Asos enfrenta o crescimento mais fraco das vendas online dos últimos anos
Quando o maior e-tailer de moda precisa de rever as suas diretrizes, isso é um indicador de que a situação está difícil para todos. E foi isso que a Asos fez nesta segunda-feira. As suas vendas ao longo do ano foram afetadas pelo crescimento "de apenas" 15%, em vez dos 20 ou 25% esperados, pelo que se espera que os lucros sejam afetados.

15% pode ser encarado como um resultado positivo para muitos retalhistas, mas para a Asos significa uma desaceleração e a devastação que atualmente se verifica no setor da moda no mercado do Reino Unido e da Europa em geral.
A empresa com sede em Londres revelou que o seu primeiro trimestre, encerrado a 30 de novembro, "apresentou um sólido crescimento de vendas de 14%". No entanto, "verificou-se uma deterioração significativa no importante mês comercial de novembro, enquanto as condições se mantêm desafiantes", levando a um rebaixamento.
Muitos retalhistas realçaram que, em novembro, o comércio foi ainda mais fraco do que o de outubro deste ano e, embora a “atividade comercial da Asos em setembro e outubro tenha estado amplamente em linha com as expectativas, novembro, que é um um mês importante em termos de vendas e margens, ficou abaixo das previsões".
"A atual incerteza económica que atravessa muitos dos nossos principais mercados, juntamente com o enfraquecimento do consumo, tem levado a um crescimento mais lento das vendas de vestuário online nos últimos anos", indicou a empresa, acrescentando que o clima tem sido "excecionalmente quente" para a época do ano.
Isto significa que no primeiro semestre se verificou um aumento nas vendas a retalho no Reino Unido de 19% para 237,1 milhões de libras esterlinas (263,6 milhões de euros). Com isso, a retalhista continua a ter melhores resultados que o mercado, mas o seu crescimento tem sido baseado em descontos.
As vendas na União Europeia (UE) subiram 18%, para 203,8 milhões de libras (226,6 milhões de euros), mas os seus dois maiores mercados, Alemanha e França, que respondem por 60% do total das vendas na zona do euro, "tornaram-se mais difíceis, com aumentos de 15% em ambos os países". No entanto, também se verificaram "resultados mais encorajadores" noutros países da UE, especialmente naqueles onde foram recentemente lançadas experiências localizadas. Excluindo França e Alemanha, o setor da UE aumentou 24%.

Nos Estados Unidos, as vendas aumentaram 13% para 85 milhões de libras (94,5 milhões de euros), o que está de acordo com as previsões. Mas, os negócios no resto do mundo caíram 3% para 114,1 milhões de libras (126,9 milhões de euros), o que equivale a uma queda de 2% em moeda neutra e representa uma má notícia para os lucros, já que esta região "tem uma margem bruta mais elevada e uma taxa de retorno mais baixa em comparação com a média do grupo".
Problemas nos preços
A Asos continua com um crescimento significativo, mas os preços são um problema. Com o total de pedidos a subir 16% para 17,1 milhões de libras, o crescimento das vendas de 14% reduziu o número de vendas e a empresa registou uma queda de 6% no seu preço médio de venda (ASP, em inglês). O que significa uma queda de 160 pontos base na margem bruta a retalho e uma descida de 3% do valor médio do cesto de compras (ABV), apesar do aumento de 3% no tamanho médio do cesto (ABS).
No entanto, a empresa ainda atrai compradores dos seus rivais, verificando-se um aumento de 19% nos seus consumidores ativos, com a frequência de pedidos a aumentar 5% e a taxa de conversão em 20 pontos base.
Como mencionado anteriormente, a empresa espera que as vendas cresçam 15% até agosto, com a margem EBIT (lucros antes de juros e impostos) a situar-se em cerca de 2% em vez dos 4% esperados. As despesas de capital diminuíram para 200 milhões de libras (222,4 milhões de euros).
"Conseguimos um aumento de 14% nas vendas num mercado difícil, mas, na sequência de uma recessão em novembro, acreditamos que é prudente rever as nossas expectativas para o ano inteiro. Estamos a tomar as medidas apropriadas e as nossas ambições para a Asos não mudaram ", concluiu o CEO da empresa, Nick Beighton.
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