Centenária Couto prevê crescimento de 10% na faturação de 2023

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Helena OSORIO

Publicado em
8 de mai. de 2023

A marca centenária Couto (desde 1918), sedeada em Vila Nova de Gaia, com uma loja física no centro do Porto, produz mensalmente 50 mil bisnagas da sua famosa Pasta Couto, como seja 83,5% do volume de vendas em 2022, o que leva a prever um crescimento de 10% na faturação do corrente ano. Entretanto, após a euforia, a Couto SA dá a triste notícia de que o seu administrador Alberto Gomes da Silva, sobrinho do fundador que lhe sucedeu após a morte em 1974, acaba de falecer aos 85 anos, no domingo (7 de maio), estando já em recuperação após sucessivos AVCs no último ano.

Segundo Alexandra Matos, diretora comercial e atual CEO da empresa, em 2023, a Couto SA levou um golpe de 11% na faturação pela descontinuação de alguns dos seus produtos da linha comemorativa dos 100 anos, e pela inflação ocasionada pela guerra de invasão ilegal russa à Ucrânia. Mesmo assim, inclusive em tempos de pandemia, a sua faturação manteve-se no patamar de um milhão de euros com a previsão de "uma subida de 10% este ano, face a 2022", explica ao Dinheiro Vivo.

O rebranding e a criação de novos produtos da marca tiveram lugar em 2016, depois de Alexandra Matos casar com o administrador herdeiro, Alberto Gomes da Silva, que se mostrou recetivo às suas novas ideias, as quais salvaram a empresa duma venda já antes anunciada. Tudo aconteceu com o apoio de Cláudia França, por sua vez diretora técnica da Couto SA, destaca também.

Hoje, integram o portefólio da Couto SA um sem fim de cremes, elixires, colónias e coffrets (entre outros acessórios) – sem esquecer o Gel Desinfetante de Mãos Couto lançado em 2020 e a Pasta Dentífrica Couto com Fluor, em 2022 – muito para além da famosa Pasta Dentífrica Couto e do Restaurador Olex que também dispensa apresentações. "O foco foi sempre não perder a identidade de marca", mantendo até o tradicional azulejo português na imagem de todos os novos produtos.

Seguidamente, o casal administrador apostou na abertura da sua primeira e única loja física no Porto, assim como da loja online. O mais recente grande investimento passou pela modernização da unidade fabril, em máquinas que excederam meio de milhão de euros, o que vai "fazer face à procura", que tem estado a aumentar", diz ainda a viúva de Gomes da Silva, acrescentando que "desde 2021, vendemos 1,5 milhões de bisnagas".

A Couto SA, inicialmente denominada Flôres e Couto, muda de nome em 1932, quando "passa a ser da exclusiva responsabilidade de Alberto Ferreira do Couto", que "criou, com a colaboração de um amigo dentista, a 'Pasta Medicinal Couto' com o objetivo de combater os problemas nas gengivas que eram provocados pela sífilis", pode ler-se no site, em Couto.pt.

Este produto torna-se o mais conhecido da empresa, devido ao seu design original e "famosa embalagem retro que deixaram marca na sociedade portuguesa do século XX", nomeadamente através "do famoso spot de televisão e dos originais anúncios", acrescenta o site da loja online lançada em 2020, no âmbito das comemorações do 102.º aniversário da Couto e 2.º da sua loja do Porto na emblemática rua de Cedofeita. 

A família Couto mantém-se à frente da empresa, estando até então nas mãos do administrador da Couto SA e presidente da Fundação Couto, Alberto Gomes da Silva, que acaba de falecer após 49 anos de amor e dedicação ao legado.

"O espírito trabalhador, o seu carácter visionário e dedicado, juntamente com o seu sentido de ética estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida. Em 1958, começa a trabalhar com o seu tio Alberto Ferreira do Couto na, então denominada 'Farmácia Couto', aprenderam o ofício pela prática, desempenhando diversas funções na fábrica desde as mais funcionais às mais técnicas", publica a empresa centenária na sua conta de Facebook,
sem para já adiantar eventuais mudanças ao nível do quadro executivo e administrativo da Couto.

"Um homem apaixonado, Alberto Gomes da Silva tinha como mote 'descobrir a vida por entre sorrisos' e esse foi o fio condutor da sua vida, tendo dedicado muito do seu tempo à obra que foi um dos seus grandes amores: a Fundação Couto", recorda ainda a Couto SA, no Facebook, onde transmite condolências à família "e, muito em especial, à sua esposa, Maria Alexandra Gomes da Silva, manifestamos o nosso profundo pesar", assim como informa que o velório decorre na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto, e que o funeral acontece na terça-feira (9), pelas 10h15.