Dominique Muret
8 de mar. de 2013
Itália : o setor calçadista recua em 2012
Dominique Muret
8 de mar. de 2013
A indústria de calçados italiana amarga o sofrimento. Segundo os números publicados por ocasião do salão internacional do calçado, TheMicam, que ocorreu de 3 a 6 de março em Milão, o setor terminou o ano de 2012 em recuo, apesar dos bons resultados dos anos pós-crise 2010/2011. O ano de 2012 viu a produção de calçados sofrer uma redução de 1,4% em valor, chegando a 7,1 bilhões de euros, e de 4,1% em volume, segundo as estimativas realizadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Calçados Italianos (Anci), com base numa pesquisa de opinião realizada com seus membros.
"O primeiro semestre de 2012 começou bem dentro do turbilhão das recaídas positivas de 2011. Pelo contrário, o segundo semestre registrou uma forte baixa da demanda interna. Para 2013, vamos agir com muita prudência", analisa o presidente da Anci e do salão TheMicam, Cleto Sagripanti.
"A fase recessiva nacional teve um impacto nas rendas disponíveis das famílias, em sua confiança e nas compras, interrompendo assim o salto positivo dos dois anos anteriores. À contração do consumo nacional acrescenta-se a baixa, às vezes, muito brusca, dos mercados da União Europeia, que absorvem 54% do volume de negócios realizado no exterior das indústrias de calçado italianas", destaca a Anci em uma nota.
No ano passado, foram produzidos na Itália 199,1 milhões de pares de calçados contra 207,6 em 2011. O volume total de negócios deve alcançar 7,11 bilhões de euros em 2012 contra 7,21 bilhões no ano anterior. O número de empresas ativas caiu para 5356, ou seja, 250 unidades a menos em relação a 2011, ainda segundo as estimativas da Anci.
De acordo com as projeções da Anci, elaboradas com base nos dados disponíveis do Instituto Italiano de Estatísticas Istat, em valor, a exportação para 2012 deve crescer 2,8%, levando assim o volume total de negócios realizado no exterior a mais de 7,6 bilhões de euros. Porém, as estatísticas levam em conta as marcas italianas e não apenas os fabricantes. Em volume, as vendas devem diminuir 6,2% chegando a um total de 214,8 milhões de pares de calçados. Os fabricantes italianos venderam seus calçados principalmente na Rússia (+14,7% em valor, +12% em volume) e na Ásia (+23% em valor, +12,6% em quantidade).
Nesta região, vale observar a alta significativa do Japão (+17%), da China e de Hong Kong (+27,6%), que se confirmaram como o 7º destino para os calçados italianos com um valor que dobrou em 4 anos.
A União Europeia, por outro lado, é a única área geográfica de destino, registrando um recuo das vendas (em valor) em relação a 2011 (-4,9%). Baixas significativas foram registradas na Alemanha (-8,5%) e em diversos outros países europeus (-9,2% na Holanda e Áustria, -12% na Polônia, -15% na Espanha, -32% na Grécia). Únicas exceções, a França (+2,5%) e o Reino Unido (+4,2%).
"A ausência de governo na Itália pesa, não somente nos mercados, mas também nas empresas e, em especial, naquelas do setor calçadista que aguardam há anos respostas eficazes. Para dois terços, os impostos estão pesando no custo do trabalho e na mão de obra. Se os tributos aplicados às empresas pudessem ser reduzidos, nós seríamos muito mais competitivos e traríamos para a Itália produções que, de agora em diante, são efetuadas no exterior. Também seria preciso um auxílio para desonerar as coleções sem se esquecer de um apoio à facilitação do acesso ao crédito e à internacionalização. Daqui para frente, estas medidas são uma questão de sobrevivência para muitos empresários", conclui o presidente da Anci.
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