compostáveis e renováveis serão uma das tendências para os materiais que irão construir o vestuário de homem da primavera-verão 2020. Os têxteis da estação fazem-se de contrastes, com opções para todos os gostos e gamas, mas a sustentabilidade e as matérias-primas naturais assumem relevância especial. Os fios de lã merino extrafina serão usados em tecidos para fatos formais e os algodões serão mercerizados para um ligeiro brilho sofisticado. Filamentos e crepes estampados fazem parte igualmente das tendências. Ainda nas fibras e no campo da sustentabilidade, os orgânicos são obrigatórios, seja algodão, lã merino, caxemira ou linho.

Os tecidos de camisaria são superfinos e com riscas dimensionais interrompidas. As micro-redes e os tecidos com relevo são transformados em peças de vestuário segunda-pele, enquanto os tecidos com estruturas abertas combinam transparência e opacidade. As artes tradicionais são evocadas com tecidos em linho que parecem ter sido fabricados por teares manuais. Riscas e xadrezes são tendências-chave da estação, com clássicos atualizados por cores ombré e acabamentos e lavagens suaves. Os tecidos enrugados com fios metalizados serão igualmente um must-have.

O brilho ganha protagonismo, com tecidos e peles a evoluírem com uma iridescência líquida ou aparência holográfica, utilizando filamentos space-dyed, fios e foiles metalizados. Membranas técnicas de poliéster e chita de algodão na camisaria recebem efeitos de revestimentos oleaginosos, enquanto o denim escuro e as peles usam revestimentos prismáticos brilhantes ou foiles coloridos.

Os estampados havaianos e os padrões geométricos retro adotam um aspeto esbatido que remete para a nostalgia das férias. A customização e as reparações passam a integrar o enobrecimento dos materiais, através de tecidos com patchwork e tweeds com fios de mistura. Cambraias e denims leves são reimaginados de forma artística através de estampados decorativos, jacquards e motivos bordados.

Para o vestuário de trabalho em contexto de escritório, os acabamentos são mate e as construções são simples. Uma visão cinemática do futuro inspira vestuário de performance com um look puro, que combina o casual com elementos técnicos, incluindo enchimentos de verão ultraleves. Os corantes orgânicos, vegetais e eco-friendly irão evoluir para originar tecidos denim e indigo mais amigos do ambiente.

A revolução das malhas

Das paisagens marcianas aos paraísos tropicais, as malhas para o homem da primavera-verão 2020 assumem personalidade múltipla. As malhas metalizadas, por exemplo, evoluem graças a filamentos space-dyed, acabamentos metálicos e texturas de pontos com efeitos fraturados. Intarsias em blocos de cor e malhas jacquards são refinadas com títulos de fios cada vez mais finos, nomeadamente lã merino extrafina, caxemira, algodão fino ou poliésteres ecológicos com elastano.

Os fios técnicos combinam-se com fios mais naturais, num equilíbrio entre o sintético e o orgânico. Algodões, linhos e lãs extrafinas orgânicas garantem uma simplicidade inata, que é destacada por texturas, incluindo ribs e piqués. Na mesma onda da sustentabilidade, os corantes “amigos do ambiente” marcam pontos, com efeitos de tingimento orgânicos em jerseys ou, em alternativa, estampados feitos por transfer inspirados em amibas.

A natureza é reinterpretada com imagens tropicais e estampados animais, representados em malhas mais grossas e jerseys jacquard para um ambiente de férias descontraído. Uma direção de malhas mais extrema, erodida e distópica inspira-se nas paisagens marcianas altamente pigmentadas em tons terra e laranja. As riscas mantêm-se como um dos pontos fortes da estação, com os clássicos a serem atualizados através de cores ombré, combinações de fios grossos com finos e pontos texturizados. Emergem ainda novos padrões camuflados, com motivos vegetais abstratos e animais.

Estruturas em rede perfurada irão continuar em voga, desde micro-piqués a malhas abertas mais pesadas. As malhas 3D tornam-se mais leves. Jacquards desportivos compactos multicoloridos aparecem em grandes e pequenas escalas e em cores contrastantes. Os algodões mates e mercerizados permitem um conforto fresco.

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