Por
Agência LUSA
Publicado em
24 de set. de 2013
Tempo de leitura
2 Minutos
Download
Fazer download do artigo
Imprimir
Text size

Perito que avaliou Renato Seabra sob suspeita, defesa não está surpreendida

Por
Agência LUSA
Publicado em
24 de set. de 2013

Nova Iorque – O advogado de Renato Seabra, condenado por homicídio em Nova Iorque, não se mostrou hoje surpreendido as suspeitas de relação privilegiada entre um dos peritos que considerou o seu cliente imputável e o Ministério Público norte-americano. Em causa está a possibilidade de uma relação privilegiada entre o neuropsicólogo William Barr e a Acusação no processo que condenou o modelo português a 25 anos de prisão pelo homicídio do cronista Carlos Castro.

Renato Seabra | Foto: Facebook


Um artigo do jornal "The New York Times" publicado no sábado, da autoria do jornalista Russ Buettner, refere que o especialista William Barr, de 56 anos, foi contratado pela acusação mais de 100 vezes em 13 anos, defendendo sempre a tese da Procuradoria de Manhattan. "O artigo aponta muito claramente as falhas no testemunho do Dr. Barr, que tomou muitas liberdades que não estão suportadas por factos científicos", diz David Touger, advogado de Renato Seabra, salientando que a notícia refere as mesmas questões que ele levantou em julgamento. "Muito sucintamente, o Dr. Barr diz qualquer coisa para apoiar a Acusação, mesmo que isso signifique descartar factos e teorias científicas e confiar apenas em suposições e conjeturas”, salienta.

O especialista contrariou a opinião dos dois especialistas contratados pela defesa, que defenderam que o modelo português não tinha consciência de que os seus atos estavam errados e que por isso devia ser considerado não responsável por razão de insanidade.

Na ocasião, William Barr defendeu que a doença mental de Seabra nunca teve origem súbita, contrariando o diagnóstico estabelecido no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais. O americano chegou a testemunhar que o manual estava em revisão e que iria incluir mudanças nesta parte. No entanto, a nova versão do manual, publicada em maio, não incluiu alterações nesse ponto, refere o advogado.

Barr chegou também a afirmar que Renato Seabra fingira o seu episódio maníaco recorrendo aos conhecimentos que adquirira numa disciplina de psicologia, frequentada durante a faculdade e que castrara o cronista social para humilhá-lo, adiantando que chegara a essa conclusão porque os cartéis de droga mexicanos faziam o mesmo.

Durante o julgamento, Barr afirmou que recebia entre 175 e 200 dólares (entre 130 e 148 euros, aproximadamente) por cada hora de trabalho ao serviço da procuradoria. O júri acabou por concordar com o especialista e o modelo foi condenado a uma pena de 25 anos a perpétua, que cumpre numa prisão de alta segurança no Estado de Nova Iorque.

Copyright © 2024 Agência LUSA. Todos os direitos reservados.