
Helena OSORIO
12 de abr. de 2023
Bordal: fabricante de bordado da Madeira aposta em marca própria

Helena OSORIO
12 de abr. de 2023
A Bordal, fundada em 1962 no Funchal, está a apostar na sua marca própria, funcionando hoje para além de fábrica também como loja física e online, empregando 20 colaboradores nas respetivas estruturas internas, mais 20 costureiras externas e 400 bordadeiras dispersas pela Ilha da Madeira, que asseguram este trabalho manual igual ao de há centúrias.

A empresa portuguesa que se assume como "uma das principais fabricantes e exportadoras do famoso Bordado da Madeira", reinventou nos últimos anos, como o seu maior desafio, este tipo de trabalho feito habilmente à mão por bordadeiras que vivem no campo envolvidas pela intensa paisagem da ilha. Isto, com o objetivo de não encerrar a antiga fábrica e de não deixar perder a tradição, seguindo os mesmos processos rígidos de controlo e qualidade do trabalho artesanal minucioso e perfeccionista ensinado e cultivado de geração em geração.
Ergue agora o olhar mais alto com as coleções que levam a sua assinatura Bordal. Desta feita, prevê lançar a sua linha de senhora em maio próximo, seguida de outros lançamentos até ao fim do ano de 2023 de novas coleções para a mesa, cama e bebé apresentadas em Portugal e, depois, além-fronteiras "com o objetivo de colocar a marca Bordal no mapa", diz ao Dinheiro Vivo.

"Em 2013 criámos o Roteiro Histórico do Bordado Madeira", pode ler-se no site da empresa, em Bordal.pt. "Proporcionamos uma visita às várias fases do Bordado onde cada visitante poderá ver o processo de fabrico ao vivo lado a lado com a sua história", acrescenta sobre o savoir-faire local com 150 anos que tem vindo a esmorecer, sendo que as dezenas de fábricas existentes desde os anos 1950 começaram a fechar portas.
Hoje, como única fabricante, que até já chegou a colaborar em 2015 com a marca de moda francesa Chanel, a Bordal trabalha para criar peças intemporais que levem mais longe os ‘pontos’ da história do Bordado da Madeira, com cerca de 40.000 desenhos, utilizando os linhos e algodões de maior qualidade.
Também em 2017, a realizadora britânica Brenda Miller, apaixonada pela da Madeira, aí preparou um filme documentário sobre o bordado da Madeira que marcou presença no Madeira Film Festival.

A Bordal conta assim com uma vasta experiência em exportação dos seus produtos para clientes espalhados pelos quatro cantos do mundo, localizados na Europa (em especial para França, Inglaterra, Itália, Suíça), Estados Unidos e, mais recentemente, Emirados Árabes Unidos. Tudo fruto do seu investimento ao longo de 10 anos em feiras do sector particularmente nas cidades de Florença, Paris e Nova Iorque.
A sua faturação em 2022 foi de 800 mil euros, cerca de 418 mil euros entre a loja física e online, pouco mais de 26.700 euros no mercado comunitário e mais de 335 mil euros entre Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos.

A entrada nos Emirados "permitiu estabelecer relações com uma princesa árabe que encomenda frequentemente peças bordadas a ouro, mas a ideia não é procurar novos mercados de exportação", acrescenta o periódico em entrevista à mentora, Susana Vacas, que não esconde os projetos de levar a marca Bordal mais longe, divulgando igualmente a pequena empresa através das novas coleções de assinatura Bordal, uma vez que "nunca tentámos sair daqui com a nossa marca de bordado da Madeira", confessa a empresária madeirense.
Susana Vacas acredita que o ano de 2023 superará o anterior pelo caminho traçado, até porque "fazemos questão de manter o processo como há 150 anos, somos os únicos e queremos manter a tradição", acrescenta.

Como instrumento de medição orienta-se pelos primeiros três meses de 2023 que foram muito melhores ao nível de vendas do que no ano passado, registando também um aumento nas exportações. O único problema parece ser a idade das bordadeiras que não se renova e o desinteresse de jovens pela formação nesta arte centenária.
"Praticamente todas as bordadeiras que existem trabalham para nós", lembra Susana Vacas, sublinhando que a sua idade que ronda em média os 55-60 anos, em breve se tornará um "problema grave".
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