A androginia discreta da Givenchy
A maioria dos convidados que assistiram ao desfile da Givenchy na noite de domingo em Paris provavelmente nunca tinha ouvido falar de Annemarie Schwarzenbach antes do evento. Esta escritora e fotógrafa, de pensamento livre e vanguardista, viveu sob a República de Weimar e era famosa pelas suas roupas masculinas e discretas. Depois da sua contribuição para a cultura, desempenhou agora um pequeno papel na história da alta costura. A sua estética refinada e minimalista foi percetível ao longo do desfile. Na nossa era, e numa temporada de moda marcada pela androginia, a visão discreta de cross-dressing apresentada foi perfeita.
A designer da Givenchy, Clare Waight Keller, esteve em ótima forma para este desfile. Foram destaque, em particular, as calças cargo perfeitamente cortadas, de cintura alta e comprimento acima do tornozelo, com grandes bolsos. Algumas das quais foram combinadas com belos casacos perfecto - casaco de motoqueiro em francês - ou casacos Eisenhower com ombros largos.
Para a noite, os vestidos de chiffon de seda plissada com sutiãs em forma de leque realmente destacaram-se, assim como vestidos cocktail assimétricos de um ombro só com estilo grego minimalista.
Como o tema foi a androginia individualista, este foi um desfile misto. A coleção masculina também foi impressionante, com elegantes casacos de espião de couro, calças de pára-quedista com linhas arredondadas ou um casaco de motoqueiro sem mangas usado sobre um fato de lã às riscas na cor cru.
Clare Waight Keller apostou num final brilhante, com blazers metalizados para os homens, e vestidos coluna de seda preta adornados com detalhes e tubos de prata, usados com capas, para as mulheres. Em resumo, este foi o melhor desfile de prêt-à-porter de Clare Waight Keller para a maison Givenchy. Vestida com uma das calças cargo vistas durante o desfile, a criadora fez uma longa reverência, como se quisesse aproveitar este merecido momento de glória.
Intitulada “I Am Your Mirror” (“Sou o seu espelho”), a coleção foi apresentada no Palais de Justice. A fachada do maior tribunal de França foi iluminada com o nome da Givenchy, flutuando misteriosamente no ar através de um jogo de lasers e jatos a vapor bem orquestrados.
Annemarie Schwarzenbach, suspeitamos, teria amado a imagem e ficaria orgulhosa de ver o seu estilo pessoal compartilhado por tantos jovens.
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