Chanel N.°5: do perfume à joalharia, um século de criações

O Chanel N.°5 lançado em 1921 marca um século de sucesso de um dos perfumes simbólicos da histórica maison francesa (ou o mais). Por ocasião da comemoração do seu centenário, a Chanel assinou uma coleção de alta joalharia com 120 peças, esculpidas sob a direção criativa de Patrice Leguéreau: anéis, brincos, alfinetes e pulseiras feitos de ouro branco e amarelo, pérolas e diamantes, cristais de rocha, topázio e safiras amarelas.

Patrice Leguéreau, diretor do estúdio Chanel de Criação de Alta Joalharia, comentou nos canais sociais da maison: "Não queria apenas evocar a fragrância, mas também escrever a história do N°5 em Alta Joalharia". Assim, Leguéreau criou um colar, recorrendo aos códigos distintivos do frasco N°5, colocando-o no centro da peça com um diamante de 55,55 quilates.

"Gotas evocadoras de perfume, quatro diamantes DFL Tipo IIa – pesando um total de 12,47 quilates – rodeiam um diamante cortado em pêra de 8,36 quilates. O fecho, com a forma do número cinco, presta homenagem ao número preferido de Gabrielle Chanel", acrescentou a marca no post da sua conta de Facebook.

No ato criativo, a fragrância icónica foi dividida em cinco motivos atemporais: o frasco, a tampa, o número, as flores, e as notas da fragrância, que se fundem nesta nova coleção coroada pelo referido colar, que leva as características principais do N.º5.

Este colar é a joia da coroa da Collection N.°5, e não será posto à venda, passando a fazer parte do espólio patrimonial da maison de moda, sedeada no número 19 da Rue Cambon em Paris.

Na origem do perfume (parece que, a conselho de um dos seus amantes, o grão-duque Dmitri Pavlovich Romanov), Coco Chanel contactou com o melhor dos criativos do setor para conceber a nova fragrância – o perfumista francês nascido na Rússia, Ernest Beaux. E alertou: "Não quero uma essência impregnada de rosas e lírios do vale". O Chanel Nº 5 foi na altura um perfume sintético, composto por mais de 65 substâncias, incluindo rosas, jasmins de Grasse, sândalo, flores raras do oriente, pau-rosa, entre outros.

Beaux foi também o responsável pela criação do famoso frasco com o design inovador Art Déco, que se mantém contemporâneo, agora na coleção permanente do MoMA, fundado em Nova Iorque na mesma década, em 1929.

Neste período de cinco anos de namoro com o grão-duque russo exilado, Coco Chanel conheceu muitos artistas importantes, como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta garbo, passando a vestir as grandes atrizes de Hollywood. E, assim, para além das coleções de moda, passou a desenvolver perfumes com sua marca, sendo o N.º5 de 1921 o mais famoso de sempre e o primeiro a ser vendido em massa sob o nome de um estilista.

O Chanel N.º5 transformou Coco Chanel numa celebridade internacional logo em 1921 quando esta convidou alguns amigos para jantarem em Cannes e espalhou o seu novo perfume pela sala do restaurante, atraindo todas as mulheres que passavam pela sua mesa.

O nome deve-se ao facto de ter sido a quinta fragrância que lhe foi apresentada para escolha, e porque o 5 era o seu número de sorte (representativo de mudança). Depois do N.º5 veio o N.º17, mas não teve o mesmo êxito.

Viajando no tempo, todos estes episódios decorreram nos anos 20, depois de Coco Chanel ter tido um relacionamento de sete anos com o compositor Ígor Stravinski (casado e pai de quatro filhos). Apaixonou-se pelo jovem grão-duque, neto do czar Alexandre II da Rússia e primo do czar Nicolau II, que havia fugido do seu país após a Revolução Russa.

Namoraram cinco anos, sendo Chanel a sua amante mais famosa e Natasha Sheremetyev (mulher do primo Miguel Alexandrovich, irmão mais novo do czar), a mais escandalosa. Mas foi o romance com outro homem, com o príncipe consorte Félix Yussupov (casado com a princesa Irina Alexandrovna, sobrinha do czar), que mudou o curso da sua vida, dando-lhe um lugar na história, por matar com o amante o místico camponês siberiano, Gregório Rasputine, que dizia conseguir curar o filho do czar Nicolau II, que sofria de hemofilia.

Curiosidades históricas que servem também para dizer que, Ernest Beaux foi o criador de perfume Rallet 1, usado pelos membros da família Romanov, e oferecido pelo grão-duque à estilista, a qual encomendou ao perfumista uma nova versão do mesmo.

(Com IGN)

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