Browns abre flagship do futuro ao lado do hotel Claridge em Londres
Poucas boutiques britânicas de moda têm tanta mística como a Browns, em Londres, que abriu numa nova localização, no número 39 da Brook Street – rua axial no exclusivo distrito central de Londres em Mayfair – com um redesenho uber inovador e restaurante sustentável.
Situada na esquina da Brook Street com a Avery Row, a nova boutique Browns está a um passo do hotel de cinco estrelas mais luxuoso da capital britânica – o Claridge.
Embora não muito maior do que a loja original na South Molton Street, o novo espaço de quatro andares e 850 metros quadrados – instalado num edifício de interesse histórico e de importância arquitectónica – oferece certamente ao cliente uma viagem radicalmente melhorada, mesmo que a mistura de marcas e designers não seja realmente diferente.
Há também um restaurante sustentável a um estilo fabuloso, chamado Native, que se estende a um jardim aberto no pátio interior, quase inédito em Mayfair, com mesas de mármore 100% reciclado e mantas de algodão reciclado feitas na Cornualha; o bar é iluminado pelo sol e revestido com pavimento de ladrilhos de pedra.
O chef de cozinha Ivan Tisdall-Downes e o diretor e cofundador Imogen Davis planeiam um restaurante de resíduos zero com uma seleção de pequenos pratos num circuito fechado, vinhos naturais e cocktails com também com desperdício zero. O seu restaurante existente com o mesmo nome, em Osea, uma ilha de maré na costa de Essex, já tem um estatuto de culto pela cozinha biodinâmica de baixa intervenção.
O novo piso térreo da Browns tem uma área em foco, concentrando-se exclusivamente em coleções cápsula; enquanto no piso de cima há uma sala imersiva, com pinturas a óleo de imperadores e centuriões romanos. A Browns convidará várias marcas e artistas para as suas exposições. A instalação de estreia é da fotógrafa britânica Juno Calypso com os seus famosos autorretratos. Como sejam obras pessoais sobre o feminino, isolamento, solidão e autossuficiência, adaptadas portanto ao atual momento pandémico.
Acrescenta-se à nova boutique Browns um canto de fragrâncias; sala de sapatos; roupa masculina; secção de joias finas; com um conselheiro de estilo e com um porteiro, sendo esta, em grande parte, uma loja de destino. Atualmente existe também uma loja Browns East em Shoreditch aberta em 2017, mas dado o provável impacto desta nova boutique, suspeita-se que mais se encontram na calha. A Browns foi adquirida em 2015 pela Farfetch do português José Neves, tornando-se o único espaço físico retalhista dentro do império desta plataforma de retalho digital de luxo em rápido crescimento.
"Estou entusiasmada por ver abrir a nossa flagship, Browns Brook Street, a dar o pontapé de saída em 2021. Existe um sentimento geral de otimismo para este novo ano e não consigo pensar numa melhor forma de honrar o nosso papel na moda de luxo nas últimas cinco décadas, bem como de dar o tom para os próximos 50 anos, colocando claramente o pé com firmeza no futuro do retalho de luxo. A nossa nova maison mágica irá inspirar os clientes, bem como dar início a uma mudança fundamental na forma como as pessoas fazem as suas compras, uma vez que a experiência ligada à técnica é a aposta num lado atencioso e humano – o que é tão crucial na paisagem atual onde a personalização pessoal e personalizada é fundamental... O espaço é verdadeiramente sensorial: visão, som, cheiro, gosto e tato, oferecendo uma experiência única em cada visita", disse Holli Brown, presidente da Browns, recentemente nomeada diretora de marca da Farfetch.
Há também um piso com o novo Club, um espaço único com três salas VIP, para compromissos e verdadeiros mimos. O que a Browns chama Residencies (ou residências), visitas para as quais convida maquilhadores e tatuadores disponíveis. Espaços Cushy chamados Jimi, depois de Hendrix, que em tempos viveu perto; Nancy (Lancaster); e Joan Dennis, depois da fundadora da Colefox & Fowler (e inicialmente cliente), que ainda mantém a sua famosa elegância na idade madura de 96 anos.
Acima de tudo, há uma mistura atraente de iluminação moderna inspirada naquela de meados do século XX; papel de parede vitoriano floral; prateleiras de aço; cadeiras Elettra (1953) com design do grupo BBPR (Gian Luigi Banfi, Ludovico Barbiano, Enrico Peressutti, Ernesto Nathan Rogers); candeeiros de néon de Eileen Gray; e corrimões clássicos dourados, à mistura com o design de cortesia do Dimore Studio.
"Este é um marco tão emocionante para a Browns e para a visão da Farfetch para o Luxury New Retail (LNR), que acreditamos ser o futuro do retalho. As nossas Farfetch Platform Solutions (FPS) e Store of the Future Teams trabalharam com a Browns para trazer à loja as mais avançadas tecnologias de retalho omnichannel da Farfetch para servir as necessidades em mudança do cliente de luxo, tanto online como neste incrível espaço físico", acrescentou o próprio José Neves, o fundador e CEO da Farfetch.
Tudo isto num edifício que dispõe de quase tanto armazenamento como a boutique.
Uma placa azul no frontispício do edifício datado de 1720 mostra que foi outrora a residência de Sir Jeffry Wyatville, um arquitecto do início do século XVIII, que concebeu elementos dos castelos de Windsor e Longleat e da Chatsworth House. Retratam-no como sendo diretamente proveniente da fundição central de Bridgerton, tendo mudado o apelido de Wyat para Wyatville, em 1824, e com a permissão do rei Jorge IV do Reino Unido, para se diferenciar dos seus parentes.
O inquilino anterior do edifício foi assim a Colefox & Fowler, influente empresa de decoração britânica que codificou o que é conhecido como o estilo da casa de campo inglesa, cuja decoradora e proprietária foi a lendária Nancy Lancaster. Numa curiosa simetria, perdeu o primeiro marido, herdeiro da fortuna da loja de departamentos Marshall Field, aquando da pandemia da gripe de 1918 – a chamada gripe espanhola – o último flagelo de saúde global a atingir o planeta antes do COVID-19. Mas já, anteriormente, passou a ser conhecida como a mulher com "o melhor gosto de qualquer pessoa no mundo".
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