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Stylo Urbano
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14 de dez. de 2016
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Moda sob demanda, uma alternativa sustentável à superprodução

Por
Stylo Urbano
Publicado em
14 de dez. de 2016

A indústria da moda hoje é responsável por uma superprodução alarmante que faz com que toneladas de roupas e resíduos têxteis acabem nos aterros sanitários todos os dias. Cerca de 30% de tudo que é produzido só deixa as lojas com desconto. Marcas grandes e pequenas estão todas cientes do problema. Todas estão a lidar com stocks de roupas e acessórios não vendidos e com devolução de peças compradas em linha que não agradaram ou serviram aos clientes.

 
Há também o desperdício de 15% de retalhos de tecidos que sobraram do corte, além do stock dos erros de produção. Porque a superprodução e os stocks de peças prontas são aceitos como um risco empresarial? Porque "é assim que sempre fizemos isso". Para reverter essa tendência, as empresas de moda precisam desenvolver novos modelos disruptivos de negócios que se ajustem à produção e exigências reais dos consumidores.
 
Atualmente a moda sob demanda está a ser explorada por empresas de pequeno e médio porte, mas vai acabar por ser adotada por grandes marcas como já acontece com a NIKEiD, que permite ao cliente personalizar seu ténis. 

Uma forma de criar um modelo de negócio mais sustentável para empresas é a 'moda sob demanda'. Outras palavras usadas para esta abordagem são 'design participativo' e 'moda personalizada'. Uma caraterística principal da moda sob demanda é que o cliente tem o poder de influenciar o desenho final do produto, com sua participação direta.
 
Uma forma simples de participação é aquela em que o cliente pode escolher o tecido para uma peça de roupa entre um número limitado de alternativas de cor. Já um alto grau de participação acontece quando o cliente é autorizado a escolher entre uma grande variedade de tecidos, cores e modelos, incluindo 'extras' como botões, estampados, bordados e aviamentos de modo a criar uma peça que tenha mais a ver com seu estilo.
 
Com a criação de produtos personalizados, os clientes estão propensos a desenvolver um maior apego às suas roupas ou acessórios, mantendo-os por mais tempo. Além disso, através do processo participativo de design personalizado, os fabricantes irão eliminar a necessidade de stocks de peças prontas, bem como o risco de excesso de produção e o desperdício de materiais.
 
Criando produtos de qualidade feitos para durar, utilizando matérias-primas recicladas ou sustentáveis e reduzindo o excesso de produção e stock, a estratégia da moda sob demanda poderia tornar-se uma das principais estratégias para a indústria da moda circular. 
 
Stock é sinónimo de dinheiro parado e superprodução é sinónimo de desperdício e descarte de produtos, por isso as marcas de sapatos Shoes of Prey e Harperwoods junto com as marca eShakti e The Girl and the Machine adotaram a moda sob demanda .
 
Através do site Harperwoods Design Studio, pode-se definir o design, materiais e cores do sapato com base no estilo pessoal, escolhendo cores vibrantes e combinações rebeldes. O poder de decidir é do cliente. Com um clique, pode-se criar hoje seu próprio sapato de luxo pessoal.

 
A marca de moda feminina eShakti, por sua vez, é uma das plataformas em linha de personalização de roupas mais antigas, fundada em 2001. A marca é focada em vestidos com design clássico inspirado nas décadas de 50 e 60, atraindo mulheres de vários tamanhos e formas, que não estão à procura da 'última tendência da moda', mas, em vez disso, à procura de uma roupa de bom ajuste e comprimentos de manga e saia apropriadas.
 
Esta marca de comércio eletrónico oferece uma ampla gama de modelos de vestido, a maioria dos quais com opções para personalizar o formato do decote, tipo de mangas e saias. A marca promete ainda entregar um vestido personalizado dentro de 12-18 dias depois do pagamento da encomenda, o que é impressionante, pois a fabricação da eShakti é realizada na Índia.
 
Dar ao cliente o poder de personalizar sua roupa ou acessório seguindo seu estilo pessoal com a ajuda da tecnologia é a forma mais democrática de vender moda na atualidade, ainda mais com o crescente interesse dos consumidores das gerações Y e Z no que diz respeito à sustentabilidade.
 
Até há um século, a indústria da moda fabricava produtos de qualidade que duravam por toda a vida. Mas, desde o surgimento do 'fast-fashion' nos anos 80, a indústria da moda tem produzido intencionalmente produtos de baixa qualidade a fim de incentivar o hiperconsumismo. Assim, a moda sob demanda surge como uma alternativa racional e sustentável para acabar com o desperdício da obsolescência programada.

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