A ilha ensolarada da Chanel
O maior espetáculo da moda, uma extravagância da Chanel em Paris. A marca francesa produziu outro bom momento de moda na manhã de terça-feira (2), com uma visão elegíaca do verão diante de uma plateia gigantesca.
A maioria dos 2679 convidados já tinha perdido o bronzeado do verão europeu, mas foram transportados de volta às férias graças a outro espetáculo impressionante da Chanel, apresentado dentro do maior espaço de exibição do planeta, o Grand Palais.
A marca criou uma praia de 80 metros que incluiu o som das ondas e um enorme céu azul ao fundo. As primeiras modelos caminharam descalças pela praia, e por um calçadão banhado pelo sol cercado por cercas de areia, diante dos convidados que estavam sentados em cadeiras de praia de madeira.
O cenário foi inspirado no destino das férias de verão da família do diretor criativo da Chanel, Karl Lagerfeld, em Sylt, a ilha alemã no leste do Mar do Norte, conhecida pelas suas praias infinitas, que mudam de forma constantemente. Algo necessário na moda.
O otimismo invadiu todo cenário ensolarado, desde a abertura do desfile, que teve a modelo holandesa Luna Bijl vestida num fato branco em crepe com acabamento preto e um decote profundo na frente com fecho-éclair. E também usou luvas de couro preto com os dedos de fora e uma carteira acolchoada de couro Chanel.
Karl combinou blazers de tweed com lapelas e bolsos em tom areia, coral e tons de pôr do sol com leggings; túnicas largas verde menta e rosa; e vestidos de folhos, feitos em estampados de guarda-sol e cadeiras de praia.
Raramente o nome Chanel cobriu tantas roupas: de Kaia Gerber numa blusa militar de algodão branco, com "CHA" num bolso e “NEL” no outro; em cristais de cintos; ou chapéus de jóquei em ráfia. Enquanto o "C" duplo foi visto em sandálias transparentes com saltos de acrílico e em várias pulseiras e colares.
A banda sonora incluiu "L´amour à la plage", de Niagara, e para o final do desfile, quando todo o elenco caminhou com os sapatos na mão, tocou a clássica faixa de dance de Rita Mitsouko, "Marcia Baila".
De uma falsa cabana balinesa de palha e palmeira, Karl cumprimentou a plateia pela segunda vez consecutiva com o seu "braço direito”, Virginie Viard. Um dia agitado para Lagerfeld, que à noite vai celebrar a recente colaboração da sua marca homónima com Kaia Gerber, na sua sede no distrito de Saint Germain.
A posição exposta de Sylt no Mar do Norte permite uma perda contínua de terra quando há uma tempestade. Isso se refletiu-se de forma notável na passarela, que será desmontada em 48 horas. Ecologicamente correta, a Chanel utilizou as normas ambientais ISO 14001 para retirar areia de uma pedreira perto de Paris, que será utilizada na indústria deconstrução civil da cidade. Os assentos também devem ser utilizados noutros eventos. A Chanel pode ser um negócio de cerca de 10 mil milhões de euros, mas recicla sempre a decoração dos seus desfiles.
Depois do desfile, o público não queria ir embora do local, de tão encantador que era. Uma hora depois de as modelos terem saído da praia, estrelas do K-pop, clientes particulares chineses, it girls francesas, jornalistas, publicitários e até mesmo Pharrell Williams continuaram a posar para fotografias na ilha ensolarada da Chanel.
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