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9 de mar. de 2021
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Akris anda na linha

Publicado em
9 de mar. de 2021

O designer de moda suíço Albert Kriemler regressou às raízes nesta estação, através de uma coleção que celebra a sua cidade natal de St. Gallen (São Galo ou Sangallo), na Suíça germânica, mundialmente conhecida pelos bordados. O pátio da abadia milenar de St. Gallen, incluindo a catedral barroca e a biblioteca da abadia, entraram para a lista de Património da Humanidade da UNESCO.

Vídeo da Akris para o outono-inverno 2021 dirigido por Anton Corbijn


A ideia mais brilhante que Kriemler teve foi uma série de looks arrojados inspirados num mapa antigo da cidade suíça, e usados em vestidos suaves e elegantes em shelly (tecido de lã castanha feito com a mais fina das lãs de fio torcido); ou em casacos de ganga; ou T-shirts em caxemira e jersey de seda.
 
O melhor de tudo é uma parca de neoprene (policloropreno utilizado como substituto da borracha), com capuz de caxemira e boné com nervuras, ideal para um passeio de inverno na Suíça, que foi afinal onde Kriemler obteve a inspiração para esta coleção de outono-inverno 2021/2022 da Akris – maison fundada em 1922 por Alice Kriemler-Schoch – que é hoje a marca de moda mais influente da Suíça. 

Albert Kriemler descobriu até um mapa antigo no atelier em tijolo burro comprado pela avó empreendedora em 1944, altura em que o pai Max entrou no negócio e deu o nome atual à marca, e onde hoje o designer ainda desenvolve tecidos. 
 
"Por uma vez, é o momento de falar de St. Gallen onde uma atividade como o caminhar tem um significado totalmente diferente. Ocorrem-me as melhores ideias quando caminho. E, para as mulheres, um dos passeios mais descontraídos é caminharem ao lado de um amigo. Neste momento em que tantas pessoas estão a tentar evitar os metropolitanos e os autocarros caminhar parece ser a verdadeira liberdade", sorriu Albert Kriemler, que muitas vezes faz referência a artistas consagrados na sua moda. 


Look da Akris para a estação de outono-inverno 2021/2022

 
Tal como na estação passada, Albert Kriemler apelou ao cineasta indie holandês Anton Corbijn para filmar o seu vídeo, abrindo o desfile com um filme a preto e branco de St. Gallen coberta por mais de um metro de neve com pistas que remetem à pintura do mestre flamengo de Pieter Bruegel, The Hunters in the Snow (Caçadores na Neve), de 1565. Anton Corbijn capta o elenco num passeio pelas colinas que coroam a cidade construída no local da ermida do missionário irlandês Gallus, que viveu no século VI e aos 62 anos decidiu viver como eremita.

Por curiosidade, segundo a lenda,
Gallus ergueu aqui a sua última morada precisamente no lugar onde tropeçou em arbustos, interpretando-o como um sinal divino. Ainda de acordo com a lenda, construiu-a com a ajuda de um urso, sendo aí sepultado aos 95 anos como santo. Um século mais tarde foi erguido um mosteiro beneditino e escola, originando a abadia e por consequência a cidade de St. Gallen. A cidade tornou-se independente da abadia católica e depois protestante no século XVI, mas a abadia manteve-se fiel à religião original até hoje.

Corbijn filmou os looks da nova coleção, no salão principal da Biblioteca da Abadia do século XVIII – período em que a abadia era o monastério mais importante na Suíça –, todo decorado ao estilo rococó, tendo-lhe sido concedido pela UNESCO o privilégio de gravar no espaço que alberga uma coleção de livros raros onde se encontram bíblias do século VIII.
 
Um show-in-a-box Akris enviado por correio a clientes VIP e a editores seniores incluiu uma série de amostras, que ajudaram a explicar a importância e valor da renda Guipur bordada em St. Gallen, com o logótipo da maison subtilmente escondido em alguns tecidos.


Look da Akris para a estação de outono-inverno 2021/2022


Embora esta coleção também se trate de um investimento, como a caxemira pura de 800 gramas utilizada num longo casaco de duplo peito com acabamento cortado na cintura por uma fivela trapezoidal; ou a parca mais leve de sarja de seda e velo de lã completamente à prova de vento.
 
Albert Kriemler jogou com o logótipo da maison de 1986, que liga as cinco letras da marca com pontos. E até encontrou tecidos de lã de feltro que imitavam os fios de cartão perfurado anteriormente utilizados nos bordados da Akris para a criação de alguns maravilhosos cabans e boleros.
 
"Não há arquitetos ou artistas, apenas St. Gallen. Para mostrar onde temos estado nos últimos 98 anos. E de como estamos muito orgulhosos desta cidade e dos nossos bordadores que fornecem todas as grandes maisons de Paris e Milão", concluiu o designer, num Zoom a partir do seu estúdio.
 

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