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13 de jan. de 2016
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Imagem do têxtil português traz os clientes que fugiram para a Ásia

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Agência LUSA
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13 de jan. de 2016

Frankfurt, Alemanha (Lusa) – Sete anos após o perder para um concorrente asiático, foi com satisfação que a têxtil portuguesa Inspiration Time viu hoje reentrar no seu 'stand' na feira Heimtextil, em Frankfurt, Alemanha, o comprador inglês que em tempos foi o seu principal cliente.

Têxteis-lar portugueses regressam aos seus melhores dias com imagem renovada e retorno de clientes - Foto: DR


"É um cliente do Reino Unido que trabalhou connosco e chegou a ser o nosso principal cliente, impulsionando-nos no início da empresa. Tínhamo-lo perdido há seis, sete anos para [um concorrente d'] o Extremo Oriente, mas agora regressou porque notou que o preço não é tudo e que o facto de o produto vir de Portugal conta muito", afirmou a diretora criativa da empresa de têxteis-lar de Brito, Guimarães.

Segundo Cristina Machado, os preços praticados no Extremo Oriente podem ser 25/30% inferiores aos portugueses, mas o cliente acabou por valorizar "a flexibilidade de não ter que comprar milhares de peças" que depois arriscam ficar em 'stock', porque negociando em Portugal é possível fazer encomendas mais pequenas e repor produtos rapidamente, já que se está a apenas "dois ou três dias de camião".

Por outro lado, acrescentou a criativa da empresa de Guimarães, "o português gosta de agradar ao cliente, enquanto do outro lado do mundo é tudo muito global", sendo que o selo "Made in Portugal" é cada vez mais valorizado mundialmente no setor dos têxteis-lar.

Com uma faturação anual na ordem dos 10 milhões de euros, a Inspiration Time é uma empresa "100% exportadora" que tem o Reino Unido e a França como principais mercados, mas o sucesso obtido desde a entrada, há dois anos, no mercado dos EUA, faz acreditar que este "rapidamente vai ultrapassar os outros".

Embora cerca de 90% da faturação resulte da operação em 'private label' (com marca do cliente), a empresa portuguesa trabalha também a marca própria HomeFlavours, responsável pelos restantes 10%.

Presente na Heimtextil – considerada "a mais importante" feira internacional de têxteis-lar e para hotelaria e onde Portugal está, de até sexta-feira, representado por 75 empresas – "há mais de 20 anos", porque "é onde vai todo o mundo", a Lameirinho canaliza para os EUA metade das exportações que faz para "mais de 30 países", tendo ainda entre os principais mercados a França, o Reino Unido e Ásia, adiantou à agência Lusa a diretora de marketing, Tânia Lima.

Com uma faturação anual de 51 milhões de euros em 2014 e 680 trabalhadores, a têxtil de Guimarães opera também quase exclusivamente em regime de 'private label', apostando em coleções próprias, sobretudo no mercado interno, que é, contudo, "muito residual".

De acordo com Tânia Lima, sobretudo desde há três anos que o 'Made in Portugal' se tem assumido como um fator diferenciador no setor dos têxteis-lar, com o país a ser "muito bem visto" internacionalmente "como um país que trabalha com muita qualidade, um excelente serviço e uma grande sensação de segurança".

Já para o Moretextile Group – grupo de Guimarães detido por um fundo de investimento que adquiriu as empresas Coelima, Tearfil, António de Almeida & Filhos e JM, que fatura 90 milhões de euros e emprega 1.240 trabalhadores – os EUA, a Europa e o Japão absorvem grande parte da produção, que é destinada em 80% à exportação.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração do grupo, Artur Soutinho, destacou o mercado norte-americano como "o que mais cresceu nos últimos dois anos", em grande parte "devido à relação euro/dólar, que fez com que os produtos europeus ficassem mais competitivos".

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Contudo, destaca, "a notoriedade portuguesa" no setor dos têxteis-lar "é cada vez mais importante, quer em termos industriais, quer da capacidade produtiva e tecnológica", sendo que o facto de se tratar de "uma indústria localizada na Europa é um fator competitivo, porque está muito perto dos EUA e do Canadá, mas também do Reino Unido, de Espanha, França Holanda e países nórdicos".

Com um total de 2.700 expositores internacionais, a Heimtextil é considerada "a mais importante" feira internacional de têxteis lar e para hotelaria e abre o calendário de feiras de 2016 da Messe Frankfurt.

Portugal é atualmente o 5.º maior exportador de têxteis-lar e artigos têxteis confecionados a nível mundial, com vendas estimadas de 700 milhões de euros em 2015 (mais 7% do que em 2014) e uma quota no total das exportações da indústria têxtil e de vestuário de 15%.

Os dados disponíveis até novembro reportam uma subida homóloga acumulada de 7,1% das exportações deste setor, para 647,8 milhões de euros, que compara com os 605,1 milhões de euros do mesmo período de 2014.

Durante os quatro dias da Heimtextil são esperados mais de 68.000 visitantes de 133 países, que ali se propõem conhecer as novidades e tendências mais recentes, assim como adquirir artigos têxteis.

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