A vida noturna da Egonlab e Etudes Studio em Paris

A Paris Fashion Week masculina começou, na terça-feira (17 de janeiro), em modo escuro com desfiles com uma atmosfera ligeiramente crepuscular, dominada por uma paleta obscura, como se a crise ambiental se tivesse esfregado nas coleções. A Egonlab e a Etudes Studio, em particular, levaram os seus convidados numa viagem através da cidade na calada da noite.

Trovões, trovoada ao longe, luzes tremeluzindo nos postes de uma rua escura... O palco está montado para receber o desfile Egonlab, com seu cortejo de personagens heterogéneos e caprichosos, retirados do seu universo onírico no mundo real. Na verdade, uma fauna noturna muito underground, sob influência punk. Como testemunham as inúmeras peças em pele, os colares de espinhos metálicos, alguns pullovers carcomidos por traças com grandes buracos e o xadrez vermelho, que pontua a coleção com sobressaia, écharpe, e casaco matelassée ou orla de um casaco.

Para o resto, o look casual, com uma série solta de camisas florais, chandail ou blusões de ganga e um casaco polar heterogéneo sobre uns jeans acastanhados pelo desgaste, alternam com looks mais chiques baseados em fatos de tweed, reinventados em modo sexy, com silhuetas femininas em camisolas e vestidos justos em cetim fluido, ou ainda com apostas bem fortes, como as daqueles modelos vestindo bermudas ou calças de couro envoltas por grande casaco em pele ou blusão extra large rosa chocante.

Os fatos, em particular, são retrabalhados em novas proporções, com ombros com picos e mangas de pernas, enquanto as lapelas dos casacos são tricotadas em faixas coloridas, estendendo-se até aos pés como um lenço comprido. A coleção para a estação de outono-inverno 2023/24 concebida por Kévin Nompeix e Florentin Glémarec oferece também outras peças desejáveis, tais como o mini-doudoune azul petróleo, o casaco de veludo com colarinho com padrão diamantado e bordo tricotado com motivos de losangos, ou o incrível casaco feito inteiramente de grinaldas.

Outros achados, que certamente agradarão aos fãs da moda, incluem o mini-kilt pregueada em forma de camisa virada para cima, com as mangas penduradas nas costas, para ser sobreposto às calças. Ou a cinta-liga de ganga, que também pode ser passada sobre um par de calças de ganga. E não esqueçamos os cintos com a fivela de ouro duplo Gucci reconhecível, o resultado de uma colaboração com a maison de luxo italiana.

"Concebemos esta coleção como "a contraparte do mundo real do País das Maravilhas, onde todos se inspiram nos seus sonhos ou pesadelos para construir a sua personalidade na vida real", explicou a dupla nos bastidores. "Trabalhámos de novo toda a alfaiataria com um toque muito grunge e punk. É um guarda-roupa que se está a tornar mais feminino, mas continuamos sem género", dizem os dois designers, que agora são distribuídos por cerca de 50 retalhistas e acabam de lançar o seu próprio website.

Do lado da Etudes Studio, a decoração é igualmente perturbadora. Um velho estacionamento de cimento abandonado, apenas iluminado pelos feixes de alguns holofotes. O desfile abre com a melancólica canção cantada ao vivo pelo artista compositor Koudlam, natural da Costa do marfim, que desce lentamente as rampas da fantasia, em chapéu e óculos escuros.

Os primeiros modelos aparecem em looks totais, de botas de borracha a bonés, as roupas, já gastas e desbotadas, disponíveis na mesma tonalidade. Rosa empoeirado, bege, cinza, preto, azul esverdeado. A coleção oferece tanto looks casual (sweaters, jeans desbotados, agasalhos) quanto looks mais formais (fatos, casaco camel). O desfile termina com uma piscadela àqueles graffitis brancos bordados numa grande camisola preta ou num fato em tecido de lã.

A vida noturna da Egonlab e Etudes Studio em Paris

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