Bianca Saunders e Hed Mayner revisitam o costume masculino em Paris
Na quarta-feira (18 de janeiro), a Paris Fashion Week revelou uma moda masculina que se está a renovar francamente. No segundo dia de desfiles, as maisons de moda apostaram em cortes e jogos de construção, como Bianca Saunders e Hed Mayner, que, para a estação de outono-inverno 2023/24, revisitaram em profundidade a alfaiataria numa versão ultra contemporânea.
Exibindo algumas temporadas na Cidade Luz, a estilista britânica de origem jamaicana consolidou-se como uma das mais interessantes estilistas do momento, relendo com talento os códigos da moda masculina através de um guarda-roupa que se adapta tanto ao homem quanto ao mulher.
A um canto, um pequeno bar, com o seu balcão de madeira azul sobre o qual as modelos se apoiam de vez em quando. Música jamaicana, gargalhadas… O local exala de imediato um ambiente descontraído, atravessado pelo passo despreocupado de homens e mulheres elegantes. Sob uma aparência clássica, os seus fatos, trench coats e camisas são revelados sob uma nova luz, reconstruídos com um toque contemporâneo.
Desprovidas de botões, as peças com mangas são fechadas assimetricamente por um painel de tecido dobrado em triângulo na frente, e vincado como a aba de um envelope. Alguns blusões de flanela cinza muito tradicionais assumem a aparência de tops. Mesmo as malhas volumosas aconchegantes apresentam uma frente dobrada, dando uma nova dinâmica à silhueta. Noutros looks, um blusão não tem gola, mas mantém as suas lapelas, ou a lapela de uma capa de chuva de couro branco é dobrada na frente como uma grande fita.
Por pequenos toques, Martine Rose continua a reinterpretar, fazendo-os evoluir, os códigos do guarda-roupa masculino com precisão, curiosidade e delicadeza. Nesta estação, está a trabalhar com impressões ou fotos difusas. Oferece também looks totais, calças, camisa, gabardina, corte em sedas estampadas, ou looks em jeans escurecidos, desfazendo cuidadosamente todas as costuras em fio branco, para um look mais cool.
Em Hed Mayner, o processo é quebrado. Tudo é febrilmente recortado. As peças são encurtadas com grandes golpes de tesoura como aqueles blusões com bordas cruas, ou alongadas e inchadas como calças soltas e esvoaçantes. Casacos trespassados, em flanela cinza ou smoking preto, apertam na cintura, assumindo a forma de um relógio de água.
O caban com ombros caídos é arredondado. Parkas inchadas assumem uma forma oval. A saia substitui a calça. Os casacos, que caem até aos pés, são construídos como armários. Os acessórios interpretam-se como os protagonistas num formato gigante, com os seus enormes bolsos presos ao cinto ou usados no ombro ou ainda os seus exagerados bolsos removíveis presos na parte inferior dos jeans.
O estilista israelita, que se inspira no mundo do workwear para construir o seu protetor e prático guarda-roupa unissexo, joga com os contrastes completando o seu guarda-roupa com balaclavas cor de carne e tops transparentes ou calças em tule para deslizar sob doudounes e casacos oversized para um efeito de pele nua.
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