Balenciaga lança Clones para a primavera 2022 em colaboração com Gucci
A audiência apresentou-se conformista e toda vestida de preto, no último vídeo iconoclástico da Balenciaga lançado no fim-de-semana, que revelou uma coleção intitulada Clones, para a estação de primavera 2022, recorrendo a apenas um modelo, e ironizando o momento que vivemos.
Apesar de tudo, cerca de 160 pessoas conseguiram fazer parte da audiência, sentadas num espaço todo branco digno do filme THX 1138 (1971) de George Lucas, distribuídas por quatro filas, respeitando o distanciamento social; e muitas delas usando telemóveis para gravar os looks usados pela pintora americana Eliza Douglas, radicada em Frankfurt (Alemanha). Uma característica habitual nos mais recentes espectáculos da Balenciaga.
"Vemos o nosso mundo através de um filtro – aperfeiçoado, polido, conformado, fotografado. Já não deciframos entre não editado e alterado, genuíno e falsificado, tangível e conceptual, facto e ficção, falso e profundamente falso. A tecnologia cria realidades e identidades alternativas, um mundo de clones digitais", argumentou o diretor criativo da Balenciaga, Demna Gvasalia, num comunicado de imprensa.
Para sublinhar o seu ponto de vista, Demna – como é universalmente conhecido o designer de moda georgiano – conseguiu que o diretor de vídeo francês Quentin Deronzier transformasse digitalmente Eliza Douglas numa série de clones digitais, alguns dos quais eram deepfakes, ou modelos com o rosto de Eliza digitalizado por fotogrametria ou digitalizado por CG.
A coleção também apresentou Demna Gvasalia, devolvendo o elogio ao seu colega italiano do conglomerado Kering, Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci. Há um mês, na coleção Aria de 15 de abril da Gucci, Michele mostrou a sua primeira ligação com a Balenciaga – casacos de hacking, blazers e parkas inscritos com os logótipos concorrentes Balenciaga e duplo "G" nas malas de couro preto.
Gvasalia respondeu com alguns grandes e fantásticos sacos Gucci pretos, com o duplo "G"; e mini sacolas de tiracolo com alças e guarnições vermelhas e verdes, completadas por fivelas com duplo "B". Um humorista nato, que chegou ao cúmulo de apresentar até um saco com uma inscrição que dizia: "Isto não é um saco Gucci".
Do ponto de vista comercial, esta é uma coleção de investimento seguro – coroada pelo acessório da época, um cinto de couro bege da Gucci com uma fivela "BB" invertida – lançada cinco meses antes de chegar às prateleiras das lojas.
Demna Gvasalia, que mostrou uma falsa armadura de cavaleiro no vídeo anterior da marca, ainda jogou com o humor medieval, desta vez com peças de cabeça em prata – à imagem do item de proteção denominado almofar ou camal – cromo e metal enferrujado. Toda o seu mandato na maison de moda foi definido pelo volume, que nesta coleção levou a um novo nível: volumosas calças de ganga TLC de rapper embelezadas por uma enorme fivela; túnica enorme aparentada com o hábito de freiras, embora em amarelo canário; blazers de tweed gigantes usados por cima de leggings e botas de bovino num regresso dos heróis.
Algo da juventude do designer, que cresceu nos últimos dias da União Soviética nas margens do Mar Negro, também surgiu em todos os lenços de cabeça de babushka; vestidos góticos metálicos; e fatos de treino retro socialistas. Além disso, a sua capacidade de fundir os estilos de rua e chique continua a ser um prazer de contemplar, desde os sacos de compras de plástico verde lima, que em breve serão apresentados em múltiplos rebentos de moda, até aos jeans gigantes com super fivelas e logótipos "Balenciaga" escritos à mão.
Reforçando o sentido de humor inabalável do designer, a banda sonora foi uma interpretação satírica do clássico La Vie en Rose, que foi lido em vez de cantado pelo compositor francês BFRND. Um toque espacial para um espectáculo especial.
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