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Estela Ataíde
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11 de jul. de 2018
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International Woolmark Prize: nomes dos finalistas europeus desvendados

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
11 de jul. de 2018

A Woolmark anunciou na terça-feira, em Londres, os nomes dos quatro vencedores da semi-final europeia do International Woolmark Prize, antes da última semi-final, que se realiza em Nova Iorque no final desta semana.


Daniel Fletcher e Nicholas Daley, vencedores da semi-final europeia


Entre os vencedores estão dois designers do Reino Unido especializados em moda masculina: Nicholas Daley e Daniel Fletcher. Os outros dois selecionados são Edward Crutchley, criador de roupa feminina e masculina, e o sueco Saif Bakir, da Cmmn Swden.

Designers franceses e holandeses também participaram nesta semi-final europeia.

Os vencedores europeus juntam-se a dois estilistas chineses, Zhi Chen, da marca I-Am-Chen, e Angel Chen, além do japonês Yohei Ohno e do sul-coreano Mooyeol Lee, da marca Youser, que venceu a semi-final de Hong Kong na semana passada.
 
Entretanto, todos os designers irão trabalhar nas suas coleções para a final, que acontecerá no início do próximo ano.

Após a entrega dos troféus da semi-final por Jefferson Hack, Nicholas Daley e Daniel Fletcher pareciam genuinamente chocados com as suas vitórias, mas também animados com a ideia de continuar a aventura e poder transformar os seus conceitos em produtos reais.

"É extraordinário, não estava nada à espera. Até ao momento, criámos apenas protótipos com amostras de tecido, por isso estou ansioso pela próxima etapa”, disse Daley.

Enquanto isso, Fletcher estava um pouco desconcertado. "Não posso acreditar. É incrível perceber que os juízes conseguiram ver o que posso fazer, saber que pessoas que respeito há tanto tempo acreditam no que posso fazer.”

PROGRESSO, PRESTÍGIO E MODELO POSITIVO

A final do prémio Woolmark representa bastante para estes dois criadores, que estão apenas nos estágios iniciais das suas respetivas atividades.

Ambos lançaram as suas marcas próprias acabados de sair da universidade, os dois da Central St Martins: Daley há quatro anos e Fletcher há apenas três anos.

“Programas como este são realmente importantes. Isto vai permitir-me desenvolver a minha coleção”, explicou Daniel Fletcher, acrescentando que o quotidiano de um designer à frente da sua própria marca é, na realidade, menos criativo do que se imagina. "Há tantas coisas para fazer diariamente que nem sempre tenho tempo para experimentar como gostaria [para o Woolmark]".

Mas, outro importante efeito secundário desta competição é o prestígio que irão conquistar junto dos fornecedores.

“Para fazer a proposta, tive que fazer muita pesquisa e comparar muitos fornecedores”, explicou Fletcher. “E todos esses fornecedores aceitaram trabalhar comigo porque sabiam que eu estava a participar no prémio Woolmark. Vi várias portas abrirem-se e isso, só por si, já foi importante.”
 
Nicholas Daley concordou. “O prestígio de participar no prémio Woolmark é enorme. Vencer significaria dar a conhecer o meu nome em diferentes mercados.”

“Obviamente, também seria ótimo pelo aspeto financiamento, mas a notoriedade também é importante. Permitir-me-ia desenvolver ainda mais as minhas ideias criativas e talvez até imaginar algo que eu nunca teria feito sem esta competição.”


Já decorreram, até ao momento, duas semi-finais do International Woolmark Prize, faltando realizar-se uma


Embora o concurso possa ser um trampolim importante para o seu negócio, Daley gostaria também de aproveitar esse aumento de visibilidade para ser um bom exemplo cultural, tanto em termos de “investimento pessoal e superação de si mesmo” como de “representar o que o design de moda masculina pode ser em 2018”. O criador quer que, num mundo onde as manchetes noticiosas se focam frequentemente em eventos negativos, como a violência nas ruas, os jovens de ascendência afro-caribenha percebam que é possível escolher outros caminhos.
 
“Trata-se de crescimento profissional e crescimento criativo”, nota, “mas não esqueçamos o crescimento pessoal, e estes prémios podem ser usados para impulsionar modelos positivos.”

Ambos os designers são, certamente, modelos a seguir. Quase por acaso, ambos se viram ao comando de pequenas empresas depois de se formarem e sem estarem completamente certos sobre o caminho a seguir, mas decididos a começar. Uma aposta que trouxe frutos. A coleção de final de curso de Fletcher, por exemplo, foi comprada pela Opening Ceremony. Alguns anos depois, ambos estão totalmente comprometidos com os seus negócios, mas também têm as suas preocupações, sendo uma das maiores a iminente saída do Reino Unido da União Europeia.

"O Brexit é assustador", reconhece Nicholas Daley. "É uma situação complexa, mas temos que avançar e contornar as dificuldades."

E realça que o Brexit não deve, sobretudo, representar o fim dos negócios com o Reino Unido. “Utilizo muita confeção e tecidos britânicos, valorizo o artesanato do Reino Unido, e com o elemento musical que incluo promovo também a cultura britânica. Estou a tentar mostrar um lado diferente do Reino Unido em 2018.”

"A mudança geralmente vem da juventude, por isso cabe-nos a nós tentar questionar o que está a acontecer. Isto vai afetar-nos, a nós e à próxima geração."

Para Daniel Fletcher, o maior problema é o acesso do Reino Unido a talentos criativos e empresariais estrangeiros. "De estagiários ao meu diretor de estúdio, fazer parte da UE dá-nos acesso a tanto talento", diz. "Deixar de ter acesso representa um risco enorme para mim e para toda a indústria do Reino Unido, bem como se a Europa perder acesso ao nosso talento. Seria um golpe enorme para o Reino Unido. As pessoas que trabalham no setor criativo devem divulgar as suas opiniões e dizer às pessoas como é importante continuar a ter acesso à Europa.”

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