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Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
7 de mar. de 2023
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6 Minutos
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A diversidade subversiva da Paloma Wool, Pressiat e Vaquera

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
7 de mar. de 2023

Belezas e corpos diversos, cujo regresso a uma representação limitada marcou em especial a Milano Fashion Week, foram as apostas de algumas das marcas mais jovens do calendário da Paris Fashion Week. Descontraídas e sem preconceitos, a espanhola Paloma Wool, a francesa Pressiat e a americana Vaquera propuseram silhuetas modernas e disruptivas, levantando a bandeira da inclusão e da diversidade.


Paloma Wool - outono-inverno 2023/24 - Womenswear - França - Paris - Paloma Wool


A maternidade e a reinvenção da Paloma Wool



No último desfile da marca espanhola em Paris, a sua designer e promotora Paloma Lanna recebeu os aplausos da sua crescente comunidade internacional com uma barriga de grávida incipiente. Apenas alguns meses depois, a criativa saiu para cumprimentar na sua apresentação no Bastille Design Center no Boulevard Richard-Lenoir, animada e com o seu bebé nos braços. Uma aparência que poderia ter permanecido simbólica se não fosse a vontade da designer em torná-la visível.

"Para mim sempre foi importante sentir-me bem com o que visto e nos últimos tempos tem sido um grande desafio. Estou a repensar o estilo e depois que fui mãe, o meu corpo e as minhas prioridades mudaram e tenho de fazer um exercício de imaginação diferente", explicou Paloma Lanna à FashionNetwork.com, sobre a evolução das suas conhecidas malhas assimétricas, que já foram usadas por cantoras renomadas como Rosalía, Dua Lipa ou Amaia.

"Por ser mãe, não só me torno mãe e me anulo em tudo. Tenho plena consciência do meu privilégio de mulher de sorte que pode ser mãe e trabalhar na sua paixão. Mas é difícil e exige muito esforço. Queria dar visibilidade a todos esses papéis que nós, mulheres, desempenhamos na vida familiar e profissional", explicou sobre a sua nova fase, em que as peças são sóbrias ou desportivas, as transparências transitam entre sobreposições, os vestidos são drapeados e justos e as peças comerciais afirmam-se em tops com capuz ou malhas de ciclismo.

Um caminho de amadurecimento pessoal e profissional que Paloma Lanna notou especialmente no trabalho dos padrões, agora “mais elevados, experimentais e menos ingénuos”. Da mesma forma, os habituais padrões gráficos da empresa foram relaxados, dando lugar à cor e à afirmação do tricot. "Em cada coleção, tento encontrar um equilíbrio entre o masculino e o feminino, entre o formal e o descontraído. A minha mudança de vida é percebida numa reinvenção mais madura destes códigos. Sinto-me mais mulher agora", disse Paloma Lanna.

Através de uma performance dirigida pela sua melhor amiga, a artista espanhola Carlota Guerrero, com a qual a marca tentou quebrar barreiras e mostrar os bastidores e o que aí acontece num desfile de moda, a Paloma Wool reivindicou uma moda sexy e sugestiva que não se limita à juventude mais tenra ou ao tamanho 34, mas evolui com os anos e com os corpos, abrindo espaço para todos os tipos de mulher.


A cantora, compositora e poetisa norte-americana, Halsey, protagonista no show da Pressiat - Pressiat / Sam Dameshek


O cabaret secreto da Pressiat



A poucos minutos da estação de metro do Pigalle, entre luzes néon, turistas e sex shops; a emblemática boîte parisiense Le Carmen tornou-se o local perfeito para receber a mais recente proposta do jovem designer francês Vincent Garnier Pressiat, à frente da marca "no gender" desde março de 2021. Imersos em luzes vermelhas, os imensos salões de tetos altos, as imponentes estátuas e os espelhos XXL do sumptuoso "hôtel particulier" do século XVIII, onde viveu o compositor George Bizet, serviram de pano de fundo para a coleção "Absolument".

Inspirado na obra do cineasta surrealista espanhol Luis Buñuel, Vincent Pressiat reinterpretou um conto parisiense em que a burguesia da cidade mergulhou no red light district do Pigalle, onde os personagens descobriram o seu alter ego, ausentes das convenções e preconceitos tradicionais. Para o costureiro formado nas fileiras da John Galliano, Balmain e Saint Laurent, esta é uma forma de “refletir a sociedade atual, uma necessidade de rebeldia para se libertar do julgamento que parece ter sido exacerbado nas redes sociais”.

A performance começou com uma série de personagens vestidas de preto, como se tivessem saído de alguma boîte, deslizando lentamente por entre os participantes num caminhar sedutor e com interações sugestivas. Seios visíveis transbordando de espartilhos que, atrás das costas, revelavam um corpo nu por baixo do laço, um vestido de gola alta que cobria até as bochechas e mascarava o rosto de uma modelo misteriosa, voluptuosos toucados de tule ou luvas de látex serviam de aperitivo para a toda a coleção revelada quando as luzes se acenderam.

Silhuetas que transitaram entre armaduras e espartilhos, entre as couraças protetoras e a sensualidade das cinturas justas, entre a alta sociedade e as mulheres do Pigalle vestindo heroínas da noite para as quais não há códigos de idade ou género definidos. Saias lápis com espartilhos, cardigans punk, vestidos longos de veludo ou minúsculo de couro, malhas resistentes, combinações de lingerie, smokings de cetim ou casacos de pele sintética branca, conjuntos de tweed ou prints de animal foram as estrelas, sempre combinados com plataformas bem altas, joias góticas ou até chicotes. Entre o casting diversificado, destacou-se a presença da cantora, compositora e poetisa norte-americana Halsey, que desfilou de mãos dadas com o estilista.


Vaquera - outono-inverno 2023/2024 - Womenswear - França - Paris - © ImaxTree


A liberdade acelerada da Vaquera



Não há dúvida de que a dupla americana formada por Patric DiCaprio e Bryn Taubensee domina de sobra o potencial comercial da Vaquera, a marca americana que já conta com uma fiel comunidade de seguidores entre o cool e o underground. No entanto, esta última temporada significou uma afirmação criativa da empresa, que não quer limitar-se à venda de T-shirts com logótipos reconhecíveis ou de vestuário concebido para passar no teste de vendas.

"Queríamos criar uma realidade diferente, e nesta temporada estamos a fazer coisas que nos emocionam e nos inspiram", explicou Bryn Taubensee após o show, que recebeu os convidados no número 3537 da Rue des Francs-Bourgeois, que se tornou a sede dos seus desfiles em Paris.

Procurando vestir os diversos personagens reais ou imaginários que habitam o horizonte nova-iorquino, a Vaquera iniciou o desfile com o habitual ritmo acelerado das suas modelos que, para o próximo outono-inverno, se vestem com calças largas de cetim, tops minúsculos como remendos de piratas, gorros de pele sintética que cobrem o rosto como balaclavas, looks de jeans rasgados, blusões de motard com tachas pontiagudas, T-shirts com mensagens, vestidos promocionais assimétricos ou lingerie sexy visível e sobreposta à roupa.

Destacou-se um look total rosa criado a partir da malha resistente que compôs um macacão com franjas e uma série de vestidos de noiva de cetim e transparências, com detalhes no cabelo, que mais pareciam sátiras dos desfiles da Victoria's Secret.

Fundada há uma década, a empresa de nome espanhol, em referência ao apelido de Patric DiCaprio quando trabalhava como lavador de pratos, tem vindo a desenvolver-se internacionalmente desde 2016 em colaboração com o Dover Street Market. Os seus designs originais de vanguarda foram exibidos no The Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque como parte da exposição "Camp: Notes on Fashion and In America: A Lexicon of Fashion" em 2021.
 

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