O Alibaba Group está a planear dividir-se em seis unidades e explorar a captação de recursos ou listagens para a maioria destas, numa grande reformulação. Isto porque a China promete aliviar uma ampla repressão regulatória e apoiar as suas empresas privadas.

As ações do conglomerado chinês de comércio eletrónico listadas nos EUA, que perderam quase 70% de seu valor desde que as restrições foram impostas no final de 2020, subiram mais de 10% após o anúncio.

A Alibaba disse que a maior reestruturação nos seus 24 anos de história irá dividir o grupo em seis unidades: Cloud Intelligence Group, Taobao Tmall Commerce Group, Local Services Group, Cainiao Smart Logistics Group, Global Digital Commerce Group e Digital Media and Entertainment Group.

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A notícia da reformulação surge um dia após o fundador do Alibaba Group, Jack Ma, voltar para casa após a estadia de um ano no estrangeiro, uma medida que se encaixa no esforço de Pequim para estimular o crescimento do sector privado após dois anos de repressão. Os analistas disseram que a separação pode facilitar o escrutínio sobre o gigante da tecnologia, cujo negócio em expansão é alvo dos reguladores há anos.

"A intenção original e o propósito fundamental desta reforma é tornar a nossa organização mais ágil, encurtar a tomada de decisão e responder mais rapidamente", disse o presidente executivo, Daniel Zhang, em carta aos funcionários, acessada pela Reuters. Segundo o mesmo, cada grupo empresarial teve de enfrentar as rápidas mudanças no mercado e cada funcionário da Alibaba precisou "exercer a mentalidade de um empreendedor".

Zhang continuará como presidente e CEO do Alibaba Group, que seguirá um modelo de gestão de holding, e também atuará como CEO do Cloud Intelligence Group.

Cada uma das seis empresas terá um CEO e um conselho de administração e manterá a flexibilidade para levantar capital externo e buscar uma oferta pública inicial, disse a empresa. A exceção seria o Taobao Tmall Commerce Group, que lida com negócios de comércio na China e continuará a ser uma unidade de propriedade integral do Alibaba Group. 

A empresa irá "aliviar e reduzir" as suas funções intermediárias e administrativas, disse Zhang, que não falou em cortes de empregos. 

Os investidores disseram que a divisão sinaliza a eliminação das preocupações regulatórias e acalma as preocupações de que o Alibaba tenha perdido o potencial de crescimento. A decisão também pode ser parcialmente uma consequência do escrutínio dos EUA sobre empresas de tecnologia chinesas que levantaram preocupações de segurança nacional sobre o TikTok e a sua controladora ByteDance, disse Tara Hariharan, do fundo de hedge para mercados emergentes NWI Management.

"Ao abrir caminho para as várias novas unidades da Alibaba serem listadas, o governo chinês pode estar a sinalizar menos hostilidade em relação aos seus gigantes da tecnologia como uma mensagem conciliatória para investidores americanos e internacionais", disse Hariharan, diretor geral de pesquisa macro global.

Regresso de Jack Ma

A reestruturação está entre os maiores movimentos corporativos de uma grande empresa de tecnologia chinesa nos últimos anos, à medida que o sector encolheu sob uma supervisão regulatória mais rígida, diminuindo o apetite por risco entre as empresas.

Ultimamente, as autoridades têm suavizado o seu tom em relação ao sector privado, enquanto que os líderes tentam fortalecer uma economia  que foi atingida por três anos de restrições rígidas de Covid-19. As empresas têm, no entanto, hesitado apontando particularmente para a falta de novas políticas de apoio e da nova estrutura regulatória.

As ações da Alibaba receberam um impulso na segunda-feira depois que o fundador Ma regressou à China, já que a sua estadia no estrangeiro foi vista pela indústria como um reflexo do tom sóbrio dos seus negócios privados. O novo primeiro ministro da China, Li Qiang, reconheceu que o regresso de Ma ao continente poderia ajudar a aumentar a confiança nos negócios entre os empresários e desde o final do ano passado vinha a pedir para este voltar, disseram à Reuters cinco fontes com conhecimento sobre o assunto.

"Parece uma coincidência que isso esteja a acontecer no momento em que Ma parece confortável em regressar. Para mim, sugere o que o Alibaba está a querer fazer há algum tempo, mas estava a esperar pela oportunidade", disse Stuart Cole, diretor de Macro Economia da corretora Equiti Capital. A reestruturação "injeta um elemento de flexibilidade e adaptabilidade na empresa, que atualmente é uma espécie de gigante", concluiu.