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Novello Dariella
Publicado em
27 de set. de 2018
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A moda rebelde da Maison Margiela

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
27 de set. de 2018

A Maison Margiela apresentou um desfile de moda híbrido e lançou uma nova fragrância na manhã de quarta-feira, durante a Semana da Moda de Paris. Uma declaração de moda em sintonia com os tempos, transgressora e sem género, e um lembrete da capacidade da moda de defender novas formas de pensar, apoiando as suas causas.


Maison Margiela - primavera-verão 2019 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


Tanto o desfile quanto o perfume foram batizados "Mutiny" ("Motim"), e tanto o elenco escolhido como a moda sem género podem definitivamente ter parecido um ato de rebeldia aos olhos dos mais conservadores.
 
Antes do desfile, um ótimo vídeo a preto e branco (o último podcast de Galliano para a maison) foi projetado nas paredes brancas do Grand Palais. Os seus protagonistas foram Willow Smith, a cantora Princess Nokia, a modelo Molly Bair e a modelo Hanne Gaby Odiele, o famoso ícone intersexual.

“We're willing to endure pain” (Estamos dispostos a suportar a dor), "I can break rock, I'm that strong” (Sou tão forte que posso quebrar pedras), eram alguns dos slogans que se podiam ler nos gráficos punk do vídeo. Então, o desfile começou: jaquetas e ponchos de feltro com corte brilhante, com todos os tipos de inserções cortadas a laser, casacos de tweed em espinha de peixe deliberadamente sujos e impressionantes; ponchos fluidos e trench oversized.

Além disso, todos os acessórios eram surpreendentes, desde os chapéus gigantes com inserções às botas de cowboy com recortes e as lindas sandálias com plataforma de couro branco que exalavam o ADN da Margiela.


Maison Margiela - primavera-verão 2019 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


Tudo isto poderia ter parecido um pastiche político, mas graças aos cortes extraordinários, às proporções inovadoras, à encenação inteligente e aos toques iconoclastas do diretor criativo John Galliano, foi de facto um belo espetáculo.

É verdade que muitas vezes era difícil ter certeza do sexo exato de cada modelo. Era um homem ou uma mulher com o casaco longo de smoking? Ou a incrível combinação de leggings azul-turquesa, botas de cowboy, blazer de tweed com uma enorme gravata jacquard de estampado floral - menino ou menina? Uma meia dúzia de gravatas enormes foram o lema desta coleção mista. Moda híbrida para pessoas híbridas.

“Explorar caimentos, corte e drapeados sem considerar o género, para guarda-roupas de mulheres e homens”, explicava a nota do programa. Houve um enorme aplauso no final, tanto pela causa quanto pelas roupas. Galliano, como é costume desde que ingressou na Margiela, não saiu para cumprimentar o público no final do desfile.


Maison Margiela - primavera-verão 2019 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


Depois do desfile, uma enorme tela de LED num camião em frente ao Grand Palais projetou a campanha do novo perfume, um exemplo brilhante de street marketing.
 
Galliano certamente não é o único designer a explorar os limites da moda sem género. Alessandro Michele, por exemplo, também tem sido muito ativo nesse quesito. Mas, os experimentos estilísticos do inglês foram realizados com um carinho e uma curiosidade pelo assunto que fez deste um momento verdadeiramente admirável. A moda a cumprir uma função social muito útil, e com uma ótima aparência também.

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