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Portugal Textil
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11 de jan. de 2018
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As oportunidades e desafios do digital

Por
Portugal Textil
Publicado em
11 de jan. de 2018

Face à pressão crescente para acelerar a velocidade, a customização e a transparência, o sector do vestuário começa a despertar para a importância de abraçar a digitalização nas suas estratégias e operações comerciais, contando nomeadamente com o apoio da Lectra e da Gerber.


Há uma década, a análise de dados e a colaboração virtual eram as tecnologias mais exploradas por retalhistas e marcas de moda. Hoje, as atenções estão voltadas para a mobilidade, segurança de dados, desenvolvimentos em nuvem e Big Data, com as tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT) em alta rotação, à medida que estes atores vão caminhando em direção à Indústria 4.0 e combinando automação com informação.

A teoria

Em declarações ao portal just-style, Karsten Newbury, vice-presidente e diretor-geral de soluções de software na Gerber Technology, acredita que a digitalização está a ser, em última instância, impulsionada pela necessidade de responder à procura dos consumidores, em constante mudança. «As empresas existem para criar valor para os clientes e espero que, na maioria dos casos, para empregar pessoas e contribuir para a sociedade», afirma.

Embora não seja uma novidade, a digitalização começou a assumir maior importância para os sectores do vestuário e calçado nos últimos anos, quando as empresas começaram a reconhecer os seus benefícios. Com a velocidade a mover a maioria, a gratificação instantânea e a forte concorrência contribuíram para que cada vez mais empresas entrassem na corrida digital.

Karsten Newbury cita a propósito um estudo da consultora McKinsey que detalha como quase todas as inovações digitais significativas para o mercado estão a usar a conectividade e os dados para transformar a experiência do consumidor. Isto é também verdade para a experiência de compras móveis. A importância do smartphone nas compras online cresceu exponencialmente à medida que a penetração dos dispositivos móveis foi crescendo.

De acordo com o Euromonitor, espera-se que o canal digital continue a crescer a dois dígitos até 2021.Por consequência, os retalhistas estão a explorar as valências das aplicações móveis (apps) para oferecer suporte e envolver os consumidores, extrapolando os limites de uma simples plataforma transacional.

«Os retalhistas estão continuamente à procura de vias para redefinir o espaço de compras, não só para se manterem relevantes, mas também para atrair mais consumidores», explica Bernadette Kissane, analista do Euromonitor International.

Nos últimos anos, foram também desenvolvidas novas tecnologias focadas no rastreamento das cadeias de aprovisionamento, que ajudaram a resolver o desafio da transparência em muitas empresas.

«A única forma de uma cadeia de aprovisionamento ser transparente é se a informação digital mudar imediatamente de mãos, para que aqueles que estão no início saibam o que está a acontecer no final», considera Laura Mylius-Prou, responsável de marketing de moda na Lectra.

O mais recente estudo da McKinsey & Company concluiu que mais de 80% dos executivos esperam que a gestão de processos digitalizados de ponta a ponta tenha maior impacto no sourcing nos próximos cinco anos.

O diretor-geral de soluções de software da Gerber Technology, contudo, acredita que a mudança já está a acontecer e com consequências dramáticas: um número crescente de empresas incapazes de competir está a fechar portas, enquanto aquelas que estão aptas e dispostas a arriscar o investimento prosperam.

A prática

Empresas de software e tecnologia como a Lectra e a Gerber estão a ajudar as empresas a dar o salto.

«Há muita pressão positiva sobre nós para impulsionar a inovação», sublinha Karsten Newbury. «Por exemplo, no software: já não podemos demorar 12 a 18 meses a lançar um novo produto», aponta.

O vice-presidente da Gerber Technology adianta que a empresa vai investir na computação em nuvem para que possa acelerar a resposta e a entrega aos clientes.

No início de 2017, a Lectra delineou os seus planos dentro da Indústria 4.0, que combinam automação e informação para que os dados em tempo real possam ser usados para melhorar a eficácia geral, a eficiência e a capacidade de resposta de uma operação.

Ainda no que à inovação no espaço digital diz respeito, a Under Armour tem vindo a repensar a sua estratégia nas últimas estações e, há meses, apresentou os primeiros artigos “made in US”, produzidos na nova unidade a Lighthouse, um centro avançado de inovação industrial, localizado em Baltimore, onde a marca está sediada.

Já a Levi Strauss lançou o Eureka Innovation Lab 360° Experience, que convida os curiosos a uma visita virtual ao seu centro de inovação em denim, permitindo que cliquem em “hotspots” para avançar informações sobre a inovação, know-how e o trabalho artesanal envolvidos no desenvolvimento de um par de jeans.

Já a gigante desportiva Adidas e a especialista em engenharia Siemens, que partilham a mesma nacionalidade germânica, decidiram unir esforços para melhorar a produção de vestuário e calçado desportivo customizado e acelerar o ciclo do design ao produto acabado com a ajuda da automação.

O que se segue?

Será que, no futuro, o sector do vestuário será totalmente orientado pela tecnologia? «Provavelmente não», afirma Edwin Keh, CEO do Hong Kong Research Institute of Textiles and Apparel (HKRITA). «Ainda haverá desfiles e designers, mas suspeito que existirá mais consciência do que está a acontecer na tecnologia e novos modelos de negócios, menos tradicionais e mais eficientes. A utilização de dados digitais deve tornar-se cada vez mais importante», admite.

Uma área que Karsten Newbury defende vir a «mudar drasticamente» é a impressão digital e 3D. Newbury revela que a Gerber está já a trabalhar com um designer israelita na impressão digital de vestuário. «Os materiais ainda estão nos seus estádios iniciais, mas à medida que esses materiais forem avançando, o utilizador vai poder aceder à Internet e criar a sua própria peça de vestuário e, depois, enviá-la para uma impressora 3D», esclarece.

Laura Mylius-Prou, da Lectra, vê os grandes dados e a computação em nuvem anunciarem novas oportunidades para o futuro, o que permitirá que as empresas se inscrevam em apps de softwares em vez de comprá-los, tornando-os mais acessíveis.

Bernadette Kissane, analista do Euromonitor International, por seu lado, acredita que o smartphone assumirá um papel muito mais relevante na experiência de compra.

«Em termos de novos canais de vendas, os retalhistas precisam de se concentrar em aperfeiçoar essa ideia de criar uma viagem de compras interessante nos vários dispositivos», aconselha.
 

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