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24 de mai. de 2022
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Açoriana Mazal transforma rocha vulcânica em cosméticos

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24 de mai. de 2022

A startup açoriana Mazal – criada pela arqueóloga, historiadora de arte e investigadora Vera Leal e incubada na StartUp Angra, sedeada na Ilha Terceira – está a transformar rocha vulcânica em cosméticos para higiene pessoal, reservando o sonho de chegar aos EUA.


As amigas Vera Leal da Mazal e Gabriela Juárez, nos Açores - Sapo24


A também açoriana Vera Leal trabalha o projeto em laboratório desde 2016, criando finalmente em 2020 os contornos da Mazal como uma aposta na cosmética sólida, e lançando agora produtos cosméticos com ingredientes da ilha Terceira, com base no basalto que caracteriza as ilhas do arquipélago. Já a StartUp Angra "é uma incubadora de empresas de base local, que apoia os empreendedores locais no processo de desenvolvimento de empresas, desde a ideia de negócio até à sua implementação", pode ler-se no próprio site.

Vera Leal formou-se em Arqueologia e História da Arte, ramo em que se especializou, investigando como bolseira em Espanha e no continente português, nomeadamente no Museu Municipal Santos Rocha da Figueira da Foz, onde foram descobertos vestígios da presença romana em Portugal, bem como esculturas medievais e renascentistas.

O interesse pela cosmética surgiu, em 2016, devido a problemas relacionados com a pele atópica (eczemas, alergias, etc.) e alopecia androgenética (perda de cabelo), que a levaram a procurar um estilo de vida mais saudável. Procurando produtos indicados nas ervanárias e pesquisando os nomes e composições, Vera Leal acabou por se embrenhar na área, decidindo realizar um workshop de forma autodidata para criar e experimentar o novo produto.
 

Paisagem basáltica e marinha da Ilha Terceira - Instagram: @iloveazores


Em 2016, montou um laboratório em casa onde começou a fazer experiências com materiais, para perceber como eram produzidos os produtos naturais de cosmética para a pele ou cabelo. Decidiu tirar um curso de Biocosmética no Instituto Português de Naturalogia (IPN), em Lisboa, que aprofundou com outra formação online ligada a fórmulas botânicas, por uma universidade britânica.

Depois de uma equipa de especialistas avaliarem as suas fórmulas com um feedback estruturado, avançou finalmente em 2020 com a ideia do que viria a ser a Mazal.
 
No mesmo ano, regressou aos Açores para operar em escavações arqueológicas na Terceira, que é considerada património cultural da UNESCO; para lecionar História num liceu local; e para desenvolver a Mazal.
 
Desde sempre a sua ideia foi criar produtos cosméticos com ingredientes da ilha Terceira, mais especificamente produtos de higiene pessoal sólidos como "um sabonete, mas com a função de creme ou de champô", diz Vera à Sapo24: "A vantagem deste formato é que não necessita de embalagem, pode ser só uma caixa de cartão reciclado, além disso é super fácil de transportar, porque não tem o problema dos líquidos no aeroporto, por exemplo. É também mais compacto e poupa água, que acredito que será um recurso escasso em muitos pontos do globo e mais ainda no futuro”, explica melhor.


Pedreira de basalto na Ilha de São Miguel - Marques Britas


O basalto é o ingrediente-base, recuperado dos resíduos da construção local, que triturados formam um pó fino e rico em minerais pronto a utilizar na cosmética.
 
Os primeiros sabonetes foram vendidos a amigos e a locais que deram bom feedback ao produto, acabando por ser aconselhada pela amiga terapeuta Gabriela Juárez a profissionalizar o projeto, juntando-se em 2021 à StartUp Angra, em Angra do Heroísmo.

“O mercado da cosmética, na minha opinião, está bastante saturado", diz ainda, acrescentando que "encontrei aqui uma lacuna: nos Açores não há cosmética sólida e, portanto, seria introduzir aqui um conceito que já existe em toda a Europa, Estados Unidos, etc.”, reforça a mentora da Mazal, cujo nome é hebraico e significa “boa sorte”.

O objetivo é colocar um produto no mercado até ao final de 2023, direcionado a turistas que visitam a região, com uma consciência ambiental maior e como uma lembrança para levar para casa.
 
Num futuro próximo, Vera Leal pensa criar uma loja online e disponibilizar os seus produtos numa série de unidades hoteleiras da ilha Terceira e de outras regiões dos Açores já interessadas no projeto. Porém, o sonho, é expandir-se para os EUA.
 

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