ModaLisboa: Homenagem de Nuno Gama à Arrábida encerrou 43.ª edição

Lisboa (Lusa) – A coleção de Nuno Gama para a próxima estação, uma homenagem do criador de moda à Serra da Arrábida, encerrou este domingo (12), no Pátio da Galé, o terceiro e último dia da 43.ª edição da ModaLisboa.

O desfile foi dividido em três partes, todas abertas por um ator que declamava textos de Sebastião da Gama, poeta português de Azeitão, terra natal do criador de moda.

Com a coleção para a primavera/verão do próximo ano, Nuno Gama homenageia "uma suculenta memória de infância, retemperada de um enorme ecletismo urbano, contemporâneo", explicou o próprio.

Papoilas e laranjas estampadas em calções e camisas, uma imagem da Arrábida numa t-shirt e o barulho de grilos por cima da música do desfile remetiam para o tema da coleção. Riscas, elementos marítimos, bordados e serigafrias a fio de ouro estiveram também em destaque.

Num dos desfiles mais aplaudidos desta edição, ao lado de manequins profissionais desfilaram, como é habitual, alguns amadores, como o realizador Rúben Alves, os atores Isaac Alfaiate e Pedro Barroso, o árbitro Pedro Henrique e o artista plástico Júlio Quaresma.

Os desfiles de hoje arrancaram pelas 15:00 com a apresentação da coleção de Dino Alves, "Lick Me, Eat Me, Taste Me, Kiss Me" [Lambe-me, Come-me, Prova-me, Beija-me].

Folhos, badanas onduladas que parecem "escorrer pelas peças de roupa", assimetrias "que remetem para dentadas" nas peças, e uma mistura de cores dando a ideia de tinta a escorrer, destacaram-se na passerelle. À medida que desfilavam, alguns manequins deixavam cair no chão pedaços de tecido com a forma de uma gota.

Nos materiais, Dino Alves escolheu sedas, mousselines e gangas. Já nas cores, optou pelo bege, cinxento, branco, laranja, verde claro e azul, entre outras.

Seguiu-se então a apresentação de "Kawa/Flow" de Pedro Pedro, ou "quando o olhar etéreo e erótico de Masao Yamamoto [fotógrafo japonês] encontra Herbert Badham [pintor australiano] e as suas representações realistas e afáveis do quotidiano".

Para criar uma coleção onde dominaram os cinzentos, branco, preto, bege e azul escuro, Pedro Pedro foi buscar inspiração aos anos 1930, "ar livre, mar, férias, festa, quando o sensualidade combina com conforto e o casual sport erotiza-se". O criador optou por tecidos como o linho, o algodão, as sedas, os jerseys e as felpas.

Depois, foi apresentada a coleção do designer de jóias Valentim Quaresma, "Illusion" [Ilusão]. Desta vez, Valentim Quaresma optou por trabalhar materiais como o ónix e o vidro, bem com o cobre e o latão.

Algumas peças foram construídas quase na totalidade com ganchos de cabelo e remetiam para o universo da coleção de livros de George RR Martin, transformada em série de televisão, "A Guerra dos Tronos".

Os "Escaravelhos" da Saymyname, de Catarina Sequeira. "Os membros dos escaravelhos definem a principal inspiração de toda a coleção, que se traduz na sua maioria em cortes pretos e brancos", explicou a criadora. Numa coleção onde o preto e o branco são as cores-chave, o estampado de escaravelhos "é o ator principal".

Lidija Kolovrat apresentou "Wave" [Onda]. "O visual desta coleção é uma viagem que, no meio do irreal, encontra ideias parecidas com aquilo que viu e sentiu numa praia onde ondas, rochas, água e céu se misturam e refletem", pode ler-se no texto de apresentação da coleção.

Para criar as peças, a criadora optou por materiais como a seda, o algodão e tecidos tecnológicos, com acabamentos e impressões em branco, preto, azul e cinzento, "com uma forte ligação entre água e luz".

Miguel Vieira regressou hoje ao Pátio da Galé, depois de no sábado ter apresentado a sua coleção para homem, para dar a conhecer as suas propostas para mulher.

Em "Uma Nova Essência", "minimalismo e 'sportswear' combinam perfeitamente e criam um estilo desportivo sofisticado que, sem ser pretensioso, se reflete numa coleção moderna e energética que tem, no entanto, como referência as bases clássicas".

Ao contrário do que é habitual, Miguel Vieira apresentou uma coleção bastante mais descontraída, com as manequins a calçarem ténis.

Nas cores, Miguel Vieira optou pelo branco, o lavanda e o preto. Já nos materiais, escolheu trabalhar com tecidos estruturados com texturas geométricas, seda e cetim de seda.

A ModaLisboa regressa em março do próximo ano, para a apresentação das coleções para o inverno 2015/16.