Agatha Ruiz de la Prada: "Não vou desenhar um espaço em branco"

A estilista aristocrata madrilena, Agatha Ruiz de la Prada, disse na Miami Fashion Week (MFW), que terminou no domingo (5 de junho), não ter medo da "página em branco", porque tem o seu "estilo próprio", sublinhando ainda que a moda espanhola se encontra num momento "sensacional". No seu desfile de moda, na sexta-feira (3), em Miami, a titula de 61 anos (13.ª Marquesa de Castelldosrius, 29.ª Baronesa de Santa Pau) salientou ainda que esta se tratou de uma edição muito especial, pois veio depois de dois anos de paragem devido ao COVID-19.

A MFW celebrou o seu 22.º aniversário com um programa que, para além de Agatha Ruiz de la Prada, incluiu o venezuelano Ángel Sánchez, o mexicano Benito Santos, o cubano René Ruiz (RR) de Miami, o indiano-americano Naeem Khan e a marca italiana Missoni.
 
Para acentuar a "especialidade" da edição deste ano, Agatha pensou em fazer uma retrospetiva dos seus desenhos com os seus trajes "mais espetaculares", tais como os fatos de roda, os fatos de aro e os fatos "Michelin", mas foi-lhe pedido que apresentasse uma nova coleção e "a toda a velocidade".

Como resultado apresentou 23 modelos "Cruise", a especialidade da MFW, que este ano tem a moda e a arte como leitmotif.
 
Agatha Ruiz de la Prada apresentou assim vestidos e outras peças de vestuário em homenagem ao pintor Rothko, bem como os seus desenhos característicos com motivos de estrela ou sol em cores vivas.
 
Mais acrescentou que a sua moda é "muito Miami", tanto que num dos eventos MFW conheceu senhoras vestidas com trajes que se pareciam com os seus.

Da pandemia retirou alguns “ensinamentos maravilhosos", tais como estar mais calma e apreciar estar em casa, mas sente que agora todos querem recuperar esse tempo e fazer tudo ao mesmo tempo, o que considera stressante, embora se sinta honrada por ter convites para 10 jantares na mesma noite.
 
O próximo convite é para assistir ao Carnaval de Tenerife, que devido à pandemia está a ser realizado em junho, em vez de fevereiro, como é habitual.
 
A designer de Madrid, criadora de peças reconhecíveis, diz que Espanha é o país mais importante do mundo na moda, não só por causa de talentos como o grande Cristóbal Balenciaga, mas também porque desenvolveu e implementou o conceito de "moda rápida" em todo o mundo num espaço de tempo muito curto.
 
As empresas espanholas de moda rápida são as mais importantes do mundo e isso torna a moda espanhola "sensacional", reforçou Agatha Ruiz de la Prada, acrescentando que a edição deste ano da MFW foi a melhor de sempre, e destacando o facto de ser a primeira semana da moda no mundo depois de ter entrado no Metaverso.

"Sou uma designer para o Metaverso", frisou Agatha Ruiz de la Prada, sempre contestatária. "Embora se me apontassem uma arma à cabeça para vos dizer o que isso é, eu não poderia", sublinhou.
 
A "surpresa" da abertura oficial na MFW foi a apresentação do L'Atelier, o primeiro clube de membros de NFT (Non Fungible Token) dedicado à indústria da moda.
 
O L'Atelier é assim um espaço virtual ao qual têm acesso estilistas, modelos, fotógrafos e amantes da moda, para criar, inovar e construir uma comunidade. Este está também aberto desde sexta-feira (3).
 
O L'Atelier encontra-se instalado na Decentraland, o mundo virtual no qual os humanos interagem social e economicamente como avatares através de software no ciberespaço.
 
A Decentraland é uma plataforma de realidade virtual descentralizada 3D, que consiste em 90.601 parcelas de terreno. Os bens virtuais na Decentraland são NFTs que podem ser adquiridos através de moeda criptográfica, que se baseia na cadeia de bloqueio Ethereum.