Carven à beira da falência
A Carven está por um triz. A marca parisiense, em concordata desde maio, contava com Emmanuel Diemoz, ex-CEO da Balmain, para apresentar ao Tribunal do Comércio de Paris um plano para sair da crise, mas quando estava perto de fechar um acordo com o acionista maioritário da marca, o grupo de Hong Kong Bluebell, o executivo decidiu finalmente abandonar o navio.

Agora, a Carven encontra-se à beira da falência. Sem a possibilidade de apresentar um plano de recuperação com os atuais acionistas ou possíveis reforços, a única alternativa da marca para evitar a falência é que um possível comprador faça uma proposta ao tribunal. Mas, não resta muito tempo - o prazo para a apresentação das ofertas de retoma termina nesta sexta-feira, 28 de setembro, à meia-noite.
O Tribunal irá oferecer uma oportunidade para melhorar as ofertas até segunda-feira, 1 de outubro, à meia-noite, antes de tomar uma decisão entre as propostas no dia 4 de outubro. Os candidatos para a aquisição deste grande nome do património da moda francesa serão conhecidos em breve, informou o gabinete do administrador judiciário, Abitbol & Rousselet.
De acordo com informações recebidas pela FashionNetwork.com, foi feita apenas uma oferta até ao momento, apesar de outros interessados se terem manifestado em julho, durante a primeira audiência. A oferta foi apresentada pela Cashtex, uma atacadista de têxteis e artigos de couro de grande porte, com base no Sentier, em Paris, e cuja família proprietária, liderada por Henry e Daniel Levy, também gere a marca de moda feminina mid-range LM Lulu e desenvolve acessórios sob licença, tais como carteiras para Jean-Louis Scherrer.
De acordo com documentos consultados pela FashionNetwork.com, a oferta propõe a aquisição das marcas, nomes comerciais, licenças e patentes da Carven, bem como os contratos de leasing, stock e funcionários, no valor de 500.010 euros. A Cashtex pretende "relançar a marca a partir de uma organização simplificada, mais administrável”. A empresa pretende manter 50 funcionários e reclassificar outros 39, e prevê uma receita de 15 milhões de euros no primeiro ano de atividade, alcançando 20 milhões de euros dois anos depois, permanecendo rentável.
A última receita da Carven foi de 21,5 milhões de euros em 2017, mas a sua dívida somou 5,5 milhões de euros. Por altura do último censo da marca, em 2017, esta empregava 103 pessoas, uma equipa que já terá sido reduzida.
A Carven, uma marca moda francesa tradicional, foi fundada em 1945 por Carmen Tommaso, também conhecida como Marie-Louise Carven. A maison de alta costura teve várias décadas de sucesso, antes de passar por uma recessão nos anos 80 e 90. Desde então, passou por muitas mudanças na sua gestão e direção criativa até 2008, quando um dos licenciados assumiu a marca, sob a liderança de Henri Sebaoun. A Carven desfrutou então de um período próspero, graças ao reposicionamento da marca para um segmento premium menos luxuoso e mais acessível e à direção criativa de Guillaume Henry. Em 2016, passou a ser controlada pela sua parceira de distribuição na Ásia, a Bluebell.
Dois anos depois, a maison aguarda hoje com urgência um esclarecimento sobre o seu futuro, e o tribunal espera uma oferta sólida que evitará a falência da empresa nascida há 73 anos.
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