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Traduzido por
Novello Dariella
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9 de dez. de 2022
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Chanel celebra artesãos de luxo em Dakar

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AFP
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
9 de dez. de 2022

Enquanto os passos firmes ​​de homens maduros vestidos de preto martelavam o silêncio, a Chanel desfilou graciosas modelos cobertas de bordados, rendas, lantejoulas e ouro, ao som de música eletrónica.


Um dos looks do desfile Métiers d'Art 2022/2023 - Chanel


A maison de moda de luxo francesa espalhou cores e materiais, na terça-feira (6 de dezembro), como uma onda na escuridão da imensa Sala dos Passos Perdidos do antigo Palácio da Justiça de Dakar. Foi a primeira vez que a Chanel viajou para África para homenagear os artesãos de moda que trabalham para a marca.
 
Para estes tempos sombrios, a diretora artística Virginie Viard trouxe a energia dos anos 70 ao misturar cores, estampas e cortes com as sempre presentes camélias em casacos longos e justos, sobre calças skinny e flare e sapatos de plataforma.

África está aqui, na ponta da península de Cabo Verde voltada para o oceano. Mama Sané, Ada no filme "Atlantique", abriu o desfile que ondulou entre as esbeltas colunas ao ritmo musical do senegalês Obree Daman e do DJ sul-africano DBN Gogo.

Personalidades como o rapper senegalês Nix e a cantora burundiana Khadja Nin marcaram presença na plateia com o rapper americano Pharrell Williams e a top model britânica Naomi Campbell.

As estrelas foram as “petites mains” da Chanel e, apesar das referências talvez discretas ao lugar, a coleção em si é uma coleção da Chanel, segundo a empresa. Mas com a pandemia de COVID-19, a Chanel teve três anos para concretizar o seu projeto Dakar, e tecer um "diálogo criativo" destinado a perdurar com a cena cultural senegalesa.
 
Desde 2002, a Chanel apresenta a coleção Métiers d'Art fora do calendário oficial de desfiles de moda, mostrando o virtuosismo de bordadeiras, especialistas em plumas, luveiros e ourives cujo savoir-faire único e frágil é usado pela Chanel há décadas.
 
O evento já viajou para Nova Iorque, Salzburgo e Xangai, mas nunca havia estado no continente africano. A escolha de Dakar foi mais uma questão de encontros fortuitos dos estilistas da empresa e da crescente influência cultural da capital senegalesa do que uma estratégia comercial voltada para África, diz Bruno Pavlovsky, presidente das atividades de moda da Chanel.

"Clientes fiéis"


 
Dakar "deu luz a talentos na vanguarda da criação artística em todos os campos (dança, música, arte contemporânea, moda, cinema, literatura, etc.) que são queridos pela maison", diz a Chanel. Quanto ao antigo tribunal, abandonado em meados dos anos 2000, é "um dos lugares mais bonitos que já tivemos a oportunidade de apresentar uma coleção", diz Viard. Durante vários anos, o estabelecimento acolheu eventos culturais, como a Bienal de Arte Contemporânea Africana.
 
O desfile Métiers d'Art 2022/2023 foi o ponto alto de um programa de três dias apresentado como plataforma de intercâmbio artístico. O espetáculo foi precedido por uma performance coreográfica, fruto de uma colaboração entre o artista francês Dimitri Chamblas e a École des Sables, centro de criação de Germaine Acogny ao sul de Dakar. A Chanel pediu aos alunos das escolas de cinema Kourtrajmé em Montfermeil, nos arredores de Paris, e Dakar para documentar o desfile.
 
Em janeiro de 2023, o 19M, o espaço inaugurado pela Chanel em 2021 ao norte de Paris para abrigar 11 das maisons de arte que trabalham para a Chanel, irá organizar em Dakar uma galeria ao ar livre dedicada ao artesanato de bordados e tecelagem, com o apoio do Institut Fondamental d'Afrique Noire. Em maio, os programas da galeria 19M-Dakar serão apresentados em Paris e as maisons de arte residentes da 19M abrirão as suas portas a estudantes senegaleses.

Questionado sobre a vontade de criar uma ponte comercial em África, Bruno Pavlovsky lembra que, embora ainda não tenha uma boutique de moda na região, a Chanel está presente em Dakar através de distribuidores que vendem os seus perfumes, produtos de beleza e óculos. Menciona que conta com "um certo número de clientes fiéis" no Senegal. "A longo prazo tudo é possível, mas será preciso estudar se existem condições para marcar presença neste novo mercado", conclui Pavlovsky.
 

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