Helena OSORIO
15 de mar. de 2022
Buzina e Béhen com propostas diferenciadas de reutilização na ModaLisboa
Helena OSORIO
15 de mar. de 2022
“O que quer que vista vou ser criticada, por isso mais vale vestir o que quero" (Princesa Diana), é o lema da coleção da Buzina para a estação de outono-inverno 2022/2023, que explora as mais recônditas vontades da mulher. Já a Béhen mantém-se "a bordar histórias de uma vida em cada look, continuando a explorar técnicas ancestrais numa missão de proteção dos artesãos portugueses", diz a ModaLisboa no site, sem descurar o tempo de guerra, em que Joana Duarte – a designer da marca Béhen – evoca outras guerras e gerações anteriores. Duas coleções díspares com pontos comuns como a reutilização.
A marca Buzina de Vera Fernandes usa a moda como simbolismo nesta coleção, que explora a "mulher no seu papel máximo, nos seus múltiplos refúgios, nas suas mais recônditas vontades. A princesa que só queria ser confundida no meio da multidão, um ícone que influencia o papel feminino até aos dias de hoje" diz a Associação ModaLisboa no site onde apresenta os designers e o tema exploratório das suas novas propostas.
A Buzina foi buscar o romantismo, em especial aos looks dos anos 80 ostentados pela princesa de Gales, ainda presos à sua ingenuidade e idealismo (ou sonho), que o tempo enforteceu e sofisticou. Numa paleta de vermelho, laranja, magenta, fúcsia, beterraba, pontuada de branco e amarelo ouro.
Os muitos folhos e franzidos; mangas em balão, laços ou fitas; cortes de vestidos abaixo da cintura; saias curtas, abaixo do joelho ou compridas; golas subidas ou decotes; longas calças apertadas nos tornozelos; ou grandes casacos em casulo, mostram a abertura à moda e ao design da eterna princesa, que ainda hoje inspira.
Gestos soltos pela liberdade do movimento em formas largas variadas, que tanto insinuam (e até evidenciam), como disfarçam o desenho da sensualidade no corpo feminino. Como a noblesse oblige.
Por sua vez, a Béhen foca a guerra que tem assolado várias gerações com o título sugestivo "Adeus, até ao meu Regresso", o qual ficou na memória dos portugueses por ocasião das duas primeiras guerras mundiais e guerras coloniais.
Avizinhando-se agora uma potencial terceira, porventura a ser descurada, a Béhen faz o alerta na própria coleção, que "explora a despedida na concretização do seu conceito – na esperança latente e na consciência de um fim irreversível – e não no abstratismo corrente", salienta também a ModaLisboa.
"Em cada coordenado está a história de quem partiu, de quem deixou e de quem se deixou ficar. São ondas secas e quentes que ainda abalam os alicerces de uma família despida, geração após geração, pela guerra e pela emigração. Sobre o objeto, único sobrevivente material da perda, recai o peso simbólico de um país, do amor e da esperança. Um lenço branco, a ponta de um lençol, um enxoval roubado", explica melhor a Béhen, que acaba por ressalvar o folclore dos povos russo e ucraniano, supostamente irmãos, como somos todos.
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