Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
10 de out. de 2019
Tempo de leitura
4 Minutos
Download
Fazer download do artigo
Imprimir
Text size

Chanel apresenta 19M, a sua nova sede do Métiers d’Art

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
10 de out. de 2019

A Chanel revelou a estrutura do seu novo edifício 19M, no nordeste de Paris, que agrupará todos os negócios do Métiers d'Art numa única constelação do savoir-faire francês.


Uma representação do edifício da ChanelChanel - Chanel


Num gesto simbólico para içar a bandeira, Bruno Pavlovsky, presidente da Chanel Fashion e presidente da Chanel SAS, apresentou a 19M na segunda feira, numa noite húmida e com muito vento, a cerca de 100 pessoas: editores, políticos locais, artesãos e artistas locais.
 
O edifício triangular de 25 mil metros quadrados agrupará uma coleção insubstituível de empresas especializadas, algumas datadas de meados do século XIX, fornecedores especializados em bordados, plumas, tecidos plissados, pérolas, botas e luvas, além de alta costura e casas de pronto-a-vestir de gama alta.

“Há um ano, lançámos a primeira pedra, símbolo de uma longa história de amor entre a Chanel e todos estes grandes artesãos. Por que lhe chamámos 19M? M é de Métiers d'Art, M de moda, M de mão e M de maison e manufatura, mostrando a nossa união absoluta com estes artesãos. E 19 porque estamos no 19.º arrondissement e porque é o dia em que Gabrielle Chanel nasceu”, explicou Pavlovsky.
 
Quando for inaugurada, dentro de um ano, a 19M acolherá cerca de 600 funcionários, reunindo 10 das casas especializadas da divisão Paraffection da Chanel, que totaliza cerca de 25 empresas diferentes. Entre estas estão a Lesage Intérieurs e a sua escola de artes do bordado, o atelier Montex e o MTX, o seu departamento de decoração, o sapateiro Massaro, o especialista em plumas e flores Lemarié, o chapeleiro Milliner Maison Michel, o tecelão Lognon, além do departamento criativo da Eres, a linha de swimwear do extenso grupo Chanel.


Bruno Pavlovsky no local - Fotografia: FashionNetwork.com/ Godfrey Deeny


Pavlovsky pede que a 19M seja "uma casa aberta, um local de encontro com a diversidade... Um centro nevrálgico onde artesãos, público, escolas e estudantes e amantes de arte se possam encontrar". A 19M inclui também um espaço de exposição de 1200 metros quadrados, onde se realizou esta cerimónia.
 
A nova estrutura foi construída num imenso local de 9 mil metros quadrados na Place Skanderbeg, uma rotunda sobre o anel rodoviário Périphérique de Paris, em Aubervilliers, um subúrbio no norte da cidade com um presidente da câmara comunista. A 19M foi projetada por Rudy Ricciotti, o arquiteto francês mais conhecido pelo Museu das Civilizações Europeias e do Mediterrâneo de forma cuboide, conhecido pelo trabalho de treliça em cimento armado que o rodeia.
 
Algo semelhante acontecerá na 19M, que será cercada por fios de cimento muito altos, com 24 metros de altura, evocando tecidos de luxo, o coração da moda. De propriedade privada, a Chanel recusou-se a dizer quanto custou o edifício.


Obra de Case Maclaim - Fotografia de Craig Schultz, cortesía de Chanel


“Sempre dei preferência nas minhas áreas de construção a empresas, empregos e materiais franceses. Não aos da China, Turquia ou Bangladesh. Este não é um discurso de extrema-direita, mas um discurso de um patriota que ama o seu país... No entanto, vejo este projeto como eminentemente político. A Chanel produz e defende o savoir-faire francês aqui em Paris, capital de França. É preciso lembrar que estes métiers são coisas extremamente frágeis, é difícil transmitir todos estes savoir-faires e estas habilidades a uma nova geração. É por isso que me sinto tão honrado por a Chanel me ter confiado este projeto para garantir que estes objetos milagrosos continuem a existir", disse Ricciotti num discurso apaixonado.
 
Questionado pela FashionNetwork.com sobre o motivo pelo qual a Chanel havia escolhido Ricciotti, Pavlovsky respondeu: “Porque era a ideia mais louca. Quem mais quereria cobrir o nosso edifício de tecidos? Agora a sério, a sua conceção de espaço, a sua utilização da luz e o seu sentido de como o edifício tinha que se adaptar a cada métier fizeram de Rudy uma ótima escolha.”

No final do século passado, a Chanel começou tomou consciência da necessidade de proteger estas habilidades únicas e, em 1997, criou a empresa Paraffection para albergar todas as suas marcas Métiers d´Art.


Uma representação do edifício - DR


Mas, na verdade, os vínculos da Chanel com estas marcas remontam à própria Coco Chanel. Já em 1954, esta recorreu ao especialista em ouro Goossens para desenvolver joias sofisticadas para a Chanel, enquanto, três anos depois, o fabricante de botas Massaro desenvolveu o primeiro sapato bicolor, que se tornaria um ícone clássico da Chanel. Mademoiselle Chanel recorreu à Lemarié em 1960 para desenvolver as primeiras versões em tecido da sua flor favorita, a camélia.
 
A Chanel já investiu no passado na área da classe trabalhadora no nordeste de Paris, nomeadamente num edifício existente que albergava várias das suas marcas Métiers d´Art, que no futuro vão transitar para a 19M.
 
Trata-se, certamente, de uma área que desfruta de um renascimento lento, mas constante. Em 1982, a Hermès começou a criar uma série de escritórios, incluindo os seus ateliers de couro nas proximidades, em Porte de Pantin, que também alberga uma importante galeria de Thaddaeus Ropac, o mais famoso distribuidor de arte contemporânea de França.
 
No entanto, ainda falta um ano para a conclusão da 19M. Para já, a estrutura é tão recente que as fotos do Google Maps ainda a mostram como uma área de construção gigante.

Copyright © 2024 FashionNetwork.com. Todos os direitos reservados.