Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
18 de set. de 2018
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Stephanie Phair, nova presidente do BFC, fala sobre como trabalhar com o Google, a estratégia digital para a Semana da Moda de Londres, os desafios do Brexit e como coorganizar um evento de moda em Downing Street com a primeira-ministra

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
18 de set. de 2018

Foi um fim de semana muito movimentado para Stephanie Phair, a nova presidente do British Fashion Council. Phair participou de vários desfiles e eventos durante a Semana da Moda de Londres, ofereceu um jantar para o lançamento da loja da Mulberry em Piccadilly na noite de sexta-feira e marcou presença na festa da Vogue para o  10.º aniversário da marca de Victoria Beckham no domingo. Na segunda-feira, recebeu convidados numa festa na National Gallery para a gigante chinesa da Internet JD.com e na terça-feira encerra a temporada de Londres coorganizando um encontro no número 10 da Downing Street com Theresa May.


DR


A sua nomeação para o BFC neste verão é mais um marco numa carreira impressionante. Depois de se formar em Oxford, Stephanie Phair mudou-se para Nova Iorque e iniciou a sua carreira como relações públicas de Issey Miyake (na época em que o grande designer japonês abriu uma flagship store projetada por Frank Gehry), antes de se juntar à Vogue de Anna Wintour como editora. Posteriormente, Phair ingressou no universo da tecnologia da moda, tornando-se CEO da The Outnet, a divisão de descontos da Net-a-Porter, fundada por Natalie Massenet, sua antecessora como presidente do BFC.
 
Muitas pessoas vão dizer que será difícil ser a sucessora de Natalie Massenet, uma mulher que praticamente revolucionou sozinha tanto a moda quanto a distribuição na internet, inventando o e-tailing, quebrando paradigmas. 

Sob a orientação de Massenet e da CEO de longa data do BFC, Caroline Rush, Downing Street recebeu vários cocktails na última meia década, embora oferecidos por Samantha Cameron e não pelo seu marido primeiro-ministro, David.
 
Conversámos com Stephanie Phair neste fim de semana em Londres para discutir os seus planos para o BFC, a sua visão para o futuro da moda, como o Brexit pode afetar os designers de Londres e as marcas britânicas e os novos planos do BFC com o Google.
 
Fale-me sobre o evento de terça-feira em Downing Street.
 
Estamos muito felizes que o Number 10 esteja a apoiar a Semana da Moda de Londres, mas não será apenas mais uma reunião entre designers. Trata-se muito mais de uma troca internacional e concentrámo-nos em convidar importantes retalhistas visitantes e editores que vieram a Londres.

Com o seu histórico de moda e tecnologia, o que deseja trazer para o BFC?
 
Depois do The Outnet, tirei um ano de folga e depois juntei-me a José Neves na Farfetch, inicialmente como Chief Strategy Officer - concentrando-me em como direcionar a empresa para o futuro, como aproveitar a inovação e se relacionar com startups, e também como lidar com grandes grupos e as fusões e aquisições. Esse ainda é meu trabalho principal.

Um dos maiores desafios da moda é a disrupção do digital. Isso pode ser visto como um travão ou como um desafio, mas também como uma nova comunidade. Então, ser capaz de ter um pé em cada setor - moda e tecnologia - ajuda a imaginar os novos caminhos que precisamos de abrir. E, do ponto de vista pessoal, estou muito empolgada.

Quais são os seus principais objetivos?
 
Continuar o grande trabalho feito por Natalie e Caroline, focando-me em três principais pilares: Educação, Negócios e Reputação. A missão do BFC é aproveitar o poder coletivo do nosso setor, por isso a direção que quero é mais foco em métricas, mais financiamento privado e um BFC mais sustentável.
 
E realmente precisamos de trabalhar arduamente para promover o comércio global e, francamente, viagens para o estrangeiro custam muito dinheiro. Estou obcecada em encontrar mais financiamento privado para compensar o esgotamento do financiamento público. O governo tem prioridades e nós temos que aceitar isso.

De que maneira, mais precisamente?
 
Por exemplo, continuaremos a apoiar os nossos Saturday Clubs, que permitem que os adolescentes experimentem empregos e trabalhem com moda em faculdades e empresas. Isso ajuda a educar os jovens e os seus pais sobre os trabalhos que existem neste setor. Não apenas estilistas e modelos, mas também cortadores de estampados, merchandisers, maquinistas, etc.

Tudo sustentado pelo digital?
 
Precisamos sempre de ver o digital como uma oportunidade. As empresas de tecnologia já beneficiaram de todas as belas imagens e conteúdos gerados pelas temporadas de moda. O Google é um grande apoiante - e ofereceu-se para mobilizar um funcionário para cada um dos nossos pilares. BFC, Google e Holition, um líder em realidade aumentada, já criaram um projeto de visualização de dados que permite realmente medir o impacto real da Semana da Moda de Londres.
 
A nossa temporada de moda é realmente um grande negócio, mas também precisamos de todas as habilidades para apoiar toda a nossa criatividade. Como, por exemplo, ajudar designers a entender como abordar os capitalistas de risco.

E, por fim, qual a sua opinião sobre o Brexit?
 
Sou britânica e votei contra a saída do Reino Unido da UE no referendo, como quase todo a gente que conheço na moda. O Brexit é um tema muito desafiador para a indústria da moda, que tem muitas partes móveis - tanto em termos de pessoas, quanto de serviços. Mas, aconteça o que acontecer, precisamos de fronteiras friccionais e acesso livre de tarifas à União Europeia. Tivemos boas conversas com o governo, mas todas as incertezas dificultam o planeamento.

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