Helena OSORIO
8 de set. de 2021
"Chaise médaillon" de Christian Dior revisitada por 17 artistas e designers
Helena OSORIO
8 de set. de 2021
A "chaise médaillon" – um fétiche de Christian Dior – costumava ocupar um lugar de destaque na sua primeira boutique em Paris em 1947. Após 74 anos, a convite da Dior Maison, a peça icónica foi revisitada por 17 artistas e designers, a fim de lhe conferirem um gosto atual. A Dior Maison apresenta o fruto dessa colaboração no Salone del Mobile em Milão, como sejam as criações destes artistas expostos nos museus mais prestigiados do mundo, que oferecem a sua própria visão artística e sensibilidade cultural, inspiradas em viagens, leitura e memória. São eles: Atang Tshikare, Constance Guisset, Dimorestudio, India Mahdavi, Joy de Rohan Chabot, Khaled El Mays, Linde Freya Tangelder, Ma Yansong, Martino Gamper, Nacho Carbonell, Nendo, Pierre Charpin, Pierre Yovanovitch, Sam Baron, Seungjin Yang, Tokujin Yoshioka e Jinyeong Yeon.
Segundo artigo divulgado pela AFP, esta cadeira estilo Luís XVI, estofada em toile de Jouy, também adornou – a preto e ouro ou a rosa e cinzento – as caixas dos primeiros perfumes da maison de alta costura.
Nestas cadeiras, Christian Dior, o grande costureiro fundador da maison, que morreu em 1957 aos 52 anos, sentou amplamente os seus convidados numa atmosfera que o próprio descreveu nas suas memórias como "sóbria, simples e, acima de tudo, tão clássica e parisiense".
Criada pelo marceneiro Louis Delanois, em 1769, esta cadeira oval apoiada em medalhões, que sobreviveu aos séculos incólume, foi assim redesenhada por 17 artistas e designers a pedido da Dior no Salone del Mobile, que abriu em Milão no domingo (5 de setembro) e encerra na sexta-feira (10).
Note-se que, entre as diferentes versões de móveis Louis XVI, a cadeira de medalhão é a mais apreciada de todas. Quando dispõe de costas em oval, é chamada também de cadeira "d'Artois" (1776), como acontece com o assento circular. Este nome vem do autor da encomenda, o Conde de Artois, irmão de Luís XVI.
"A cadeira de medalhão Louis XVI (do século XVIII) é para mim a apoteose do mobiliário francês, os marceneiros transformaram-na numa cadeira icónica, estampada com um verniz Martin, que era uma revolução na altura", disse à AFP, um dos convidados da Dior sedeado em Paris, o arquiteto de interiores francês Pierre Yovanovitch.
"É simples, é confortável, tornou-se muito popular, e graças às suas curvas torna-se imediatamente reconhecível", continuou Yovanovitch.
Daí o entusiasmo de muitos artistas e designers (entre outros) em reinventar esta cadeira, que se tornou um símbolo da Dior Maison, seguindo o exemplo de Philippe Starck, que há 20 anos criou uma versão ultramoderna para a marca italiana Kartell, chamada Louis Ghost, feita inteiramente de plástico transparente. Foi um sucesso internacional imediato.
"Símbolo de elegância francesa"
Para a ocasião, Pierre Yovanovitch imaginou uma dupla algo lúdica, "Monsieur e Madame Dior", duas cadeiras de medalhão em ferro com linhas puras, em amarelo e castanho claro, no famoso tecido e padrão Dior Oblique inventado em 1967 por Marc Bohan: "um piscar de olhos contemporâneo e rebelde", referiu ainda o que chegou a trabalhar como designer de moda da Pierre Cardin: "A cadeira é o objeto de design mais difícil de criar, porque deve ser única, confortável e reconhecível".
Já a arquiteta e designer franco-iraniana, India Mahdavi, comentou à AFP: "A cadeira de medalhão simboliza uma certa França clássica, uma elegância francesa, e divertiu-me" a criar uma "tribo" de cinco peças, reeditando-as com padrões de croché de lã em cores vivas".
Todas as cadeiras estão expostas no Palazzo Citterio (do século XVIII), em Milão, até sexta-feira (10). No caso daquelas da francesa de ascendência iraniana e também egípcia, distinguem-se como "produtos híbridos, misturando a tradição da maison de Dior e a visão dos padrões que desenvolvo para a minha própria coleção".
"Misturo sempre padrões florais e geométricos e cores muito fortes com preto e branco para encontrar uma certa luminosidade, estou sempre à procura de luz", acrescentou.
Ainda questionada sobre a ligação entre alta costura e o design de interiores, India Mahdavi disse que "por um lado vestimos corpos e, por outro, espaços".
A união de forças da Dior com estes artistas e designers internacionais, que estão expostos nos museus mais prestigiados do mundo, desde o MoMA em Nova Iorque ao Victoria and Albert Museum em Londres e ao MAD em Paris, reflete o desejo da maison por uma modernidade intemporal e o gosto de ver eternamente reinventada a cadeira fétiche do fundador, Christian Dior, que já antes se tornou um ícone, desde o século XVIII.
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