Jornal T
5 de abr. de 2017
Salário mínimo responsável por 4% do aumento do desemprego
Jornal T
5 de abr. de 2017
As subidas do salário mínimo registadas desde 2008 são responsáveis por cerca de 4% da taxa de desemprego e só com a subida de 2014 o emprego terá sido penalizado em 1%. As conclusões são da chefe de missão do BCE para Portugal e constam de um estudo exibido na segunda-feira publicado na página do Banco Central Europeu.
Isabel Vansteenkiste conclui ainda que os efeitos do crescimento da remuneração mínima face ao salário médio neste período vão perdurar no tempo e dificultar o regresso da taxa de desemprego aos valores registados antes da crise.
O estuado “Será que a crise deixou uma cicatriz permanente no mercado de trabalho português?” é analisado pelo Negócios, que explica que a economista belga olha para “a evolução do mercado de trabalho em Portugal à luz da relação entre a taxa de desemprego e o número de ofertas de emprego (uma relação conhecida por curva de Beveridge), procurando os factores determinantes da saúde do mercado de trabalho nos últimos anos".
O Negócios explica também que Vansteenkiste “estima que grande parte do aumento do desemprego durante a crise se deveu à recessão, com destaque para a destruição de postos de trabalho no sector da construção, e que tem portanto uma natureza temporária”.
Mas conclui, por outro lado, “que um regresso à situação mais favorável vivida antes da crise está dificultado pela reversão de medidas adoptadas durante o programa de ajustamento, em particular o aumento do salário mínimo face ao salário mediano [que em 2016 já equivale 63%]”.
Apesar de tudo, a economista garante “que a situação seria muito pior sem as reformas do mercado de trabalho que foram adoptadas entre 2011 e 2014”.
Seguindo a teoria económica que aponta para impactos negativos dos aumentos do salário mínimo sobre o emprego, a chefe de missão do BCE para Portugal aponta para a ameaça à criação de emprego nesta faixa de rendimento, especialmente em economias com salário médio baixo, o que penaliza jovens e trabalhadores menos qualificados, que já foram os mais afectados pela crise.
“Ao todo, desde 2008, o efeito ultrapassa os 4 pontos percentuais. Ou seja, sem os aumentos, a taxa de desemprego de 2016 poderia ter-se aproximado dos 7%, um mínimo desde o início do século”, aponta o Negócios, indicando que as estimativas da economista do BCE não levam ainda em conta os aumentos registados em 2016 e 2017 e podem servir de aviso para o Governo, que subiu o valor do salário mínimo para 557 euros em Janeiro, e tem como objectivo elevá-lo para 600 euros até ao final da legislatura.
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