Bananatex: fibra de banana avança na indústria da confecção
Após ser aplicado nos setores do calçado, acessórios e móveis, o tecido de fibra de banana, Bananatex, está a ser utilizado em vestuário. A produção de T-shirts, camisas, calças jeans, casacos e blusões já é possível graças aos tecidos refinados, bem como às primeiras explorações da fibra na forma de malhas.

Seja na forma de sapatos para a H&M, bolsas para a Cos ou até chapéus para a MCM Worldwide, a Bananatex conseguiu, em poucos anos, despertar o interesse de um setor da moda em busca de uma alternativa aos materiais tradicionais. Uma busca bem conhecida pelo CEO e cofundador Hannes Schönegger, que em 2008 iniciou as atividades da Bananatex como uma marca própria focada em materiais responsáveis.
"Depois de trabalhar com algodão orgânico, fibra de bambu e linho, ficamos a saber da existência da fibra de bananeira, que é a mais forte encontrada no seu estado natural", explica o gestor. "Existe uma espécie de banana específica para isso nas Filipinas, principalmente para a indústria de papel e cordas, mas descobrimos que ninguém ainda a estava a processar em fios finos. Era disso que precisávamos. Por isso, lançamos a nossa pesquisa sobre este material em 2015", acrescenta.
Três anos depois, a Bananatex lançou a sua primeira bolsa de fibra de banana. Em seguida, várias marcas internacionais entraram em contato com a empresa sediada na Áustria para solicitar o uso do processo. "Para maximizar o nosso impacto positivo, decidimos compartilhar as nossas descobertas", observa Hannes Schönegger. A marca passou então a chamar-se Qwestion, enquanto a Bananatex tornou-se uma estrutura dedicada à exploração da fibra do mesmo nome.
Uma fibra que hoje amplia os seus horizontes. Depois de sapatos e bolsas, a empresa apresentou a sua primeira T-shirt no desfile Première Vision Paris de 5 a 7 de julho. Uma peça que abre as portas para a exploração da fibra em forma de malha.
"A tecelagem é uma área que não conhecíamos antes, mas que vai abrir-nos a muitas possibilidades", continua Schönegger. O executivo destaca ainda que a produção é capaz de responder à procura, com uma produção em escala industrial de 50 mil fios por mês.

A fibra é colhida e transformada em polpa nas Filipinas, antes de chegar ao Taiwan na China, onde é fiada, tingida, tecida e acabada. As suas vantagens incluem a capacidade de se bio degradar em cerca de 90 dias através da compostagem e a possibilidade de ingressar no setor de reciclagem de papel.
Outra vantagem da indústria filipina de fibra de banana é que as autoridades locais categorizam o setor, que tem alguns usos na indústria médica, entre os setores essenciais do país, de modo que a Bananatex foi pouco afetada pelos confinamentos locais.
A fibra Bananatex é duas vezes mais cara que o algodão, explica ainda Hannes Schönegger, que ressalva, porém, que isso não aconteceria se o preço total dos materiais fosse observado.
"Se olharmos para os custos reais, materiais convencionais como o algodão seriam muito mais caros, e isso é uma desvantagem para nós. Mas, em última análise, é menos uma questão de preço do que de valor. Hoje, tornou-se prejudicial uma marca não produzir com responsabilidade".
Recentemente, a Bananatex colaborou com a Pineapple Anam, fibra feita a partir de folhas de abacaxi da empresa Pinatex, e com a Regenerate Fashion, consultora brasileira especializada em transformações responsáveis na indústria têxtil. Sob a bandeira Fibral Material Alliance, o seu objetivo comum é potencializar a influência das fibras de origem natural no setor.
"Não vamos substituir os materiais dominantes, mas acreditamos que podemos fazer a diferença", diz Schönegger. “A nossa crença comum é que a natureza tem muito a oferecer, mas ainda não exploramos esse potencial. E seguimos atalhos, como a extração de petróleo. Apesar de ainda não sentirmos os efeitos, pagaremos por isso a longo prazo. E a indústria têxtil deve ter essa perceção", conclui.
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