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Novello Dariella
Publicado em
2 de jul. de 2018
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Vetements: a moda como declaração política e pessoal

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
2 de jul. de 2018

Ironicamente, Demna Gvasalia, um refugiado georgiano, apresentou o seu desfile em Paris no domingo, quando a Rússia, que invadiu a sua região natal, no Mar Negro, conseguiu vencer a Espanha e passar de fase no Campeonato do Mundo.
 

Vetements - primavera-verão 2019 - Alta-Costura - Paris - Photo: PixelFormula


Demna recrutou quarenta jovens georgianos para o seu desfile de primavera-verão 2019. Os modelos foram descobertos durante um casting nas ruas de Tbilisi. A coleção foi repleta de insultos em cirílico, emblemas soviéticos, peças ultra-modernas e homens mascarados. "Esta é a minha proposta de moda mais pessoal. Não acho que antes tivesse confiança para criar este tipo de coleção. Tornei-me um refugiado com dez anos de idade. A casa da minha família foi bombardeada. Eu era um refugiado no meu próprio país", disse o estilista, no momento em que Rússia e Espanha iniciaram uma disputa de penáltis nos oitavos-de-final, em Moscovo, no Campeonato do Mundo. Quando Demna Gvasalia era criança, a Rússia invadiu a sua região natal da Abkházia, forçando a sua família a fugir para a Europa Ocidental: o designer começou então uma longa jornada de autodescoberta. O desfile de domingo pareceu revelar parte disso.

Encenado sob um viaduto sob o principal anel rodoviário da cidade e apoiado por uma banda sonora que incluiu Sisters of Mercy, o desfile trouxe uma atmosfera carregada de hard rock. O look de abertura incluiu uma t-shirt segunda pele estampada com uma Virgem e o Menino Jesus diante de uma basílica russa. As t-shirts da coleção foram usadas com enormes casacos oversized, com grandes ombreiras, assim como a sua avó costumava usar nos seus próprios casacos. As parkas foram adornadas com grandes golas de malha; alguns modelos usavam gargantilhas sadomasoquistas. Nos pés, sapatilhas com spikes. Jeans cinza, recortados e remendados; casacos camuflados, usados com calções e capuzes a combinar. Em seguida, uma série de memoráveis parkas de esqui, muito desportivas, feitas nas cores das bandeiras da Rússia, Turquia, Ucrânia, Estados Unidos e, claro, da Geórgia. Cool, mas também ameaçador.

"É uma maneira muito diferente de trabalhar: não se trata apenas de fazer roupas. Percebi que precisava de contar uma história, a minha. Fazer um filme e não somente um desfile. Voltei às minhas raízes, no meu conturbado país. As roupas soltas foram inspiradas nos meus primos, que tinham mais dinheiro. Eu não sabia que a moda existia na altura!”, explicou o criador, no momento em que a Rússia, que frequentemente perde no futebol, mas raramente nas guerras no Mar Negro, venceu a Espanha nos penáltis.

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