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Portugal Textil
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8 de jun. de 2022
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Adalberto supera 2019

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Portugal Textil
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8 de jun. de 2022

O ano passado acabou por superar as expectativas e permitir à Adalberto ultrapassar o volume de negócios registado antes da pandemia, mas o aumento dos custos, especialmente da energia, não deixou margem ao crescimento dos lucros. 


César Lima, que há cerca de meio ano assumiu a direção-executiva da Adalberto


A retoma do negócio após o período mais negro provocado pela covid-19 garantiu à Adalberto um volume de negócios à volta dos 25 milhões de euros, um valor acima do registado em 2019. «Estamos a falar de um crescimento de 10% a 15% relativamente aos números de 2019», revelou César Lima, que há cerca de meio ano assumiu a direção-executiva da empresa.

Um aumento que se deve «a um esforço muito grande a nível da qualidade de produção e de prazos de entrega, porque entendemos serem esses os drivers importantes para os nossos clientes. Portanto, o crescimento foi muito assente em tentar melhorar no lado operacional para poder prestar o melhor serviço e, de alguma forma, isso tem vindo a ser reconhecido. Conseguimos recuperar algumas contas grandes e crescer em clientes que já tínhamos», explicou ao Jornal Têxtil.

A proximidade aos mercados começou igualmente a ser mais valorizada, acentuando uma tendência que vinha já de trás. «Acho que estamos a conseguir lutar contra aquilo que são os nossos concorrentes internacionais. Tínhamos uma concorrência muito forte dos países asiáticos, da Turquia também, e, de alguma forma, a pandemia veio mostrar às empresas, principalmente às marcas europeias, que em termos de cadeia de abastecimento se calhar essa não seria a melhor solução, que precisariam de soluções mais próximas, que fossem mais resilientes a episódios como este e isso favoreceu todo o setor português», admitiu César Lima. «Por outro lado, as empresas estão cada vez mais focadas em inovação e na questão da sustentabilidade e penso que é por aí também o segredo da têxtil portuguesa», acrescentou.

Embora as vendas tenham sido positivas, os resultados não foram tão bons. «2021 não acabou bem devido aos custos com a energia. É uma história que muitos de nós que estamos no sector temos vindo a acompanhar e esta explosão que houve nos preços do gás e da eletricidade foi sentida de especial forma na Adalberto nos últimos meses do ano», reconheceu. 
Com apenas parte desses custos passados ao cliente, porque «tomámos a decisão de absorver, de alguma forma, esse impacto», a empresa está atualmente a tomar medidas para mitigar os efeitos da oscilação dos preços da energia, nomeadamente do gás.

É o caso da nova caldeira de biomassa, que se vem juntar aos painéis fotovoltaicos, já instalados no ano passado, que permitem responder a 10% a 15% do consumo elétrico da Adalberto. «A caldeira de biomassa permitirá substituir tudo o que é energia necessária para gerar vapor dentro da fábrica e que é responsável por cerca de 60% do nosso consumo de gás natural», apontou o CEO. Uma aposta que, face aos elevados preços praticados no gás, poderá permitir um retorno do investimento, que ronda o milhão de euros, «em dois ou três anos». 


O ano passado superou as expectativas e permitiu à Adalberto ultrapassar o volume de negócios registado antes da pandemia


Para 2022, a Adalberto está a analisar novos mercados – dos EUA e Canadá ao reforço nos países do Norte da Europa –, mantendo o seu foco na inovação, como a recente travel shirt, que incorpora uma série de tecnologias, nomeadamente antirruga, repelência à água e sujidade, antimicrobiana e antiviral.

Além disso, «uma prioridade grande é mudar a perceção das pessoas daquilo que é a Adalberto, que é quase sempre muito associada a estamparia e nós pretendemos ser muito mais do que isso. Neste momento já somos mais do que isso e pretendemo-nos posicionar, efetivamente, como uma empresa que ajuda a encontrar soluções na têxtil através de parcerias na confeção, por um lado, mas também na área da tecelagem e dos malheiros, por outro. Através dessas parcerias conseguimos encontrar soluções para os desafios que o novo mundo nos está a colocar», resumiu o CEO. Em termos de números, a meta será alcançar «um crescimento de, pelo menos, 15% a nível de vendas», avançou.

Um objetivo que se enquadra nas ambições a médio prazo de César Lima, que passam por «consolidar a posição da empresa, dentro do que é o mercado nacional e expandir a nível do mercado internacional, e conseguir esta mudança de Estamparia Adalberto, para que, quando as pessoas pensarem em Adalberto, pensem que é um parceiro ideal para desenvolver novos produtos, produtos mais tecnológicos, sempre com o apoio de outras empresas parceiras».
 

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