Alexander McQueen: alfaiataria notável, anatomia artística
Um encontro cool e inteligente da alfaiataria mais rigorosa combinada com a voluptuosidade da anatomia num desfile dramático e uma coleção para a Alexander McQueen da estilista Sarah Burton encenada na noite de sábado (4 de março).

Apresentados num show-space redondo branco ao lado do túmulo de Napoleão, com os convidados empoleirados em assentos de madeira dobráveis de escola primária dispostos em círculos, fazendo ecoar os desenhos decorativos, padrões e até mesmo a musculatura do torso.
Austera, elegante, resistente e frequentemente brilhante, esta foi a mais recente declaração de moda orgulhosa e percussiva de Sarah Burton para a maison do Reino Unido.
Abrindo com Naomi Campbell em calças masculinas de sarja de lã e corpete a combinar, o cabelo numa trança de meio metro, como todas as mulheres do elenco. A sua chegada ficou registada num vídeo mostrando-a a caminhar pelos passeios circulares – de cabeça para baixo.
Para aumentar a sensação de subversão sutil, o logotipo da maison estava de cabeça para baixo nas notas do programa.
Para os jovens homens, Burton cortou cirurgicamente casacos trespassados, antes de mostrar a mesma ideia, mas com ombros exagerados e lapela estendida nas jovens mulheres. Quase como um mini tutorial de alfaiataria dentro do programa e uma maneira inteligente de relembrar os primeiros dias do fundador Lee McQueen como aprendiz de alfaiate em Savile Row.
Visto em espartilho e calça feitos como um só item; fatos de gangster com riscas broken-pattern. O mesmo material usado num vestido smoking. Até às deslumbrantes gabardinas com ombros franzidos, em algodão mercerizado bege ou couro de bezerro roxo, à la Clongowes Wood College, usadas com longas luvas até ao cotovelo.
“Eu queria voltar aos primeiros dias de McQueen, em Savile Row e à alfaiataria”, disse Burton nos bastidores repletos.
Antes, a coleção culminava repentinamente numa série de impressões anatómicas fantásticas de esqueletos ou músculos, apresentadas em casacos de organza técnica preta para mulheres e smokings de seda para homens.

Levando a ideia adiante, Sarah Burton construiu vestidos inteiros de super heroínas com tentáculos de lã tecnológica, fios de seda metálicos e até tricot Aran. Além disso, apresentou um sweater Aran – uma velha assinatura de McQueen – cortado para uma noite medieval.
“Também vi aquele filme Tár, e quando cortaram o fato de Cate Blanchett. E então todo o seu gesto de mover o braço”, disse Burton, gesticulando como uma maestrina.
Com efeito, Burton é ela mesma uma maestrina de moda. E este desfile foi o último lembrete de que, quando se trata de criar roupas tecnicamente audaciosas e alfaiataria suprema, ela tem poucos rivais – se é que tem – na moda hoje.
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