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Estela Ataíde
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28 de mai. de 2019
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Arábia Saudita, uma importante saída potencial para o luxo no Médio Oriente

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
28 de mai. de 2019

A Arábia Saudita é o país com maior potencial no Médio Oriente para as marcas de luxo. É esta a conclusão do sétimo relatório publicado pelo grupo Chalhoub sobre o tema "Viagens de luxo e retalho: que futuro para os países do Golfo". Para sair da sua dependência do petróleo, o reino wahabita multiplica os investimentos com o objetivo de desenvolver um turismo que não seja apenas religioso, o que o torna um novo local de interesse para o luxo na região, com novas estruturas e um contexto atrativo para uma clientela rica.
 

Vista de Riade - Wikipedia


"À medida que a região estagna, o mercado da Arábia Saudita está em pleno crescimento. Há mais jovens a trabalharem e a ganharem dinheiro. Acima de tudo, há mais entusiasmo devido às medidas tomadas para liberalizar a economia e modernizar a sociedade", explica à FashionNetwork.com o diretor-geral do grupo, Patrick Chalhoub. A concessão do direito de conduzir às mulheres, em 2018, insere-se nessa dinâmica.
 
Protetora dos lugares sagrados do Islão, como Meca, que atrai anualmente quase 2 milhões de peregrinos, a Arábia Saudita ocupa um lugar incontornável no Médio Oriente. Membro do G20, é o maior detentor de reservas provadas de petróleo (260 mil milhões de barris) e o maior exportador de petróleo em valor (quase 18% das exportações mundiais). O país ocupa 80% da superfície da Península Arábica e abriga 32 milhões de habitantes (46 milhões até 2050), enquanto 60% da sua população tem menos de 25 anos.

Reino aponta para 30 milhões de turistas até 2030

Sob a égide do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, foi lançado o programa de modernização económica "Visão 2030", que visa diversificar a economia saudita e atenuar a sua dependência do petróleo. O objetivo é atrair 30 milhões de visitantes até 2030. No âmbito deste plano de desenvolvimento, foram alocados 64 mil milhões de dólares para levar a cabo projetos culturais e instalações recreativas, como parques de diversões, de acordo com o grupo Chalhoub.

O país ambiciona construir o maior museu islâmico do mundo e duplicar os locais da Unesco no seu território. Entre os principais projetos em vista, encontram-se as ilhas do Mar Vermelho e o gigantesco desenvolvimento do espaço arqueológico de Al-Ula, classificado pela Unesco, por um investimento estimado de 50 a 100 mil milhões de dólares.
 
Para incentivar o turismo, os vistos foram prolongados: por mais nove dias para turistas religiosos; para eventos importantes, os visitantes podem solicitar um visto de 14 dias, informa o documento.
 
A Arábia Saudita está particularmente interessada em eventos desportivos. O país acolheu o evento de abertura da temporada 2018-2019 da Fórmula E (carros elétricos) em dezembro de 2018 e da Supercopa de Itália (futebol) em janeiro de 2019, enquanto em janeiro de 2020 será a vez do Rally Dakar visitar o Reino wahabita, que também apresentou um pedido para organizar um Grande Prémio de Fórmula 1 na sua capital, Riade.

O caso Jamal Khashoggi manchou mais uma vez a sua imagem no cenário internacional
 
O relatório indica também que "as despesas públicas para a promoção do setor das viagens internacionais deverão aumentar rapidamente". Em 2017, o número de quartos de hotel disponíveis no mercado saltou 13%, enquanto outros 48 mil quartos estão em construção.

Também estão previstos investimentos para a criação de centros de negócios e estruturas para congressos, tirando partido da tendência do "bleisure", que combina business e leisure, ou seja, viagens de negócios e lazer com compras.
 
Estima-se que o setor das viagens e do turismo, generalista e religioso, que atualmente representa 9,4% do PIB do reino wahabita, deverá crescer a uma taxa anual de 10,5% até 2030, sublinha o estudo do grupo Chalhoub.

Ainda assim, Riad viu a sua imagem manchada pelo recente assassinato, em outubro de 2018, do jornalista da oposição Jamal Khashoggi, colunista do Washington Post, no consulado saudita em Istambul. A Arábia Saudita, um dos países do mundo que mais recorre à pena de morte, voltou a ser criticada em abril após a execução em massa de 37 sauditas por "terrorismo". Um inegável entrave para este país num momento em que tenta atrair visitantes de todo o mundo e, em particular, a clientela do luxo.

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