ModaLisboa: "Entropy" de Filipe Faísca encerrou 42.ª edição

Lisboa – O desfile da apresentação de "Entropy", a coleção de Filipe Faísca para o próximo inverno, encerrou no passado domingo (9) a 42.ª edição da ModaLisboa, no dia em que a GNR também marcou presença na "passerelle".

Para o regresso à ModaLisboa – Filipe Faísca esteve ausente na última edição, para reestruturação da marca – o designer de moda convidou "velhas glórias" das "passerelles" nacionais.

"Entropy" foi apresentada por manequins que há muito não pisavam as "passerelles", a não ser numa ou noutra ocasião especial, como Sofia Aparício, Luís Pereira, Telma Santos e Flor.

Os gritos e palmas foram uma constante durante o desfile, sempre que algum destes ex-manequins surgia. O mesmo aconteceu com a apresentadora de televisão Leonor Poeiras ou com o produtor de moda João Pombeiro, estreantes nestas lides.

Mas vamos a "Entropy". Para o próximo inverno, Filipe Faísca criou uma coleção em que "o desporto 'flirta' com o clássico". Os manequins apresentaram peças que vão do "Sport" (Desporto), ao "Chic" (Chique), passando pela "Street" (Rua) e a "Dance" (Dança).

Nos materiais, Filipe Faísca optou pela lã, o mohair, a seda e a viscose, nas cores, pelo amarelo mostarda, o preto, o vermelho e o inox. Destaque para um estampado de sapos, umas vezes em versão mini e, outras, em versão maxi.

Nesta coleção, Filipe Faísca fez uma parceria com o designer francês de sapatos Christian Louboutin, levando assim à "passerelle" da ModaLisboa os sapatos da sola vermelha.

O último dia da 42.ª edição começou ao ar livre, no Terreiro do Paço, com o desfile da coleção de Nuno Gama, que abriu com a banda da GNR, a cavalo. As apresentações passaram depois para o Pátio da Galé, onde a "passerelle" de cortiça esteve montada nos três dias da iniciativa.

A coleção de Aleksandar Protic, sérvio radicado em Lisboa, teve como conceito "a velocidade e as heroínas da 'action manga' [banda desenhada japonesa]". O resultado são silhuetas com formas estruturadas e suaves. Ricardo Andrez apresentou "Faktura", e Pedro Pedro "Fur" (Pelo), coleção inspirada na vida e obra da fotógrafa norte-americana Diane Arbus.

O próximo inverno de Dino Alves é "Inside Out" ("de dentro para fora"). Na coleção daquele a quem em tempos chamaram o "enfant terrible" da moda nacional, os bolsos estiveram em destaque. Bolsos de vários tipos, aplicados, mais do que uma vez na mesma peça, em calças, camisolas, saias e vestidos.

Com Miguel Vieira veio "Uma Noite de Inverno", que traz o frio, a chuva e as noites intermináveis. Mantendo-se fiel a si próprio, Miguel Vieira apresentou uma coleção elegante, na qual se destacaram os fatos, para eles, e os vestidos, para elas.

A paleta de cores variou entre o preto, os cinzas e o azul. Já nos materiais, o designer de moda do Porto optou por fazendas e tecidos em jacquard.

Numa edição marcada pela ausência de quatro designers de moda que são presenças habituais, é inevitável falar-se em crise. "[A crise] chegou um bocadinho a todo o lado. [É preciso ter em conta que] a moda tem por trás uma estrutura empresarial", disse a diretora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, em declarações à Lusa, admitindo que "estava à espera que alguma coisa se passasse na edição passada, se bem que tudo tem o seu 'timing', e não é imediato". "As empresas resistem, tentam resistir, mas ocorreu nesta edição", afirmou.

Das quatro ausências, uma delas foi "pelas melhores razões": a dupla Marques'Almeida, de Marta Marques e Paulo Almeida, está "com franquíssima expansão internacional". "Ricardo Dourado [que terminou a sua marca] é uma pena, [pois] tinha uma linguagem própria, muito interessante, muito visionária", lamentou Eduarda Abbondanza.

Já as duplas Os Burgueses e White Tent "estão em reestruturação". "Vamos ver", disse Abbondanza. Apesar de tudo, a diretora da ModaLisboa faz "um excelente balanço" da edição que terminou neste domingo (9). "As coleções têm sido muito interessantes, no desenvolvimento de estilo de cada um dos criadores", referiu.

Eduarda Abbondanza destacou os desfiles de Luís Carvalho - "excelente aposta, segunda coleção, uma evolução extraordinária" - e da plataforma Sangue Novo - "em que também se nota uma grande diferença entre a edição de arranque e esta edição". "[Está mais] maduro, experimental, mas comercial ao mesmo tempo, usável. Muito bem feito, na generalidade muito interessante", afirmou sobre as apresentações do "futuro da moda portuguesa".

A ModaLisboa regressa em outubro, para apresentação das coleções para a primavera/verão de 2015.

Fotos: © ModaLisboa / Rui Vasco