Barcelona apresenta as suas tendências na passarela da 080
Realizada entre 29 de janeiro e 2 de fevereiro, a 080 Barcelona Fashion reuniu, no Recinto Modernista de Sant Pau, as propostas locais para a temporada outono-inverno 2018/19, bem como algumas coleções ready-to-wear para a próxima primavera-verão. Looks elaborados e peças cuidadas com um necessário formato comercial, destinados a funcionar fora da passarela, seguindo os ditames das tendências internacionais sem perder de vista a identidade catalã.
Sportswear deluxe
Tendência em crescendo nas últimas temporadas, com o streetwear a reinar nas passarelas internacionais e múltiplas marcas desportivas ou historicamente associadas ao universo urbano ou do skate a assinar colaborações milionárias com grandes empresas e conglomerados de luxo, o sportswear deluxe destacou-se em Barcelona, marcando presença em vários desfiles. Entre os destaques, a proposta desportiva inspirada no hip hop da Custo Barcelona, que utilizou inúmeros materiais tecnológicos com um resultado extraordinariamente futurista na sua coleção de brilhos e minivestidos assimétricos "Call me tomorrow". Por outro lado, Krizia Robustella, uma das favoritas do público, foi a vencedora do Premio Nacional 080 para a melhor coleção com uma apresentação inspirada em peças desportivas das últimas décadas, com as quais criou um universo próprio. Da mesma forma, a Jnorig, a marca masculina criada em 2017 por Javier Giron, continuou na linha desportiva que caracteriza a sua identidade, com roupas sóbrias de referências orientais. Igualmente, as marcas de moda íntima Punto Blanco e ES Collection apresentaram coleções desportivas. A primeira, com a proposta "Save the Planet", de estilo urbano e minimalista; enquanto a segunda apostou numa estética pós-apocalíptica em “Distopía", repleta de elementos de complexidade técnica, peças metálicas, couros e plásticos.
Mensagens, logomania e humor punk
Como no caso da inspiração desportiva, Barcelona tem dado ouvidos aos ditames das tendências internacionais, seguindo o rasto de uma moda irreverente que transforma o vestuário numa montra perfeita para as suas mensagens. Desta forma, como uma marca registada da casa, os logótipos invadiram as sandálias de salto alto da Custo Barcelona, as sweaters-chic da Verbena Atelier ou as minissaias da Brain & Beast. Esta última, na mesma linha de Krizia Robustella, apresentou uma irreverente coleção repleta de reinterpretações de grandes marcas. Assim, entre as suas peças encontravam-se referências irónicas a El Corte Inglés, The North Face ou Vetements. No seu caso, Krizia optou por acrescentar um toque de humor punk com jogos trompe l'oeil com marcas desportivas como a Kappa ou a anteriormente mencionada The North Face. Do mesmo modo, as mensagens invadiram as t-shirts e acessórios nos desfiles de Miriam Ponsa, Oscarleon ou Torras, com as suas pastas ou chapéus em papel de jornal.
Reinterpretação do fato
Um clássico, mas nem por isso menos infalível, o fato marcou presença no desfile misto de Antonio Miro, onde o xadrez british foi combinado com peças acolchoadas e elementos tricotados. Pablo Erroz, também com uma coleção para homem e mulher, reinterpretou a alfaiataria mantendo-se fiel à sua personalidade e a tecidos como a pele e o algodão. Lebor Gabala optou por uma mulher masculina que não renunciou à intensidade cromática, enquanto a marca Mans Concept & Menswear, que conquistou o Premio 080 para design emergente by Desigual, apresentou uma proposta interessante baseada nos uniformes universitários nova-iorquinos, com uma estética Ivy League.
De Wes Anderson a Alessandro Michele
A sombra da Gucci é enorme. E, desde que o seu diretor criativo Alessandro Michele chegou à marca do grupo Kering em 2015, os números da empresa subiram notoriamente impulsionados pelo bom funcionamento do e-commerce, o sucesso das suas campanhas publicitárias e uma nova estética “efeito Michele”, baseada num estilo vintage, chamativo e ostentoso que se inspira nos filmes de Wes Anderson e na fusão folk-nerd. Um estilo que invadiu não só as propostas fast-fashion, como também se tornou referência de inúmeras marcas e designers. Em Barcelona, a Sweet Matitos apresentou a sua primeira coleção "Winter Ball Season", com um ar aristocrático, entre plumas e uma mistura bem-sucedida de estampados. Por seu lado, a emergente Mietis trabalhou a inspiração militar com um toque glam rock, enquanto a Naulover, de Barcelona, conjugou com mestria o retro e a sua vontade comercial.
Eterno knitwear
Indispensável na passarela catalã, o bordado abriu caminho em muitos dos desfiles das coleções outono-inverno 2018/19: como pilar da sóbria, mas nem por isso menos funcional, proposta da Ester Ferrando Knitwear, nas elaboradas sobreposições de Txell Miras, nas camisolas e cachecóis de Lebor Gabala ou nos designs de simplicidade escandinava da amt.
O calendário impõe-se no ready-to-wear
Com dois desfiles para apresentar a sua próxima coleção outono-inverno 2018/19 em Madrid e Nova Iorque, a Custo Barcelona optou por apresentar a sua coleção de verão na sua cidade de origem. Uma alternativa que sucumbe às necessidades do exigente e acelerado calendário da moda e que lhe permitiu propor uma alternativa inteligente entre os seus outros dois desfiles. Por seu lado, o Escorpion Studio Barcelona optou por uma coleção de verão de ambiente safari, e Ze García fez desfilar o seu exército de influencers millennial, que não tardariam a usar os designs do desfile na passadeira vermelha dos Prémios Goya, apenas alguns dias depois. Do Instagram para o armário.
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