Bottega Veneta une-se ao designer Gaetano Pesce enquanto a Dolce & Gabbana se foca nos jovens talentos do Salão do Móvel de Milão
A Milano Design Week começou forte na segunda-feira (17 de abril), com ruas movimentadas, engarrafamentos e longas filas nas entradas dos inúmeros eventos espalhados pela cidade. Marcas de luxo estiveram em exibição no primeiro dia com alguns dos projetos mais interessantes, como a boutique Bottega Veneta transformada em caverna pela estrela do design Gaetano Pesce ou como as criações inovadoras de 10 talentos emergentes escolhidos a dedo pela Dolce & Gabbana.

O projeto mais disruptivo é o de Gaetano Pesce para a Bottega Veneta. Com a sua instalação intitulada "Vieni a Vedere", o escultor arquiteto e estrela do design transformou a flagship da marca de luxo do grupo Kering na prestigiosa Via Monte Napoleone em Milão numa espécie de antro pré-histórico em forma de tela enrugada, cujas cortinas se enroscam num caminho que se estreita e parece nunca acabar, como um labirinto.
O espaço original da loja é reduzido a um longo túnel tortuoso, que muda completamente a perceção do espaço. No pavimento, riscos de tinta, como riachos, indicam o caminho a seguir, enquanto que as paredes estão ora manchadas com riscos de tinta colorida, ora marcadas por traços quase invisíveis, como sombras que lembram desenhos rupestres. Quase escondidas, estatuetas de animais feitas de madeira revestida de resina branca tocam de leve os seus focinhos em todos os lugares.
No centro e no fundo do espaço estão duas bolsas desenhadas pelo artista italiano e confecionadas em couro pelas equipas da Bottega Veneta, inspiradas nas paisagens onde cresceu no Veneto, especialmente as montanhas Euganeas e nas montanhas do Colorado, outra região muito apreciada pelo designer, de onde se vê emergir um sol vermelho. Do primeiro modelo, "My Dear Mountains", em pele verde tecida, foram confecionadas 15 peças, cada uma vendida por 15.000 euros. Do segundo, "My Dear Meadows", coberto com faixas verdes como um tapete de relva, foram feitos três exemplares por 30.000 euros cada.
"É uma lembrança da minha juventude. Paralelamente, o design deve contar uma história e comunicar um futuro feito de otimismo e não do mundo terrível que nos contam", explicou o designer de 83 anos, conhecido pelo seu estilo alegre, colorido e tátil, que recebeu os visitantes neste dia de abertura com incrível entusiasmo. Não é a primeira vez que este colabora com a Bottega Veneta, dado que em setembro passado criou o cenário da coleção para a primavera-verão 2023.

Para esta edição de 2023 da Design Week, a Dolce & Gabbana lançou um projeto generoso que destaca a criatividade dos jovens, nomeado "GenD", geração do design, com o objetivo de apoiar jovens talentos criativos na área do design e do mobiliário. Sob os auspícios da curadora Federica Sala, a marca selecionou 10 designers de todo o mundo e deu-lhes carta branca para criar objetos de design que destacam as habilidades dos seus artesãos.
O resultado: nove criações originais, mas coerentes entre si, com o mesmo colorido e alegre espírito mediterrâneo e uma produção de altíssima qualidade. Das cerâmicas de cores vivas e formas exuberantes do artista sul-coreano Ahryun Lee, à estufa com vasos barrocos de terracota de Antonio Aricò que é natural da Calábria. Sem esquecer o candeeiro criado a partir dum vaso de Bradley Bowers, da sua terra natal, Nova Orleans; ou o enorme lustre colorido do americano Chris Wolston, que vive e trabalha em Medellín (Colômbia).
Além destes objetos, há vasos de animais em vidro de Murano da veneziana que vive em Londres, Lucia Massari; móveis do japonês Rio Kobayashi, que passou parte da infância na Áustria; uma cortina de miçangas de madeira da siciliana Sara Ricciardi; uma escultura da dupla libanesa Sayar & Garibeh; e, por último, tapetes e móveis do francês Malacou Lefebvre. Natural de Lyon, este homem de 30 e poucos anos abandonou a carreira no mundo das finanças há quatro anos para começar de forma artesanal. Abriu o seu "Atelier Malak" em Vaulx-en-Velin, na antiga fábrica Rhône-Poulenc em desuso.
"Sou totalmente autodidata. Comecei a fazer móveis de aço. Trabalho diretamente com o material, à mão. Para este projeto, parti da ideia de uma árvore piramidal, onde colocar objetos de culto, um banquinho e uma mesa, assim como um tapete de pele que recria a ideia do musgo em que se afunda", contou com entusiasmo.
Para fazer os seus móveis de musgo queimado com zinco fundido, trabalhou com um carpinteiro de Veneza, fornecedor da Dolce & Gabbana. Nos demais pisos, a marca apresenta as novas coleções das suas linhas de acessórios e móveis lançadas o ano passado, incluindo uma impressionante série de louças, objetos e móveis inteiramente em ouro.
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