"Fashion Pact": 32 gigantes da moda definem metas ambientais
Trinta e duas empresas de moda e luxo, representando 150 marcas, uniram-se para criar o "Fashion Pact" (Pacto da Moda), apresentado no dia 26 de agosto em Biarritz, França, aos líderes do G7 pelo CEO da Kering, François-Henri Pinault. Um pacto que visa limitar o impacto do setor no clima, biodiversidade e oceanos através de metas estabelecidas para 2030 e 2050.
Entre as diferentes metas climáticas estabelecidas está eliminar as emissões líquidas de carbono até 2050, através de programas de compensação verificáveis como o Redd + para complementar as medidas de redução. Além disso, até 2030, 100% das energias dos grupos devem ser renováveis, com a ambição de incentivar produtores a seguir o movimento.
Em relação à biodiversidade, os grupos pretendem renunciar aos stocks provenientes da pecuária intensiva, bem como favorecer as quintas que respeitam o ecossistema natural, protegem as espécies e regeneram os solos. Quanto aos oceanos, o pacto pretende protegê-los eliminando o uso de plásticos de uso único até 2030, apoiando a inovação de materiais para reduzir a poluição relacionada com microfibras de plástico.
Além da Kering, os primeiros signatários do pacto são Burberry, Chanel, Ferragamo, Armani, Hermès, Moncler, Prada, Karl Lagerfeld, Ralph Lauren, Stella McCartney e Zegna. A estas juntam-se as gigantes do retalho H&M, Gap e Inditex (Zara), as empresas desportivas Adidas, Nike e Puma, os gigantes chineses Fung Group (Juicy Couture, Kenneth Cole...) e Ruyi (Sandro, Maje, Claudie Pierlot...), os grupos Bestseller (Vero Moda,... LMTD), PVH (Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Speed...) e Capri (Versace, Jimmy Choo, Michael Kors…), bem como a entidade Fashion 3 do grupo Mulliez (Jules Brice, Pimkie…), Carrefour, Galeries Lafayette, La Redoute, Nordstrom, Selfridges, MatchesFashion e Tapestry.
"Ponto de viragem"
“O objetivo dado pelo Presidente da República (francesa) ao Sr. Pinault é colocar ordem nas iniciativas ambientais dispersas da indústria”, explica Baptiste Perrission-Fabert, chefe de gabinete da secretária da Ecologia, Brune Poirson. “E também mobilizar pelo menos 20% do setor. É um ponto de inflexão que faz com que as demais empresas não tenham mais desculpas para não agir.”
No entanto, não estão previstas sanções e outras medidas regulatórias. "Na moda, o melhor policial não é o Estado, mas o consumidor", explicou Marie-Claire Daveu, diretora de desenvolvimento sustentável e relações institucionais internacionais da Kering. "O que importa para nós não é o meio, mas os resultados. A partir do momento que os CEOs colocarem os seus nomes neste documento, serão necessárias ações, porque nas redes sociais, em particular, somos rapidamente questionados e sabemos os danos que podem ser exercidos na imagem de uma marca.”
Nenhuma organização não governamental foi consultada na elaboração do "Fashion Pact". Por outro lado, as ONGs podem ser chamadas a desempenhar um papel na avaliação do seu progresso. "Quando falamos na ideia de agrupar iniciativas que vão desde produtos químicos à agricultura regenerativa, ou quando mencionamos o Copenhague Fashion Summit, é preciso ter em mente que todas estas iniciativas têm ONGs específicas associada a elas”, explica Marie-Claire Daveu. "Sobretudo, são ONGs de escala internacional, como por exemplo o WWF à frente das questões de biodiversidade."
Em outubro, François-Henri Pinault irá reunir os signatários do Fashion Pact, que serão convocados a preparar um relatório anual sobre os progressos realizados. A LVMH, outra gigante de luxo francesa, explicou-lhe em maio que não iria participar na iniciativa.
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