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Portugal Textil
Publicado em
4 de jan. de 2019
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8 Minutos
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A moda também pode ser modesta

Por
Portugal Textil
Publicado em
4 de jan. de 2019

O mercado de retalho para mulheres que preferem vestir-se de um modo mais conservador pode valer mais de 350 mil milhões de dólares (cerca de 307 mil milhões de euros) em dois anos. As grandes marcas e os retalhistas estão atentos à importância da tendência, que vai além da religião.

The Modist


A primeira vez que Maria Alia usou um hijab foi no seu primeiro dia de aulas na Baker High School, em Mobile, Ala. O seu pai é sunista (uma corrente do islamismo), e todas as mulheres na sua família usam um véu a cobrir a cabeça, incluindo a sua mãe, que é porto-riquenha. Maria Alia sempre adorou roupa, mas, enquanto crescia, nunca viu ninguém semelhante a si em blogues de moda ou em revistas.

Na alta-costura, a palavra «beleza» raramente foi associada à utilização do hijab. Porém, quando começou a publicar selfies na sua conta do Instagram, foram várias as raparigas muçulmanas que começaram a falar com a jovem, pedindo-lhe conselhos, conta à Bloomberg.

Maria Alia, agora com 26 anos, tem mais de 400 mil seguidores no Instagram, fazendo dela uma das mais populares influencers de moda modesta. Já trabalhou com marcas como a Tiffany, a Giorgio Armani ou a H&M, entre outras, sempre usando um véu, em várias cores e padrões. Por vezes, usa um vestido longo da Carolina Herrera e noutros dias conjuga uns jeans com sapatilhas Nike M2K Tekno.

Ela é uma das estrelas digitais que, nos últimos dois anos, fez da «moda modesta» um termo em voga. O estilo é tão antigo quanto Adão e Eva, mas está na moda há pouco tempo. «Toda a gente tem a sua interpretação de moda modesta, mas esta ideia que é apenas uma forma de vestir muito básica, sem adereços e simples – essa foi uma definição criada por outra pessoa», considera Maria Alia.

Uma tendência em crescimento

Numa indústria na qual uma modelo negra ser capa de uma revista de moda ainda é notícia, o grande número de seguidoras de mulheres muçulmanas, como Maria Alia, deu às marcas a coragem necessária para irem além das típicas imagens da mulher branca e abraçar uma maior gama de corpos e culturas. «As redes sociais criaram a nova moda. Agora, a mulher modesta tem uma comunidade. Já não tem que se sentir sozinha», afirma Alia Khan, presidente do Islamic Fashion and Design Council, do Dubai.

Halima Aden, modelo muçulmana, é uma das mais reconhecidas caras da moda modesta, com 780 mil seguidores no Instagram. Depois de ter ganho popularidade por usar um hijab e um burkini no concurso de beleza Miss Minnesota USA, há dois anos, já apareceu em 10 capas de revista, incluindo a Vogue britânica e a Allure. «Todos os dias recebo mensagens, nas redes sociais, de mulheres que me agradecem por, essencialmente, aos olhos delas, fazer da roupa modesta interessante» revela a modelo, que nasceu num campo de refugiados no Quénia. «Eu nunca soube que uma mulher negra, que usa hijab, poderia chegar ao patamar mais alto da moda. É difícil visualizar algo que nunca se viu antes», confessa.

Consumidores à frente das marcas

As ações da L Brands Inc., detentora da Victoria’s Secret, baixaram mais de 65% desde 2015, numa altura em que a marca continua a apostar na sua génese “sexy”. Entretanto, startups como a Fashion Nova ou a coleção de lingerie da artista Rihanna, “Savage x Fenty”, estão a ser bem-sucedidas, ao enfatizar o poder da positividade em relação ao corpo.

Em outubro, um fórum da New York’s Fashion Institute of Technology definiu a moda modesta como roupa «que cobre o corpo quanto quem a veste deseja». Steven Frumkin, diretor da Baker School for Business and Technology na Universidade de Nova Iorque, refere que esta nova atenção é resultado de diversos fatores, mas sugere que foi fomentada, inicialmente, pela nova influência e poder de compra das mulheres muçulmanas.

Mundialmente, os consumidores gastaram 254 mil milhões de dólares em vestuário muçulmano em 2016, segundo o relatório State of the Global Islamic Economy. Outros relatórios estimam que o mercado pode valer mais de 350 mil milhões de dólares em dois anos, ficando atrás apenas do mercado dos EUA e da China.

«O número de mulheres muçulmanas sempre foi bastante elevado, mas quando esse valor atinge a massa crítica, torna-se significante no mercado», assegura Steven Frumkin. Houve ainda outros grupos que se apoderaram do vestuário modesto e chique, como os judeus ortodoxos, os católicos, ou as mulheres sem nenhuma religião em particular, mas que simplesmente preferem não expor muita pele.

O designer britânico Richard Quinn recorda que a palavra modesta costumava ter conotações negativas. «É o mesmo que as pessoas pensam quando se fala em moda ética. O que estas mulheres gostam é de modelos clássicos, que acabam por cobrir o corpo de um modo elegante», esclarece.

O retalho não fica para trás

Depois do boom da tendência, os retalhistas são cada vez mais inteligentes no apelo direto a estes consumidores. Em fevereiro, a Macy’s Inc. introduziu a Verona Collection, uma linha de vestuário que inclui casacos longos e hijabs coloridos. Este verão, o gigante do comércio online Net-a-Porter acrescentou o botão “Modest” na navegação do site – situado entre “Loungewear” e “Pants” –, onde os consumidores podem pesquisar por produtos específicos, incluindo um vestido de cetim de seda de 1.370 dólares da Hillier Bartley, e um casaco florido de 4.500 euros da Gucci. A nova possibilidade de pesquisa seguiu-se à primeira coleção relativa ao Ramadão do site, em abril, criada por designers do Médio Oriente como Elie Saab e Reem Acra. No entanto, a maior parte da coleção foi desenhada por marcas internacionalmente reconhecidas como Oscar de la Renta, Mary Katrantzou e Jenny Packham.

Este ano, o Islamic Fashion and Design Council convidou designers da região, bem como a Burberry, a DKNY e a Dolce & Gabbana para criarem coleções para o segmento da moda modesta. Alia Khan assegura que, atualmente, é mais fácil entrar neste mercado do que foi entrar no mercado chinês há 20 anos. «Da perspetiva de uma marca, podemos atingir o público mais facilmente. Sabem as coisas que não podem fazer: a roupa não pode ser demasiado justa, não pode ter transparências, nem decotes. Estas são regras simples. Neste momento, a procura supera a oferta», garante.

As passerelles deste ano estiveram recheadas de opções deste estilo. A Valentino e a Row conduziram o caminho, com tecidos luxuosos e visuais para que os ornamentos e as camadas deem uma sensação de modéstia. Richard Quinn também tem tido sucesso no mercado do Médio Oriente, graças a peças como partes de cima estampadas e camisolas de gola alta. «Não se olha para o que desenho e se diz “oh, está toda tapada”. Uma mulher que não está necessariamente focada na moda modesta iria olhar igualmente para as peças com desejo», assegura.

O maior sucesso, para já, tem sido do website The Modist. Fundado por Ghizlan Guenez em 2017, o portal criou roupas com designers de topo, desde os longos vestidos estampados da britânica Erdem até às blusas do austríaco Petar Petrov. «Há uma ideia errada de que se compromete o estilo se se vestir de um modo modesto, mas há uma secção em todos os guardas roupas femininas que é modesta», lembra Ghizlan Guenez.

O fundador da The Modist admite que não tem que ditar uma definição de modesta para os seus clientes. As peças de roupa que apresenta tendem a ter golas altas, bainhas mais longas, luvas e não contêm materiais transparentes. «Não há problema que toda a gente tenha uma definição diferente», defende a modelo Halima Aden. «Eu prefiro as mangas de três quartos do que das mais compridas e, tendo em conta a minha fé, uso gola alta ou um lenço a cobrir o meu pescoço e um hijab ou turbante a cobrir o meu cabelo», elucida.

Em setembro, o The Modist anunciou uma parceria com a Farfetch, com o objetivo de se expandir para além do mercado do Médio Oriente, que representa 35% do seu negócio. No próximo ano, o The Modist irá apresentar uma coleção exclusiva com Roland Mouret, bem como uma coleção referente ao Ramadão, de ­caftans.

Já Natalie Kingham, diretora de moda e de vendas do site britânico Matchesfashion.com, reconhece que o seu website não foi atualizado com nenhuma referência à moda modesta, mas concorda que a mudança está no ar. «Temos feito bons negócios no Médio Oriente, porque sempre favorecemos esse estilo. Ter os braços cobertos é muito chique», declara. Kingham considera que a mudança da perceção da moda modesta é social e não cultural. «Nós inclinamo-nos para diferentes musas em diferentes estações. Este ano, eu vi a musa como uma mulher guerreira, que está mais coberta, mas ainda é poderosa, com ombros fortes, e muito sensual. Vivemos em tempos incertos, por isso, é como se ela tivesse mais armadura», destaca.

Tendência que vai além da fé

Uma armadura que vai ficar durante algum tempo. «Isto vai além das mulheres de fé», avisa Daniela Karnuts, a designer por detrás da marca britânica Safiyaa, que tem sido preferida por Meghan Markle e Kate Middleton e cujas roupas são vendidas em lojas de topo no Médio Oriente, incluindo a Boutique 1 no Dubai e a Harvey Nichols em Riyadh. «Os clientes judeus e muçulmanos estão à procura da mesma coisa que uma mulher de um embaixador, que, por norma, se veste de um modo mais conservador. Ou uma CEO que vai ao Fórum Economico Mundial», afirma Karnuts. «Esqueçam a modéstia! Muitas marcas são bastante reveladoras e as mulheres nem sempre estão assim tão confortáveis na sua própria pele. Uma mulher nunca é atraente se não está confortável na sua própria pele», sublinha.

Segundo Alia Khan, a sua organização esteve recentemente a trabalhar em Itália, onde os muçulmanos são o segundo maior grupo religioso, mas começaram a receber pedidos de católicos que não conseguiam encontrar a roupa ideal para levar à missa. «Há muitas similaridades entre os perfis de consumidor, mas a sua lealdade deve ser o fator mais atrativo para as marcas. A maioria destes consumidores tomaram opções baseados na fé com qual se comprometeram, uma decisão que é normalmente para a vida», conclui.

 

 

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