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13 de dez. de 2016
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A reinvenção da Fábrica de Tecidos do Caravalho

Publicado em
13 de dez. de 2016

Nas feiras, Francisco Xavier Gomes, tem sempre uma garrafa de água à mão. Não é para beber. É para estar pronto a fazer logo ali um teste de qualidade dos seus produtos. Se lhe parece que o promitente cliente está cético, ele entorna um pouco de água na mesa, que prontamente enxuga com um felpo da Fábrica de Tecidos do Carvalho, ficando assim demonstrada a excelente capacidade de absorção dos seus atoalhados.


Esclareça-se desde já que nesta história, que já vai em 91 anos, o único carvalho existente é muito provavelmente a árvore que deu o nome à Quinta do Carvalho, em Gandarela, onde nasceu a empresa, pela mão de António Ferreira Gomes, avô de Francisco Xavier, o atual CEO.

Lençóis, em linho e algodão, foram o primeiro produto da empresa, que durante a II Guerra Mundial diversificou para riscados fortes, tecidos para fardas, lenços de mão, etc… (“Havia falta de tudo”), e fartou-se de ganhar dinheiro.

No final dos anos 50, a 2a geração da família Gomes teve a visão estratégica de usar os capitais acumulados durante e guerra para mudar a Fábrica do Carvalho da quinta que lhe deu o nome para instalações mais amplas e modernas, bem servidas de transportes (na EN 105 e bem perto do caminho de ferro de Lordelo), de modo a facilitar o acesso da matéria-prima e o escoamento de mercadorias.

Embalada pelas vendas para as ex-colónias, e combatendo a sazonalidade ao acrescentar mantas e cobertores à sua carteira de produtos, a empresa foi prosperando até ser sacudida pelas consequências do 25 de Abril.

“Perdemos um mercado, o das ex-colónias, mas ganhamos outro o mercado interno, que se tornou atraente com o estabelecimento do salário mínimo e a subida generalizada do poder de compra”, reflete Francisco Xavier, que fez parte da 2ª fornada do curso de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho e passou pela Belcor e pela Baiona antes de, em 1983,  deitar âncora na empresa fundada pelo avô.

Teve um choque. Encontrou uma empresa antiquada e apática, velha e sem mercados. “Faltavam-lhe duas coisas: exportação e organização”, diz  Feito o diagnóstico, passou à ação. Primeiro, apertando o controlo de custos, para garantir um mínimo de autonomia financeira que permitisse à Carvalho manter a cabeça fora de água. Depois afinando o produto, descontinuando a produção de mantas e cobertores e apostando nos felpos.

“Definimos o nosso caminho com a ajuda do mercado. Chega-se a uma altura em que se tem de mudar. Foi o mercado que nos abriu os olhos e ajudou a ver onde estava mais futuro, mais procura e mais cash flow”, sintetiza Francisco Xavier.

Não foi a última crise que teve de vencer. Já neste século, o efeito conjugado da adesão ao euro e da entrada dos países asiáticos na OMC feriu gravemente a competitividade da nossa ITV. A Fábrica de Tecidos do Caravlho soube adaptar-se e sobreviver. Como? “Fazendo aquilo que as organizações têm de fazer em momentos de crise.

Modernizando-se, reinventando-se, apostando no desenho, inovação e qualidade, tornando os seus processos produtivos mais flexíveis e versáteis. Não se pode estar sempre a fazer a mesma coisa. Quem não fizer isso está tramado”, avisa Francisco Xavier.

A Empresa:
Fábrica de Tecidos do Carvalho
Estrada Nacional 105 nº 991
4815-135 Lordelo, Guimarães
Atividade Fabrico de atoalhados turcos para casa e hotel, toalhas de praia e robes Trabalhadores 200 Volume de negócios 22 milhões de euros (95% exportações) Principais mercados França (25%), Estados Unidos (20%), Itália (15%), Suíça (15%) e  Suécia (10%)

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